Resenha: Historia da Cidade
Por: Andre Queiroz • 13/2/2018 • Resenha • 2.628 Palavras (11 Páginas) • 332 Visualizações
Capítulo 1
O ambiente construído não passava de uma modificação superficial do ambiente natural, imenso e hostil, no qual o homem começou a mover-se, o abrigo era uma cavidade natural ou um refúgio de peles sobre uma estrutura simples de madeira. O abrigo das sociedades neolíticas não é apenas um abrigo na natureza, mas um fragmento de natureza transformado segundo um projeto humano, compreende os terrenos cultivados para produzir, e não apenas para apropriar do alimento, os abrigos dos homens e dos animais domésticos, os depósitos de alimento produzido para uma estação inteira ou para um período mais longo, os utensílios para o cultivo, a criação, a defesa, a ornamentação e o culto.
Cap2
A aldeia passa a ser cidade no momento que as indústrias e os serviços não são mais executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que já não tem essa obrigação. Assim nasce o contraste entre dois grupos dominantes. Enquanto as indústrias e os serviços se desenvolvem através da especialização a produção agrícola cresce utilizando estes serviços e instrumentos. A sociedade se torna capaz de evoluir e planejar a sua evolução. A cidade, centro motor da evolução, se transforma numa velocidade muito maior do que a aldeia e mostra mudanças muito profundas da composição e das atividades da classe dominante, que influi sobre toda a sociedade. A revolução urbana começa no crescente e fértil onde é coberto com uma vegetação rala e desigual. A planície é fértil, mas só consegue ser cultivada por onde passa ou pode ser conduzida a água. Os rios, os mares e o terreno aberto às comunicações favorecem as trocas de mercadorias e notícias; os céus, quase sempre serenos, permitem ver, à noite, os movimentos regulares dos astros e facilitam a medição do tempo. Foi neste local que algumas sociedades neolíticas encontraram um ambiente capaz que produzir recursos muito mais abundantes. Com o cultivo de cereais e árvores frutíferas, e parte dos viveres sendo acumulada para trocas comerciais, uma nova economia surge: o aumento da produção agrícola, a concentração do excedente nas cidades e ainda o aumento de população e de produtos, garantido pelo domínio da cidade sobre o campo. Na Mesopotâmia, o excedente se concentra nas mãos dos governantes da cidade; que nessa qualidade recebem os rendimentos de parte das terras comuns, a maior parte dos despojos de guerra e administram essas riquezas acumulando as provisões alimentares para toda a população, fabricando ou importando os utensílios de pedra e metal para o trabalho e para a guerra, registrando as informações e os números que dirigem a vida da comunidade. Essa organização deixa seus sinais no terreno: os canais que distribuem a água e permitem transportar para toda a parte os produtos e as matérias primas; os muros circundantes que individualizam a área da cidade e a defendem do inimigo; os armazéns, com sua provisão de tabuinhas escritas em caracteres cuneiformes; os templos dos deuses, que se erguem sobre o nível uniforme da planície com seus terraços e as pirâmides em degraus. Essas obras e casas em comum são construídas de tijolos e de argila. O tempo faz com que elas desmoronem e sejam incorporadas novamente ao terreno, e dessa forma conserva, camada por camada, os vestígios dos artefatos construídos em cada período histórico. Até meados do III milênio, as cidades da mesopotâmia formam outros estados independentes, que lutam entre si para repartir a planície irrigada pelos dois rios. Estes conflitos limitam o desenvolvimento econômico e só terminam quando o chefe de uma cidade adquire tal poder que impõe seu domínio sobre toda a região. O primeiro fundador de um império estável é Sargão de Acad; mais tarde, sua tentativa é repetida pelos reis sumérios de Ur, por Hamurábi da Babilônia, pelos reis assírios e persas. As consequências físicas de seus empreendimentos são: A fundação de cidades residências que tem o castelo, em vez do templo, como estrutura dominante (a cidade-palácio de Sargão II nos arredores de Nínive e, mais tarde, os palácios- cidade dos reis persas, Pasárgada e Persépolis) e a ampliação de algumas cidades, que se tornam capitais de um império, onde se concentram não só o poder politico, mas também os tráficos comerciais e o instrumental de um mundo muito maior (Nínive e Babilônia são as primeiras supercidades). Babilônia, a capital Hamurábi, planificada por volta de 2000 a.C., é um grande retângulo dividido em duas metades pelo Eufrates. A superfície contida pelos muros é de cerca 400 hectares, e outro muro mais extenso compreende quase o dobro da área. Toda a cidade, e não somente os templos e os palácios, parece traçada com regularidade geométrica: as ruas são retas de largura constante, os muros se recortam em ângulos retos. Desaparece, assim, a distinção entre os monumentos e as zonas habitadas pelas pessoas comuns; a cidade é formada por uma serie de recintos, os mais externos abertos a todos, os mais internos reservados aos reis e aos sacerdotes. As casas particulares reproduzem em pequena escala a forma dos templos e dos palácios, com pátios internos e as muralhas estriadas. As cidades sumerianas, no inicio do II milênio a.C., já são muito grandes e abrigam varias dezenas de milhares de visitantes e são circundadas por um muro e um foço, que as defendem e que, pela primeira vez, excluem o ambiente aberto natural do ambiente fechado da cidade. O campo ao redor é transformado pelo homem: em lugar do pântano e do deserto, encontramos uma paisagem artificial de campos, pastagens e pomares, percorrida pelos canais de irrigação. Na cidade os templos se distinguem das casas comuns pela sua massa maior e mais elevada: compreendem de fato, além do santuário e da torre-observatório (zigurat), laboratórios, armazéns, lojas ondem vivem e trabalham diversas categorias de especialistas. O terreno das cidades já era dividido em propriedades individuais entre os cidadãos, enquanto campo é administrado em comum por contas das divindades. Em Lagash, o campo é repartido nas posses de umas vinte divindades; uma destas, Bau, possui cerca de 3.250 hectares, que são divididos entre famílias singulares, assalariados, arrendatários e camponeses que trabalhavam gratuitamente. No Egito, o faraó tem o domínio sobre o país inteiro, e recebe um excedente de produtos bem maior do que o dos sacerdotes asiáticos. Com estes recursos, ele constrói as cidades, os templos dos deuses locais e nacionais, e sua tumba monumental, que simboliza a sua sobrevivência além da morte. No III milênio, à medida que a Egito se torna mais populoso e mais rico, estas tumbas aumentam de imponência, embora sua forma externa permaneça bastante simples, uma pirâmide quadrangular. Menés, o primeiro faraó, funda a cidade de Mênfis nas proximidades do vértice do delta, ecerccom“brncomuro”.o redor no meio do deserto surgem pirâmides dos reis da primeiras quatro dinastias e os templos solares da quinta. No Egito, principalmente no inicio, não encontramos uma ligação, mas um contraste entre duas realidades. Os monumentos não formam o centro da cidade, mas são dispostos como uma cidade independente, divina e eterna, que é construída de pedra, para permanecer imutável no percurso do tempo; é povoada de formas geométricas simples: prismas, pirâmides, obeliscos, ou estatuas gigantescas como a grande esfinge, que possuem uma proporção diferente da humana, essa cidade é habitada pelos mortos e é feita para ser vista de longe, como o fundo sempre presente da cidade dos vivos. Esta, ao contrario, é construída de tijolos, inclusive os palácios dos faraós e é apenas uma morada temporária, que vai ser abandonada mais cedo ou mais tarde. Uma grande parte da população – operários empregados na construção das pirâmides e dos templos, com suas famílias – tinham de morar em acampamentos que eram construídos junto aos grandes monumentos, e que eram abandonados tão logo quanto terminassem o trabalho. Por outros aspectos, a cidade divina é uma copia fiel da cidade humana onde todos os personagens e objetos da vida cotidiana são reproduzidos e mantidos imutáveis. Este intento de construir uma copia perfeita e estável da vida humana não prosseguiu com a mesma intensidade. Essa economia entrou em crise em meados do III milênio; quando ela se reorganizou – sob o médio império, no II milênio - o contraste entre os dois mundos parece atenuado, e as duas cidades separadas tendem a se fundir numa cidade única, como por exemplo, a capital do médio império, Tebas, que ainda esta dividida em dois setores: o povoado na margem direita do Nilo, e a necrópole nos vales da margem esquerda; mas agora os edifícios dominantes são os grandes templos construídos na cidade dos vivos. Do VI ou IV século a.C., todo o Oriente Médio é unificado no Império Persa. Desde o Egito até o vale do Indo passa por um longo período de paz e administração uniforme, que permite a circulação dos homens, das mercadorias e das ideias de uma extremidade à outra. Na residência monumental dos reis persas – conhecida pelo nome grego de Persépolis – os modelos arquitetônicos dos vários países do império são combinados entre si.
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