O Artigo Praça
Por: Juliaalvesf • 3/4/2019 • Artigo • 3.143 Palavras (13 Páginas) • 163 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O projeto da Praça Espaço Aquarela foi pensado e desenvolvido baseado no conceito proposto e nos estudos do diagnóstico da área em que o projeto está destinado. Para obter uma melhor eficiência do projeto, foi realizado nesse diagnóstico, análises e pesquisas sobre o contexto histórico da área e a cultura do bairro. Também foram levantados os aspectos legais e a caracterização do entorno. E por fim, foram estudados os problemas e potencialidades existentes, podendo assim construir a diretriz do projeto de forma que fosse executado um projeto que atendesse as necessidades da área.
O princípio do Projeto Aquarela é constituir um conjunto que promova a interação e a ressignificação cultural entre moradores do bairro da Levada, situado na Zona Residencial 1 (ZR – 1), tanto na forma arquitetônica quanto subjetiva, de modo a oferecer um espaço público de qualidade e de vivência harmoniosa entre a população. O projeto teria como uma das suas principais potencialidades a popularização da área, com qualidade e segurança.
O artigo foi estruturado iniciando-se com a definição da proposta de trabalho, a fim de se fazer compreender qual o seu propósito e suas diretrizes projetuais de acordo com o local que foi definido a sua implantação. Logo então, define-se o conceito ao buscar a referência ao conceito da escola situada no mesmo terreno, com o intuito de resgatar a real simplicidade da cultura existente no local. Trazendo ainda como conceito a interação, permitindo que a formação arquitetônica promova uma interação sensível entre seus usuários.
Por fim, as ideias percursoras passam a ser materializadas e disseminadas com a escolha dos materiais e dos espaços propostos na praça. Estes foram optados não só pelas propriedades, desempenho e funcionalidade, como também pelo apreço estético e pela busca no resgate cultural do bairro. A estruturação do projeto promove acessibilidade ao espaço ao respeitar a legislação da NBR 9050, atendendo a idosos e portadores de necessidades especiais. Logo, conclui-se que os desenhos arquitetônicos relacionaram o conceito e o partido concebendo soluções que atendessem a população do bairro e do seu entorno, priorizando suas relações comunitárias e integração social com o meio urbano.
2. ESPAÇOS PÚBLICOS DE INTERAÇÃO SOCIAL
Habitações de Interesse Social são construções residenciais que tem como objetivo atender a população de baixa renda, com a função de prover o direito à moradia nas necessidades básicas da dignidade humana, através de empreendimentos habitacionais de baixo custo que estão relacionados ao desenvolvimento social, político e econômico.
A tipologia precisa estar de acordo com as qualidades de higiene e conforto para um ambiente urbano, onde sejam assegurados os direitos à saúde, lazer, transporte, educação e trabalho aos residentes. É imprescindível que as moradias estejam a par das normas, dentro dos parâmetros mínimos para atender o morador de forma cômoda e flexível, promovendo um lugar acessível e que disponibilize ambientes satisfatórios aos beneficiados. Não obstante a esses fatores, a precariedade dessas habitações é recorrente, não suprindo assim a carência habitacional, evidenciando a negligência de uma parcela já marginalizada, idosos e cadeirantes. “A exclusão territorial na cidade brasileira é mais do que a imagem da desigualdade, é uma coordenação da cidade como um todo a um urbanismo de risco.” (ROLNIK, 1997, p. 7).
A moradia digna passou a ser tratada como um direito fundamental na Constituição Cidadã, a partir daí, passa a ser uma preocupação de todo governo garantir permanência de qualidade à população. São criados programas assistenciais e de financiamento facilitado, para propiciar às famílias mais pobres o acesso à casa própria. No entanto, a despeito dos esforços governamentais, o crescimento populacional ao longo de décadas tem sido maior do que essas políticas possam suportar. Dessa maneira o que se vê é o crescimento de comunidades em locais inapropriados, com riscos à sua população e na maioria das vezes sem condições de saneamento básico.
Ao prover residências de modo financeiro mais facilitado, o governo, juntamente à indústria de construção civil, causa um efeito de conformação do morador perante a sua habitação, colocando-o em uma bolha de auto aceitação pelo simples poder de posse do imóvel, independente de sua localização e qualidade. Atrelado ao
isolamento e descontinuidade do movimento urbano desses conjuntos habitacionais, sendo construídos afastados das áreas centrais, a falta de equipamentos urbanos aumenta a inércia humana e urbanística causada pelo desprezo em relação as Habitações de Interesse Social.
A padronização gera ausência de particularidade no partido arquitetônico das residências, assim como o uso de materiais que impedem a flexibilidade do espaço, determinando o modo como as áreas da casa devem ser utilizadas e comprometendo a liberdade de adaptação do morador às suas necessidades.
Há uma falta de empatia governamental e pública. Apesar do déficit habitacional, alternativas viáveis à construção minimizadora de ambientes são existentes, mas sem serem postas em prática, pois não há compreensão do aproveitamento que poderia haver da espacialidade por partes dos habitantes, gerando uma estagnação em qualquer possível avanço e mudança na área.“A ideia de gestão da cidade enquanto um bem público comandado por ‘’democracia, transparência e procedimentos corretos nas formas de contratação’’; participação, controle e gerência na parceria Estado/sociedade; ‘’tornar o Estado um executor de políticas sociais’’; e, enfim ‘’reformar o Estado procurando descentralizá-lo, de forma a moldá-lo no sentido da construção da cidadania. ’’ (SILVA, 1994, p.9).
Além da vertente da valorização humana, a devida atenção ao projetar as Habitações de Interesse Social é de extrema importância pois aqueles que não se sentirem satisfeitos com o dimensionamento espacial oferecido podem efetuar reformas irregulares e consequentemente comprometer a integridade da obra, prejudicando sua parte estrutural e descaracterizando a unidade, levantando muros em locais indevidos, ignorando recuos e consequentemente causando efeitos urbanos que poderiam, e devem, ser evitados.
Habitar vai muito além de um teto e paredes, as lembranças e memórias afetivas começam daquele espaço, que sendo agradável à vivência possibilita um bom convívio, conforto e ergonomia.
Sendo assim, o projeto em questão
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