REQUALIFICAÇÃO DOS CENTROS URBANOS: ESTUDO DE CASO DE CURITIBA
Por: Brunna Souza • 25/9/2015 • Artigo • 3.420 Palavras (14 Páginas) • 838 Visualizações
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Campus Curitiba
REQUALIFICAÇÃO DOS CENTROS URBANOS: ESTUDO DE CASO DE CURITIBA
Requalificação dos centros urbanos: estudo de caso de Curitiba
LOPES, Jonara1; RODRIGUES, Bianca2; SOUZA, Brunna3
1, 2 e 3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Estudante de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, e-mail: jonaralalb@gmail.com, bianca.mr@hotmail.com, brunna.souza@outlook.com
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Curitiba - Sede Central - Av. Sete de Setembro, 3165 - Rebouças CEP 80230-901 - Curitiba - PR - Brasil
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Resumo
O centro das cidades brasileiras historicamente foi constituído como ponto de atração para as altas classes sociais, estas preferiam localizar-se próximas ao centro por questão de economia de tempo. Esse fato durante algumas décadas vem mudando. No caso de Curitiba, as altas classes mudaram-se principalmente para regiões a oeste/sudoeste e nordeste do Centro, localizadas próximas aos Setores Estruturais da cidade, locais onde as construtoras puderam construir edifícios de alto padrão, diferentes dos prédios antigos e defasados do Centro. Devido a esse abandono da população para os bairros, o Centro de Curitiba vem cada vez mais se deteriorando.
Com base nisso, este artigo objetiva entender o processo de transformação do centro urbano da cidade de Curitiba e discutir as revitalizações ocorridas e propostas para a área central da cidade. Para conseguir chegar a tal resultado, analisou-se as atividades centrais, o uso dos solos e as políticas de revitalização.
O resultado encontrado para esta pesquisa é que o centro da cidade está, de fato, sofrendo com vacância imobiliária e deterioração. Contudo, o bairro continua a exercer um papel muito importante quanto às atividades econômicas, sendo um dos bairros com mais escritórios comerciais e prestação de serviços. Por isso, foram propostas diversas estratégias teóricas possíveis para que o centro urbano seja utilizado de forma mais adequada, pôde-se notar que a conciliação para se chegar a uma solução está longe de ser alcançada.
Palavras chave: Arquitetura e Urbanismo, centros urbanos, Curitiba, requalificação, urbanismo.
1.Introdução
A degradação das áreas urbanas centrais tem sido um fenômeno recorrente em cidades de grande e médio porte. Fato restrito a países desenvolvidos, a partir dos anos 70, tornou-se familiar no espaço urbano brasileiro. A principal causa desse fenômeno é a desigualdade espacial, de poder político e econômico da população a ela associada (VILLAÇA, 2012). Essa desigualdade segrega o espaço urbano, entre as camadas sociais de alta e baixa renda, e impulsiona a ruptura do centro tradicional, antes tido como o ponto estratégico de concentração de serviços, escritórios e comércios. Com o enfraquecimento do centro principal houve o surgimento dos subcentros, ou “centros novos”.
A desvalorização do centro está atrelada à especulação imobiliária, já que esta procura responder aos interesses do mercado por novos produtos. Os bairros nobres que surgiram foram dotados de infraestrutura, comércios, serviços, lazer e segurança de alto padrão, e por áreas cuja imagem indica uma simbologia de atualidade e de inovação (FRÚGOLI JÚNIOR, 2006). Já o poder público também define onde serão as novas áreas nobres da cidade, redirecionando recursos. Desse modo, pode-se entender que o Estado prioriza satisfazer os interesses do mercado imobiliário.
O agente público que deveria coibir um movimento de esvaziamento de áreas centrais estranhamente reforça o caminho seguido do mercado imobiliário. O fato de as áreas centrais contarem com localização privilegiada servida de importante nódulo de transporte coletivo e por forte referencial para a atividade econômica não se faz suficiente para uma mudança de cenário (GADENS, ULTRAMARI e REZENDE, 2007)
Como consequência da degradação das áreas centrais, ocorreu o binômio formado pelo abandono da área central e a construção de periferias mal servidas. Além das consequências relativas aos aspectos econômico-financeiro, outro fator é que as áreas centrais se distinguem por sua importância histórica, artística e arquitetônica, logo a sua degradação produz efeitos negativos sobrea identidade e cultura da sociedade e da cidade como um todo (BLASCOVI, 2006).
A partir disso, este artigo aborda o processo de transformação do centro de Curitiba e discute as revitalizações ocorridas na capital paranaense, mostrando as principais tipologias desse tipo de intervenção e as críticas que estas receberam ao serem propostas. Para conseguir chegar a tal resultado, analisou-se as atividades centrais, o uso dos solos e as políticas de revitalização.
2. Análise do processo de transformação do centro urbano de Curitiba
Para conseguir compreender por que o Centro de Curitiba passa por um processo de degradação e necessita ser requalificado, se fez necessário analisar o histórico do bairro e somente assim, discutir as propostas de intervenções para a requalificação da área central da capital paranaense.
Curitiba apresentou um crescimento rápido nas primeiras décadas do século XX, o que ocasionou em um inchaço populacional no seu núcleo urbano, por volta da década de 40, o então prefeito e engenheiro Rozaldo de Mello, que governou Curitiba entre os anos de 1940 a 1943, contratou o arquiteto e urbanista francês Alfred Agache, para a elaboração de um Plano, que delinearia diretrizes para o desenvolvimento de Curitiba dentro de uma proposta de intervenção urbanística formal e funcional de ordenamento do espaço urbano. O plano ficou conhecido como Plano Agache, nele foram definidas as áreas para habitação, serviços, indústrias e reestruturação viária na cidade, assim como as diretrizes e normas técnicas para distribuir a expansão de Curitiba, propondo sua divisão em zonas específicas (SOUZA CARVALHO, 2008).
O Plano Agache, consistia em um sistema radial de vias ao redor do centro, como mostrado abaixo nas Figuras 1 e 2. Desse plano permaneceram até hoje as avenidas, Visconde de Guarapuava, Sete de Setembro e Marechal Floriano Peixoto. Este plano orientou as autoridades municipais até 1958, quando foi
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