Historia da Biblioteca de Viana do Castelo
Por: vimaga • 22/12/2020 • Trabalho acadêmico • 1.293 Palavras (6 Páginas) • 199 Visualizações
Espaço Cidade e Espaço Biblioteca.
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Montagem fotográfica: Vítor Magalhães e grupo 2 de HAC, FAUP 2018/2019.
Depois da breve resenha cronológica e histórica da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, a biblioteca afirmou-se como um importante centro de manifestação cultural e as instalações tornaram-se insuficientes face à procura dos utilizadores e nem suporta a expansão e aumento do seu fundo bibliográfico. Surge então a necessidade de um novo espaço do qual a opção passa pela criação de um novo espaço de raiz, com as dimensões devidas e localizada num local que possa oferecer um grande vínculo afectivo com o público e incorporada na envolvente urbana da cidade, como que um acto de paixão contemporâneo.
Provinda da requalificação da frente ribeirinha de Viana do Castelo, projectada por Fernando Távora – Plano para a Marginal de Viana do Castelo, e incorporado no Programa Polis. O plano previa a construção duma biblioteca municipal e é encomendada ao Arquitecto Álvaro Siza Vieira. O arquitecto teve que seguir as recomendações do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, atendendo que esta tem que ter um impacto importante e localizada numa relação com a envolvente urbana na qualidade de equipamento público, possuir uma imagem bem identificada sobre o ponto de vista arquitectónico e volumétrico. Tendo, também, o edifício que ter uma grande impressão emotiva e marcante, que deve ser planeada a refletir as suas diversas funções, optimizando-a e torná-la acessível a toda a população e comunidade urbana, e, também, abastadamente ajustável para suportar novas funções e serviços ou transformá-los. Para além da leitura, outras valências importantes a biblioteca deve comportar, tais como: exposições, realização de cursos de formação, conferências, etc. Além disso, a biblioteca dá um significativo contributo para a vitalidade urbana e da zona.
Siza Vieira aplica, então a sua filosofia arquitectónica para a construção da biblioteca. Tal como ele próprio disse: “as principais características da sua obra foram ditadas pelos "condicionamentos" da própria zona onde esta foi edificada, sobretudo com “a sua relação com a paisagem belíssima, com a toalha de água (rio Lima) e com a cidade antiga". E como expressou, e bem ao aplicar o seu pensamento construtiva de edifícios contemporâneos “entre a Natureza e a frente do centro histórico, que é de grande qualidade", fez com que ele “a que tivesse sido elevado o piso público de leitura e a que se mantivesse a ligação da cidade com o rio", com o belíssimo pátio quadrado que salta à vista a emoção de relação recíproca com a reflexão do arquitecto, pois, esse alevantamento proporciona o atravessamento do edifício naquela zona onde “vai com certeza, ter muito movimento".
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Fotografia: Vítor Magalhães e grupo 2 de HAC, FAUP 2018/2019.
Neste caso Siza Vieira, perfeito conhecedor da poesia construtiva contemporânea, onde todo o poema da Biblioteca Municipal, iria de certeza chegar ao pensamento da população local, expressou, muito bem, este quase receio: “Não haver obstáculo e haver uma espécie de portal, que, neste caso, é uma porta horizontal que permite passar por baixo do edifício, entre a cidade e o rio, e ver o céu pela abertura".
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Fotografia: Vítor Magalhães e grupo 2 de HAC, FAUP 2018/2019.
A Biblioteca Municipal manifesta todos os prossupostos de uma arquitectura na qual a economia de representação dos meios é planeada com a riqueza de manifestações espaciais. A sua localização na marginal do rio Lima, as soluções espaciais técnicas e construtivas, manifestam uma simplicidade que quase só se obtém de um perfeito conhecimento e controle da complexidade no traço de Siza Vieira, como que a escrever um perfeito soneto onde o betão branco põe à vista, em simultâneo, a robustez e a delicadeza das formas, qual mensagem poética que o povo, a comunidade, vão sentir na criação arquitectónica e estabelecer a sua primorosa preocupação e respeito que o arquitecto teve pela envolvente urbana da zona. Siza Vieira, quando concebe um projecto arquitectónico, há nele uma grande particularidade de relação dos seus edifícios com as paisagens e culturas locais.
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Fotografia: Vítor Magalhães e grupo 2 de HAC, FAUP 2018/2019.
Que terá levado Siza Vieira a definir o projecto como o concebeu? Ao analisar o espaço cidade, Siza Vieira teve o cuidado com o respeito da relação entre o rio Lima e a cidade. Pois aqui parece-me uma razão a da explicação do volume do edifício. É importante haver a hipótese de atravessamento e visionamento entre a cidade e o rio, este é um desejo normal do homem. E por isso penso que ao fazer o alevantamento do edifício torna permeável a sua relação e consegue o desejado resultado. Daí que, de todas as opções tomadas por Siza, a primeira foi criar a visibilidade do Rio Lima, pelo que elevou a maior superfície, viável, de todo o edificado. Levanta o edifício do solo e consegue aqui criar uma relação visual através dos grandes vãos e cria, também, uma espécie de diálogo entre a construção e os jardins dos espaços exteriores. Por outro lado, a ligação dos volumes dá a entender que Siza quisera, com a praça criar um visionamento que parece fazer a ligação entre a biblioteca e um dos edifícios de Fernando Távora. Este espaço, uma praça, permite-me olhar serenamente o rio Lima, assim como toda a envolvente e ambiente. Além disso, ao aparentar um espaço exterior vinculado com um espaço interior, num só espaço - pátio, lembra-me o que li sobre os pátios de Siza: “Os «pátios» de Siza transformam uma tipologia antiga, mas também aludem a intermediários na história da arquitetura, como aos pátios informais de Aalto.” (Curtis,1999, pag.23).
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