Paris, capital do século XIX – Walter Benjamin
Por: Aurora Valentina • 16/9/2021 • Resenha • 332 Palavras (2 Páginas) • 216 Visualizações
Desde o século xv até o presente, a arquitetura se manteve sob a influência de três “ ficções” . A despeito da aparente sucessão dos estilos arquitetônicos, cada um com a sua
designação própria - classicismo, neoclassicismo, romantismo, modernismo, pós-modernismo e assim por diante -, essas três ficções persistiram, de uma forma ou de outra,
durante cinco séculos. São elas: a representação, a razão e a h is tó riaCada uma destas
ficções era dotada de um propósito subjacente: a representação devia materializar a
ideia de significado; a razão devia codificar a ideia de verdade; a história devia resgatar
a ideia de eternidade a partir da ideia de mudança. A persistência dessas categorias no
tempo obriga a considerar esse longo período como a manifestação de uma continuidade no pensamento arquitetónico. Refiro-me a essa forma persistente de pensamento
como o clássico [the classical].1
Somente agora que chegamos ao fim do século xx podemos apreender o clássico
como um sistema abstrato de relações. A razão desse reconhecimento recente é que
a arquitetura do início do século xx passou a ser vista como parte da história. Por
isso, hoje é possível perceber que a arquitetura “moderna” , apesar de estilisticamente
diferente das arquiteturas anteriores, ostenta um sistema de relações semelhante ao
clássico.3 Até então, ou se entendia o “clássico” [classical] como sinônimo da “arquitetura” nos termos de uma longa tradição que provinha da Antiguidade, ou, a partir
de meados do século xix, como um estilo historicizado. Hoje podemos considerar o
período de tempo dominado pelo clássico como uma “episteme” , para usar o conceito de Foucault - um período ininterrupto na história do conhecimento que inclui
o início do século x x .4 Apesar da proclamada ruptura, na ideologia e no estilo, associada ao movimento moderno, as três ficções jamais foram questionadas e, desse modo, permaneceram intactas. Isso quer dizer que, desde meados do século xv, a arquitetura pretendeu ser um paradigma do clássico, ou seja, daquilo que é intemporal, significativo e verdadeiro. Na medida em que a arquitetura tenta recuperar o que éclássico [classic], pode ser chamada de “clássica” [classical].*
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