Individual Livro Bretagne x Planalto
Por: Stephany Bianca • 26/11/2020 • Pesquisas Acadêmicas • 1.141 Palavras (5 Páginas) • 146 Visualizações
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Edifício Planalto (1951 – 1956)
Durante a expansão do centro antigo de São paulo, em um contexto urbano predominantemente composto por edifícios pouco ornamentados e monocromáticos, Artacho Jurado projeta com uma arquitetura singular para a década de 50, teve muitas obras que dissiparam o seu estilo irreverente e polêmico na área central da cidade. Com construções que destacavam-se na paisagem paulistana, como o Edifício Bretagne que chamou atenção pelo seu programa luxuoso e por sua altura no bairro de Higienópolis e o Edifício Planalto com seu colorido que contrastou ao seu entorno no bairro da República, possuindo uma altura e localidade de esquina que evidenciavam sua totalidade, o qual era muito bem visto de diversos pontos como o Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá e Santa Efigênia, tornando-se até um cartão-postal da cidade.
“João Artacho Jurado, [...] 1940 a 1950, período em que projetou e executou a maioria de seus edifícios, que viriam a se tornar referências urbanas nas cidades de São Paulo e Santos.”
(FRANCO, Ruy Eduard Debs, 2004)
Sendo a cor uma das características mais evidente das obras de Artacho Jurado, principalmente nesse período em questão, o elemento apresenta-se na maioria de seus projetos e é através das pastilhas coloridas – azuis, amarelas e rosas - que revestem os pilotis e fachadas no Edifício Bretagne e também do Edifício Planalto, que o arquiteto representa essa sua marca. Obras que datam o ano 1959 e 1957, respectivamente, mostram claramente a intenção de trazer para São Paulo uma arquitetura mais colorida, como era a carioca. Já no coroamento o tom escolhido foi o azul, que aparece nos cores do Bretagne e na marquise do Planalto. O topo dos edifícios contam com formas sinuosas e curvas, que se repetem em outros elementos dos projetos, como o desenho dos jardins do Bretagne - seja no paisagismo do térreo ou terraço, as curvas formam desde a piscina até os pilotis que elevam o antigo salão de chão do térreo e até as escadas apresentam formato caracol.
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A decoração que compunha fachadas e interiores formalizavam o tipo de organização estética que Jurado criava. Utilizando cobogós, sacadas ornamentadas com floreiras, elementos vazados e revestimentos coloridos. Essa maneira de projetar remetia ao movimento de Art Decó que ocorreu na Europa no início do século XX, mas que no Brasil, neste momento, apareceu com composições marcadas pelo luxo e pela modernidade.
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Mesmo com um programa rebuscado e tendo variedade na composição das plantas dos apartamentos, as fachadas apresentam uma linguagem mais contínua e linear. Para esse resultado linear, o Edifício Bretagne apresenta janelas em fita que contemplam a maior parte do prédio, com exceção de um volume frontal com janelas mais marcadas na fachada, assim como no Edifício Planalto, que tem esse estilo de aberturas mais marcado, entretanto a linearidade aparece nas varandas em balanço do prédio, que trazem a mesma fluidez. Para atingir esses efeitos nas fachadas, a estrutura, que é de concreto, está recuada em relação as vedações externas das obras.
A disposição dos volumes nos lotes se distiguem, já que no Edifício Planalto o volume, composto por três blocos de apartamentos, ocupa o lote inteiro, que está em uma esquina, tendo em seu térreo a fachada ativa com comércio. No Bretagne a disposição do volume acontece em L, criando um grande espaço no térreo que abriga o tão marcante jardim, tendo as janelas dos apartamentos voltadas para essa vista, a qual foi intencionalmente feita, já que a insolação não foi priorizada nessa decisão, pois as aberturas estão voltadas para o Sul, o que não seria ideal e comum para o uso residencial, entretanto essa formalidade está justificada devido a uma pesquisa de mercado feita pela construtora, na qual resultou com maioria dos votos nessa decisão.
“Atento aos anseios de sua clientela, Jurado, em seu primeiro estudo para o lote, chegou a uma solução que logo em seguida seria rejeitada, após consulta prévia aos possíveis compradores [...] Os condôminos preferiram olhar para o Centro da cidade a olhar para o Pacaembu. [...] Com essa opção, Jurado integra o prédio à cidade e dá a ele um jardim, com ótimo resultado formal.”
(FRANCO, Ruy Eduard Debs, 2004)[pic 4]
Com empreendimentos voltados para a classe média-alta paulistana, havia também uma intenção de suprir as necessidades dessa camada social. Para isso, os projetos contam com áreas de lazer atrativas para esse público. Com essa intenção, o térreo do Bretagne é o grande atrativo com piscina, um exuberante jardim, salão de festa, salão de chá, um piano bar, área com brinquedos para as crianças e o terraço jardim – com acesso exclusivo para os moradores que contemplam uma ampla vista do entorno – já no o Edifício Planalto, que totaliza vinte e nove pavimentos, alocou-se um enorme salão de festas, que pode ser alugado por quem não é morador, sendo um local atraente por conter uma vista panorâmica privilegiada para aquela parte do centro. Esta ideia de lucro é uma das marcas das obras do arquiteto e empresário, fazendo com que o próprio empreendimento tivesse alguma forma de renda diminuindo os custos para os moradores, resultando em mais um atrativo para as vendas das unidades habitacionais, visto que havia uma resistência deste público em morar em prédios, pois eram espaços de morar menores do que uma habitual residência de classe média alta. Contendo tais áreas de lazer diferenciadas do habitual da época, os empreendimentos agradavam o público que comprava uma área menor em metros quadrados para morar, mas poderiam desfrutar destas irreverentes áreas comuns. Para alcançar mais vendas, os dois edifícios apresentam plantas flexíveis, com apartamentos de diferentes tamanhos.
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