O Espaço Intra-Urbano
Por: Fernanda Moura • 10/9/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 2.369 Palavras (10 Páginas) • 405 Visualizações
Espaço intra-urbano – Flavio Villaça
A estrutura do espaço regional é dominada pelo deslocamento do ser humano, seja enquanto portador da mercadoria força de trabalho – como no deslocamento casa/trabalho -, seja enquanto consumidor – reprodução da força de trabalho, deslocamento casa-consumo, casa-lazer, escola, etc. Exatamente vem dai, por exemplo, o enorme poder estruturador intra-urbano das áreas comerciais e de serviços, a começar pelo próprio centro urbano. Pg 20.
As comunicações, a certa altura da história da técnica, se libertaram dos transportes. Elas dependiam – pelo menos a grandes distancias – do transporte da mensagem: transporte do jornal, transporte da carta. Foi com a invenção do telegrafo que as comunicações se libertaram então. Pg 21
A esse respeito é de se registrar que tais estudos espaciais regionais ou planetário. A esse respeito é de se registrar que tais estudos tem ignorado amplamente o fato de que, em qualquer ponto do espaço intra-urbano ou intrametropolitano, os custos da energia e das comunicações são iguais (ou apresentam diferenças desprezíveis, quando as tem), tornando esses espaços uniformes ou homogêneos do ponto de vista da disponibilidade de energia e das comunicações. Com os transportes, especialmente o de seres humanos, a questão é totalmente distinta. No tocante a eles, o espaço intra-urbano é altamente heterogêneo. Pg. 21.
Como o espaço urbano ou metropolitano não aparece, somos obrigados a concluir que o espaço que limita, que enquadra territorialmente uma metrópole, não seria – no pensamento desses autores – um espaço adequado a analise da unidade de um modelo de desenvolvimento. Ou seja, as determinações fundamentais de um modelo de desenvolvimento podem não se articular espacialmente no nível intraurbano. Pg. 22
Boddy, 1976, 1.) – “...definir um campo de economia politica urbana é argumentar que é dentro das cidades (..) que o efeito do espacial sobre o social são mais fortes e emergem como óbvios. O urbano passa então a ser definido em termos dos efeitos particulares da intensidade das interações entre social e o espacial, provocadas pela forma especifica de articulação espacial da produção, da circulação e do consumo, na formação do espaço.” Pg. 22
Harvey (1982,375) “o trabalho útil concreto produz valores de uso em determinados lugares”. Os valores de uso são também consumidos em determinados lugares. Temos então dois espaços: o dos objetos em si (produzidos ou não pelo trabalho humano) e aquele determinado pelos locais onde estes são produzidos e consumidos. Pg. 23
Com isso, temos dois tipos de espaço: os que envolvem deslocamentos – as localizações – e os que não envolvem deslocamentos – os objetos em sí. Nestes últimos, o espaço é dado por relações visuais ou por contato direto; na localização as relações se dçao através dos transportes (de produto, de energia, e de pessoas, das comunicações e da disponibilidade de infraestrutura. Pg 23.
Na pior das hipóteses, mesmo não havendo infraestrutura, uma terra jamais poderá ser considerada urbana se não for acessível – por meio de deslocamento diário de pessoas – a um contexto urbano e a um conjunto de atividades urbanas... e isso exige um sistema de transporte de passageiros. Pg. 23.
A produção dos objetos urbanos só pode ser entendida e explicada se forem consideradas suas localizações. A localização é, ela própria, também um produto do trabalho e é ela que especifica o espaço intraurbano. Esta associada ao espaço intraurbano como um todo, pois refere-se as relações entre um determinado ponto do território urbano e todos os demais. Pg. 24.
Estas referir-se-iam não apenas aos efeitos das transformações socioeconômicas sobre o espaço – que é o ramo de investigações mais frequentes e desenvolvido – mas também ao oposto, isto é, os efeitos das transformações espaciais sobre a esfera socioeconômica, muito menos frequentes. Pg 25.
Porque as mediações passam as relações entre, de um lado, a estruturação do espaço intra-urbano das diferentes cidades de um pais e, de outro, as grandes transformações sociais e econômicas experimentadas por esse pais, o grupo de países ao qual este pertence e mesmo a sociedade mundial? Pg. 27
Queiroz Ribeiro e Correa do Lago veem na promoção imobiliária o elemento de ligação entre, de um lado, as transformações macroeconômicas nacionais e, de outro, a estruturação intra-urbana. Pg. 27
“A dinâmica construtiva empresarial concentra-se e renova intensamente os núcleos urbanos, elitizando e segregando essas áreas das grandes e medias cidades, especialmente nas capitais. Pg.27
Inicialmente, convém deixar claro que é necessário estar atento para o fato de que, como acabamos de ver, variam muito os conceitos e as realidades representadas pela expressão centro urbano; é preciso, pois, cautela na interpretação desse vocabulário e também na sua utilização. Ele pode designar os chamados centros urbanos tradicionais (impropriamente chamados de históricos), como CBD dos americanos; pode designar uma área central mais ampla, como a que os urbanistas brasileiros chamam de centro-expandido”; pode ate mesmo significar cidade central, especialmente no caso das cidades americanas, que frequentemente tem área territorial pequena, tanto em termos absolutos como relativos as extensões das respectivas áreas metropolitanas; e finalmente, em analises regionais, pode significar áreas metropolitanas inteiras. Pg.30
Gottdiener abordaria de outra maneira: referir-se-ia as metrópoles poli nucleadas, reconhecendo, ou não, que um, e só um, dos centros seria o principal. Pg.31
Castells aborda transformações do espaço (renovação do meio construído) como “reestruturação” do espaço. Pode haver renovação do espaço sem necessariamente haver reestruturação. Quando, nos primeiros vinte anos deste século, o quadro imobiliário do centro de nossas cidades foi totalmente renovado com a demolição do colonial e a implantação do neoclássico e do ecletismo, não houve alteração na estrutura urbana, pós esses centros não perderam sua importância, sua posição, sua natureza, nem localização. No entanto, houve uma transformação do espaço urbano e intensa atividade imobiliária. (...) há alteração do espaço construído, mas não há alteração na estrutura urbana, uma vez que tais bairros mantem sua natureza, classe social, localização enquanto elementos da estrutura espacial urbana. Pg. 33
Assim, a alta hierarquia e o dinamismo econômico-imobiliário não implicam necessariamente que o centro urbano se renovará. Pg. 33
Qual a relação entre as transformações ocorridas nos centros de nossas cidades – tradicionais ou expandidos- e o desenvolvimento e influencia dessas mesmas cidades, seja no nível regional, do mercosul ou internacionalmente? Pg. 33
O primeiro equivoco está em admitir-se a priori a existência de uma correlação direta entre as etapas dos processos globais do desenvolvimento – do processo de industrialização, crescimento econômico, imigração europeia, etc. – dos respectivos países. Pg. 34
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