RESENHA E DISCUÇÃO DO FILME “MON ONCLE” (MEU TIO) DE JAQUES TATI
Por: romeu2910 • 21/5/2017 • Resenha • 564 Palavras (3 Páginas) • 1.227 Visualizações
[pic 1] | Universidade do Oeste Paulista ARQUITETURA E URBANISMO |
RESENHA E DISCUÇÃO DO FILME “MON ONCLE” (MEU TIO) DE JAQUES TATI
ROMEU SOUSA OLIVEIRA
RA: 281627622
DICIPLINA: HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA III – D
ORIENTADOR: KORINA APARECIDA TEIXEIRA
O filme Meu Tio (Mon Oncle), retrata o cotidiano de uma França pós segunda guerra mundial e que se via envolta em um processo de modernização e industrialização.
O filme é uma comédia protagonizada por duas situações opostas, a da família Pichard, com sua casa moderna e dotada de utensílios tecnológicos, moveis que valorizam a estética, caminhos e ambientes estritamente determinados sem nenhum tipo de mudança ou desvio e a situação do tio que levava uma vida espontânea e com uma arquitetura espontânea sem nenhum padrão.
O filme Jacques Tati é uma crítica à chamada modernidade que invadia uma Europa em reconstrução no pós-guerra, marcada pela influência dos Estados Unidos em diversos campos, como na arquitetura, na decoração, e no próprio estilo de vida do povo francês desse período. No filme há uma nítida fronteira que se dá nas ruinas que separa a desordem da velha cidade com crianças brincando, varredor de rua que nunca consegue fazer seu serviço, o feirante que senta em um café e deixa sua barraca sozinha, não se importando para as consequências financeiras disso, a informalidade, a confusão, o canto dos pássaros, e a humanidade. Do outro lado dessa “fronteira” o mundo moderno, marcado pela impessoalidade, pelo trabalho, pela sincronia e pelo ruído das máquinas.
Tati no decorrer do filme nos dá uma série de elementos que mostram sua percepção de uma modernidade que desumaniza as pessoas.
A arquitetura moderna é retratada no filme como uma arquitetura extremamente fria, sóbria, sem vida, o que reflete as almas dessa parte da população que é retratada na família Pichard que vive sob o signo da modernidade.
Os prédios seguem todos um mesmo padrão: formas de caixotes colocados sobre vigas, feitos em concreto armado, sem pintura, na qual abundam o vidro e as vigas metálicas, pontos característicos da arquitetura moderna. Os edifícios do filme parecem ser todos iguais passando a sensação de monotonia.
Na casa da família Pichard por exemplo, ao entrar a pessoa era recebida de acordo com sua classe social, ainda no portão se nota o som da modernidade, ruídos de maquinas e objetos automáticos. Ao entrar a pessoa se depara com um típico jardim moderno marcado por suas formas geométricas, pouca vegetação e caminhos determinados pelo arquiteto, porém não é muito funcional. A casa é feita em formato de caixa, de concreto armado e cores sóbrias. Dentro da residência há um vazio, apenas moveis escolhidos de acordo com sua estética e deixando de lado sua funcionalidade, isso passa sensação de que a casa não era para ser utilizada e sim somente para ser vista.
A outra parte da cidade onde vivia o tio era marcada per suas construções velhas, cheias de cor, pessoas e sons (sons, e não ruídos), as pessoas vivem em um regime marcado pela espontaneidade e pela diversão, no qual o trabalho ocupa um lugar secundário.
O tio pode ser visto como símbolo de uma França antiga que estava perdendo lugar para uma outra França mais moderna e tecnológica.
As cenas finais mostram um profundo desalento de Tati em relação ao futuro da França, pois mostra o avanço da modernidade sobre o bairro tradicional, que é brutalmente arrancado para ceder lugar às funcionais construções em estilo arquitetônico moderno da nova França.
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