Resenha Sobre o Vídeo: Cartas Urbanas 01

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

PROFESSORA RAQUEL MORAIS VITOR

ALUNO WELLISON MATIAS LOPES

Resenha Sobre o Vídeo: Cartas Urbanas 01

        O vídeo retrata uma das questões mais complicadas dentre as lutas urbanas na cidade de Fortaleza, a questão das desapropriações, não somente pelo fato de famílias serem desapropriadas de lugares onde constituíram suas vivencias e história, mas também pela forma como isso é feito e o tratamento dado a essas pessoas.

        No vídeo a retirada da população se dá por conta de obras de mobilidade no sentido de expandir as linhas do VLT, dessa forma é dito que o percurso cruzaria a comunidade, dessa forma se deu o início das negociações para que as famílias fossem retiradas para que a obra fosse concluída a tempo para a copa de 2014. Porém ao irmos mais a fundo nessa questão percebemos que os grandes eventos e as obras de mobilidade são pretextos para que o governo possa adquirir terrenos para execução de seus projetos.

        Estes projetos quase sempre não tem um planejo a longo tempo e que contemple de forma justa as famílias envolvidas, pois as necessidades destes quase nunca são atendidas, muitas vezes são relocados para conjuntos distantes, longe da sua vizinhança, dos seus locais de trabalho, com pouca infraestrutura urbana.

        Além do fato que essa população mais vulnerável é tratada de forma desumana, muitas casas demolidas de forma violenta e como vemos no vídeo, onde no caso os escombros continuaram no local para evitar ocupações o lugar torna-se insalubre para os que continuam no local.

        Como percebemos, até os argumentos técnicos utilizados para execução dessas obras são questionáveis, uma vez que os estudos costumam a ser tendenciosos e sempre favoráveis aos resultados interessantes para o estado, no caso do VLT por exemplo o trajeto determinado comprovadamente não era o mais favorável a cidade. Um outro ponto interessante é que essas obras geralmente desviam de patrimônios privados de grandes empresas e empreendimentos, e sempre conflitam com as comunidades vulneráveis, o que confirma a hipótese de que essas escolhas de projeto são muitas vezes manipuladas.

        Essa questão se repete em vários casos na cidade de Fortaleza, uma vez que a cidade está na bancada de investimentos internacionais e estes projetos geralmente buscam áreas mais baratas e “fáceis de desapropriar”. É extremamente difícil lutar contra esses avanços arbitrários, por isso é necessário que as comunidades se unam e a sociedade civil se organize para que fortalecida possa reivindicar seus direitos básicos como a moradia, a infraestrutura e serviços básicos que garantam a dignidade humana.