O PAPEL DA BIBLIOTECA E SUAS EXPECTATIVAS DE EVOLUÇÃO
Por: Leticia Reis • 19/9/2018 • Trabalho acadêmico • 4.152 Palavras (17 Páginas) • 190 Visualizações
O papel da biblioteca e suas expectativas de evolução
The role of the Library and its expectations of evolution
Brasileiro, Juliane1; Fortes, Hugo2; Reis, Leticia3; Teixeira, Adélia4; Torres, Ana Carolina5.
Agostini, Flávio6; Peixoto, Maria Virgínia7 (Orientadores)
Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG
1julianebrasileiro@hotmail.com; 2hugoforts@hotmail.com; 3leticiagreis@live.com; 4adeliateixeira1@hotmail.com; 5actorres95@hotmail.com; 6flavio.mourao@prof.unibh.br; 7mvirginia.unibh@gmail.com
Resumo: A biblioteca acompanha a humanidade desde que o homem aprendeu a perpetuar seus conhecimentos através da escrita. Sua função e seu uso acompanharam a História e seus acontecimentos; por exemplo, na Idade Antiga era símbolo de poder e cobiça; na Idade Média, era um tesouro escondido; mais tarde com o Iluminismo e a Revolução Francesa, tornou-se símbolo de democracia e igualdade. Atualmente, as bibliotecas vêm se abrindo para novas mídias e atividades, nas chamadas Bibliotecas Parque. A partir dessa evolução, pretende-se apresentar um estudo utópico do futuro da biblioteca, usando a opinião de pessoas entrevistadas para criar uma previsão mais precisa.
Palavras-chave: História das Bibliotecas, Biblioteca do Futuro
Abstract: The library has been accompanying humankind since man learned to perpetuate his knowledge through writing. Its function and its use have accompanied history and its events; For example, in the Old Age was a symbol of power and greed; In the Middle Ages, it was a hidden treasure; later with the Enlightenment and the French Revolution, became a symbol of democracy and equality. Currently, libraries are opening for new media and activities, in the so-called Libraries Park. From this evolution, it’s intended to present a utopian study of the future of the library, using the opinion of people interviewed to create a more accurate forecast.
Keywords: History of Libraries, Library of the future.
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1 Introdução
Desde os primórdios da espécie, a humanidade vem passando por um processo contínuo e inesgotável de conhecimento. A partir da invenção da escrita, a biblioteca se configurou como guardiã desse conhecimento, tendo seu significado como espelho da sociedade em seu entorno (MILANESI, 1983). Por exemplo, durante a Idade Média, a biblioteca simbolizava o poder da Igreja sobre a sociedade; durante a Revolução Francesa, a biblioteca espelhou a mudança da hierarquia social, que levou a burguesia ao poder.
No Brasil, as bibliotecas surgiram mais tardiamente, com a colonização portuguesa e a vinda da Companhia de Jesus para as terras brasileiras. O fato mais marcante neste contexto é a vinda da Família Real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, trazendo consigo inúmeros exemplares de livros que pertenciam à Biblioteca Real e passaram a formar a Biblioteca Nacional (GOMES, 2007).
Atualmente, com a definição de biblioteca sofrendo alterações, surge o conceito de “Biblioteca Parque”, que objetiva transcender sua antecessora, oferecendo, além do acervo tradicional, experiências em mídias digitais e atividades culturais diversas (IDOETA, 2013). No Brasil, esta experiência foi implantada, contudo de forma mais modesta, e mesmo após seu funcionamento, vem sofrendo com a crise política e econômica do estado do Rio de Janeiro, onde esses projetos foram inseridos (PAULA, 2016).
A partir do estudo histórico das bibliotecas, apresenta-se um estudo sobre a opinião de indivíduos de vários perfis sobre a biblioteca atual e seus pensamentos sobre a “Biblioteca do Futuro”, que serão discorridos na forma de um consenso, detectando os pontos comuns e transformando-os em uma opinião única.
2 Revisão da Literatura
2.1 Breve Contexto Histórico
A história da biblioteca remete à história do registro do conhecimento, sendo assim impossível desvinculá-lo de um contexto mais amplo: a história da humanidade (MILANESI, 1983). A invenção da escrita fez com que a documentação e catalogação fossem imprescindíveis, para que o conhecimento não fosse dispersado. Com o aumento do número de documentos, foi necessária a evolução das formas de catalogação dos exemplares, de modo que os mesmos se tornem de fácil acesso e manuseio.
As bibliotecas mais primitivas, construídas pelos babilônios e sumérios por volta do século VII a.C., possuíam exemplares escritos em placas de argila (MORIGI; SOUTO, 2005). Seu manuseio era difícil pelo peso das placas. Deste período, a Biblioteca de Alexandria é a mais importante, que possuía mais de 500 mil volumes em seu acervo (SERRAI, 1975 apud SCHREIBER, 1975); a mesma possuía um gigantesco acervo que despertava a concorrência da Biblioteca de Pérgamo, que também é deste período, e até das bibliotecas gregas e romanas.
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Imagem 1: Organização dos exemplares na Biblioteca de Alexandria.
Fonte: MegaArtigos
Sobre a configuração espacial das bibliotecas antigas pouco se sabe, pois, as mesmas sofriam constantemente com furtos e até incêndios criminosos, além do fim da própria civilização, que culminou com a consequente perda de muito do conhecimento desses povos (SERRAI, 1975 apud SCHREIBER, 1975).
A invenção da folha de papiro no Egito Antigo facilitou o manuseio dos documentos, pois assim os mesmos passaram a ser muito mais leves, apesar de mais frágeis. O papiro era fornecido aos gregos e ao Império Romano em grande quantidade (MILANESI, 1983). Posteriormente, o papiro foi substituído pelo pergaminho, que consiste na pele de animais tratada de forma a receber a tinta. Esta superfície podia ser cortada e encadernada, assemelhando-se à configuração atual do livro físico.
Os gregos e romanos foram os primeiros a explorar o conceito de biblioteca pública, embora o termo público ainda não significasse todas as classes da população. Roma, por exemplo, possuía 28 bibliotecas públicas no ano de 370 (MILANESI, 1983), o que pode ser considerado um grande número, uma vez que a aquisição de exemplares era muito cara.
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Imagem 2: Ilustração de uma biblioteca clássica.
Fonte: Almanaque da literatura policial.
A ascensão da Igreja Católica foi de grande contribuição para a preservação de obras literárias, porém os exemplares eram mantidos longe da população em geral (MILANESI, 1983). Os mosteiros eram os espaços onde os livros eram copiados, catalogados e armazenados; o conteúdo das obras era comumente de caráter litúrgico, mas obras pagãs também eram copiadas com o objetivo de refutar as mesmas. A ordem Beneditina possuía em suas regras a leitura de livros por parte dos monges, as obras eram emprestadas durante a quaresma e deveriam ser devolvidas no fim do ano.
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