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Notas Sobre a estratégia discursiva do Planejamento Estratégico Urbano

Por:   •  19/9/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.052 Palavras (5 Páginas)  •  90 Visualizações

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Projeto de Urbanismo III

José Leonardo Pilegi Teixeira RA: 201257386    

Texto 1

Pátria, empresa e mercadoria. Notas sobre a estratégia discursiva do Planejamento Estratégico Urbano. VAINER, Carlos B. 

O texto analisa o conceito de competição entre cidades no contexto do planejamento estratégico urbano, explorando as implicações dessa abordagem para a transformação das cidades em espaços de negócios e produtividade. A crítica central reside na forma como essa competição pode influenciar a dinâmica urbana, afetar a cidadania e moldar a política local.

A competição entre cidades é examinada através de várias perspectivas. Alguns autores argumentam que essa competição é mais apropriada para empresas e setores industriais do que para cidades em si. Enquanto outros destacam a importância de oferecer um ambiente favorável para setores específicos prosperarem, outros ressaltam que a competição entre cidades pode, na realidade, resultar em uma transferência de recursos locais para as empresas em busca de vantagens competitivas.

A visão de Michael Porter é discutida, enfatizando a distinção entre setores de competição baseada na oferta homogênea de bens e aqueles que dependem da diferenciação. Ele sugere que, em setores de diferenciação, as empresas são as principais beneficiárias da competição, enquanto as cidades fornecem o ambiente propício para o desenvolvimento desses setores.

No entanto, a crítica central recai sobre as consequências da competição entre cidades quando essa abordagem é aplicada no planejamento estratégico urbano. O texto argumenta que, em vez de beneficiar os cidadãos, essa abordagem tende a transformá-los em consumidores de mercadorias, acionistas de empresas ou patriotas orgulhosos. Isso resulta na mercantilização do espaço público e no desaparecimento do espaço político da cidade, onde os direitos e deveres dos cidadãos são expressos e moldados.

O processo de planejamento estratégico urbano é descrito como uma transição da cidade como espaço político para a cidade como espaço de negócios. Essa transformação é fundamentada na ideia de competição e na busca por atrair investimentos e empresas. No entanto, essa abordagem resulta na abdicação do poder político em favor de líderes carismáticos e estabilidade apolítica, o que contradiz o ideal de autogoverno que foi central no projeto moderno da cidade.

O texto destaca a estratégia discursiva adotada pelos defensores do planejamento estratégico, que transformam conceitos e imagens conforme a conveniência, como forma de justificar a competição e a transformação da cidade. No entanto, também ressalta a emergência de resistência e contestação em locais onde a mercantilização é questionada e os cidadãos buscam politizar o espaço público.

Em última análise, o autor sugere que a competição entre cidades, quando adotada como principal diretriz do planejamento estratégico, pode ter implicações profundas na sociedade e na política. A transformação da cidade em espaço de negócios e produtividade pode levar à negação da cidadania e à erosão do espaço político, comprometendo os valores democráticos e a participação cidadã.

Texto 2

Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da administração urbana no capitalismo tardio. HARVEY, David.

O texto traz discussões em torno da "autonomia relativa" do estado local em relação às complexas interações da acumulação de capital. Esse debate ganhou relevância no contexto do crescimento do empresariamento na administração urbana, levantando questões intrigantes sobre a extensão da autonomia do poder local. No entanto, essa noção de empresariamento urbano não implica automaticamente que o estado local ou a administração urbana estejam irrevogavelmente vinculados aos interesses da classe capitalista.

O conceito de empresariamento urbano desafia diretamente a perspectiva marxista tradicional, que muitas vezes considera o estado local como um mero instrumento dos interesses capitalistas dominantes. Contrariando essa visão, a ideia de empresariamento sugere que ações locais podem emergir com um grau considerável de independência, embora comprometidas com os requisitos fundamentais da acumulação de capital.

A competição interurbana desempenha um papel fundamental nesse contexto. A busca por investimentos, empregos e recursos em um cenário de desemprego crescente e mudanças rápidas nas estruturas de acumulação de capital influencia significativamente as ações do estado local. A competição entre cidades e regiões cria um ambiente em que a administração urbana é motivada a adotar estratégias que maximizem seu desenvolvimento econômico em relação aos concorrentes

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