Padrão de ocupação urbana
Por: gabriela.afonso • 30/8/2016 • Resenha • 1.488 Palavras (6 Páginas) • 354 Visualizações
URBANISMO NA REGIÃO AMAZÔNICA
A urbanização no território amazônico tem início no ano de 1540, século XVII, durante disputas entre Espanha e Portugal pelo domínio do território. Essas disputas tem início devido a descoberta de que a foz do Rio Amazonas dava acesso a uma imensa bacia hidrográfica e que por meio dela era possível chegar ao Peru e suas riquezas minerais (WEHLING apud REZENDE 2006). Após o início das empreitadas de colonização do território do vale amazônico os espanhóis chegam a conclusão de que os esforços para colonizar a região não compensariam os investimentos. Nesse período missões religiosas ibéricas na busca por colonizar o território e formam pequenas vilas ao longo da calha inundável do rio Amazonas e seus afluentes (REZENDE 2006). Após a consolidação da conquista do território por Portugal até o século XVIII são definidos os limites do território a Norte e a Oeste vigentes até hoje (OLIVEIRA, 2014).
Na segunda metade do século XIX, a exploração extensiva dos seringais leva a estruturação da malha urbana das pequenas vilas na região amazônica, que entretanto permaneceram com as mesmas funções definidas no século XVIII:
''sede das missões religiosas, representação do poder público para arrecadação de impostos, base para a circulação de produtos extrativos para exportação e internação de alimentícios básicos que vinham de lugares externos a Região e eram internalizados a partir de Belém e Manaus'' (OLIVEIRA, 2014).
Após o "boom" da borracha a região sofre um período de estagnação dando os primeiros sinais de retomada do crescimento na década de 1960, quando o governo militar põe em prática as políticas desenvolvimentistas e de integração territorial ao Nordeste e ao Centro-Sul. São definidas modificações na malha urbana da Amazônia a fim de atrair empresas nacionais e estrangeiras a incentiva o desenvolvimento de atividades agropecuárias, minerais, madeireiras e industriais na região. Para isso o estado contribui com a infraestrutura necessária construindo: estradas, portos, ferrovias, a rede de comunicação necessária a integração nacional (OLIVEIRA,2014). Assim surge uma nova espacialidade urbana na Amazônia, as cidades que não ocupam mais as margens dos rios e sim a margem das estradas.
Tipologia urbana amazônica
As novas espacialidades urbanas na Amazônia surgem em função dos novos eixos de circulação que funcionam como vetores de expansão da fronteira para a implantação dos projetos colonização
O autor Saint-Clair (2010) caracteriza em seu artigo esses dois tipos de cidades amazônicas: as ''cidades da floresta'' e as ''cidades na floresta'', sendo o primeiro tipo as ocupações pré período desenvolvimentista e a segunda pós. Estabelecendo suas diferenças e define cada um dos termos.
As ''cidades da floresta'' são pequenos aglomerados que tem forte ligação com as dinâmica da natureza, associada à circulação fluvial, estabelecendo relação com os demais aglomerados de seu entorno como vilas, povoados, comunidades. Esse ''tipo'' de cidade era o mais comum na região até a década de 1960 e são conhecidas como cidades ribeirinhas.
''As cidades ribeirinhas, dessa forma, têm fortes enraizamentos, fortes ligações socioeconômicas e culturais com a escala geográfica local e regional; enraizamentos estes que traduzem estreita relação com o rio, não simplesmente pela localização absoluta, devido ao fato de estarem à beira do rio, mas, e principalmente, por apresentarem uma interação funcional com esse elemento natural. São exemplos disso, a circulação fluvial, de subsistência material (fonte de recursos alimentares, uso doméstico etc.), a utilização lúdica (uso do rio para o lazer) e simbólica (a importância do rio no imaginário sociocultural). Por isso, são, a rigor: a) cidades pequenas quanto ao seu tamanho populacional e à extensão de seu formato territorial; b) localizadas às margens dos rios, e, em geral, de grandes rios, seja considerando a sua largura, seja levando em conta o volume de água e, ainda, o tamanho de seu curso fluvial, sendo este, inclusive, um importante atributo fisiográfico a ser considerado; c) tradicionais, no sentido do ordenamento espacial do conjunto espacial onde se inserem, do padrão de seu ordenamento intra-urbano, da produção econômica e das relações socioculturais locais e regionais.'' Saint-Clair et al. (2008)
A partir dessa definição de Saint-Clair é possível compreender que o modelo de ocupação está diretamente ligado ao eixo de circulação, fonte de subexistência e lazer que o rio trás a essa população. A partir dessas definições é possível elencar três cidades com essas características:
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Imagem XXXX: Exemplos de ''cidades da floresta'' (a) Codajás, (b) Vila do Careiro e (c) Urucará, Amazonas. Fonte: Google Earth.
As imagens mostram claramente como esses núcleos urbanos são organizados às margens dos rios e apresentam pequenas dimensões. Essas podem ser exemplos de manchas urbanas que mantiveram características de ocupação anterior aos anos 1970.
Em contraponto, as ''cidades na floresta'' tem maiores dimensões e mantém relações com áreas externas a sua região, tendo assim pouca integração com a natureza que a cerca, sendo esta vista como espaço de exploração econômica de madeira, minérios, animais e turismo. Não são voltadas para o aspecto interno e são voltadas a uma realidade macrorregional. Tal aspecto se confirma quando tais cidades se tornam bases logísticas para relações econômicas entre regiões. essas também podem ser compreendidas como cidades empresas que podem ser instaladas para dar apoio a grandes projetos econômicos atendendo a grande demanda do mercado externo.
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Imagem XXXX: Exemplos de ''cidades na floresta'' (a) Manaus, (b) Presidente Figueiredo e (c) Manacapurú, Amazonas. Fonte: Google Earth.
As imagens mostram núcleos urbanos que a partir dos anos 1970 adotam nos eixos de circulação, as rodovias, como novos vetores de expansão.
Vicente del Rio define morfologia urbana da seguinte forma ''A Morfologia Urbana [...] estuda, o tecido urbano e seus elementos construídos formadores através de sua evolução, transformações, inter-relações e dos processos sociais que os geraram''.
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