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EMPREENDEDORISMO URBANO: ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA

Por:   •  20/2/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.811 Palavras (8 Páginas)  •  250 Visualizações

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EMPREENDEDORISMO

URBANO: ENTRE O

DISCURSO E A PRÁTICA

Rose Compans

São Paulo: Editora Unesp, 2005.

Juliano Pamplona Ximenes Ponte

Arquiteto e Urbanista, doutorando do IPPUR-UFRJ.

A concepção de que nossas cidades e regiões devam

competir entre si e atrair investimentos é, hoje, hegemônica.

Uma crítica a tal concepção pressupõe uma

predisposição à desconstrução de pré-noções – ao mesmo

tempo uma postura metodológica e uma abertura

ao movimento entre o concreto e o abstrato, na análise

histórica. A crítica da adoção, cada vez mais freqüente,

do Planejamento Estratégico no âmbito do Planejamento

Urbano e Regional faz parte dessa desconstrução.

No campo do Planejamento em geral, as concepções

estratégicas passaram a circular, disseminando

conceitos e fundamentando consultorias destinadas ao

aparato estatal. A crítica do Planejamento Estratégico,

por sua vez, colocou para si o desafio, ao mesmo tempo,

de empreender esforço teórico e análise aplicada

das práticas que ele sustenta. É desse duplo exercício

que foi elaborado o livro Empreendedorismo urbano, de

Rose Compans, resultante da tese de doutoramento

que recebeu o Prêmio Brasileiro “Política e Planejamento

Urbano e Regional”, da ANPUR em 2003.

Destaca-se no trabalho, em primeiro lugar, a intenção

de sistematizar o debate político e econômico

do desenvolvimento urbano recente no que tange às

novas estratégias de desenvolvimento territorial. Em

seguida, a preocupação de situar tais estratégias historicamente,

relativizando o Planejamento Estratégico

como “teoria” e “técnica” de intervenção nos sistemas

urbanos. Por fim, o esforço de aplicar a análise ao caso

do município do Rio de Janeiro, dele extraindo especificidades,

limites e possibilidades.

Contextualizando o debate, Compans sustenta

que a adoção da idéia de “governança urbana” e de

“planejamento estratégico de cidades” não exprimiria

apenas a emergência de novas técnicas de gestão urbana

e ordenamento territorial. Seria, antes, parte de uma

nova forma de modernização capitalista, baseada em

alterações na espacialidade da cidade, na redução de

riscos ao investidor privado e na eliminação dos constrangimentos

à acumulação, além de uma alteração social

da própria base produtiva.

A análise econômica é então acionada, principalmente,

a partir da escola francesa da regulação, tratando

do rearranjo espacial/locacional da produção e do

papel substancial dos chamados serviços avançados na

economia contemporânea. Apesar dos aventados efeitos

de “reestruturação” do capital, a autora contesta a

idéia de um capital totalmente “desterritorializado”,

quase etéreo, como parecem acreditar certos autores.

Haveria mesmo o reforço do papel das estruturas materiais,

físicas (tecnologias e infra-estruturas de transportes

e telecomunicações, por exemplo) na reconfiguração

dos capitais fixos dispostos no território.

Outra questão é a do papel do poder local. Considerado

por alguns como mais próximo das demandas

territoriais específicas e, ao mesmo tempo, capaz de promover

articulações políticas e intersetoriais, o poder local

torna-se quase um fetiche, sendo objeto de discursos

propositivos dos defensores do planejamento estratégico

de cidades. O poder local, nesses discursos, seria capaz

de catalisar o projeto de soerguimento socioeconômico

urbano, menos por sua capacidade de investimento e

mais por estar, espacial e culturalmente, próximo das coletividades,

captando seus anseios e evitando a ruptura

social mediante a produção de uma hegemonia articulada

entre o público e o privado, o empresariado e o

Estado, incorporando movimentos sociais e homogeneizando

demandas em direção a um projeto de cidade

coeso e virtualmente unitário, monolítico – o que

não garantiria a pluralidade dentre os contemplados.

Nesse aspecto, assistimos ao desenvolvimento de

propostas de reorganização do processo político e dos

procedimentos deliberativos no interior do poder instituído.

As

...

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