Resenha Do Livro Cartas A Um Jovem Terapeuta
Monografias: Resenha Do Livro Cartas A Um Jovem Terapeuta. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: criscga • 26/3/2015 • 1.688 Palavras (7 Páginas) • 6.860 Visualizações
Resenhado por Cristiana Amaral
CALLIGARIS, Contardo. Cartas a um jovem terapeuta: o que é importante para ter sucesso profissional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Cartas a um jovem terapeuta é um livro que segue o modelo de uma carta aos jovens aspirantes a psicanalistas é um livro que procura responder as principais questões que surge entre os iniciantes quando decidem começar a atender.
O autor Contardo Colligaris explica o título do livro logo no início dando uma atenção maior a palavra terapeuta. Ele demonstra certa humildade com relação aos psicanalistas que tratam com repulsa as psicoterapias e incluem a psicanálise nessa categoria.
A primeira carta fala sobre a vocação pela profissão, apontando os traços de caráter e de personalidade que não são aprendidos durante os anos de formação, entre eles estão: Não esperar reconhecimento e agradecimento do paciente, pois o terapeuta deve visar a autonomia dos pacientes não permitindo que as terapias perdure por toda a vida. O terapeuta deve entender que depois de ser usado será descartado. Ter gosto pelas palavras e carinho natural espontâneo pelos pacientes, respeitando suas diferenças, ter interesse por todas as experiências humanas sem preconceito, sabendo identificar os limites de cada pessoa, ter conhecimento de suas experiências e um pouco de sofrimento psíquico, passar por uma análise pessoal. O autor deixa claro que não existe uma terapia didática, como pensam alguns estudantes.
No capítulo 2 o autor apresenta quatro bilhetes que abordam diferentes temas, o primeiro bilhete trás á tona a possibilidade de haver algum desvio que possa impedir alguém de se tornar psicoterapeuta, ele dá um exemplo de um travesti, explicando que a escolha precisa ser de confiança, se o paciente vê o travesti como alguém que conhece os prazeres de ambos os sexos, provavelmente o travesti terapeuta não seja ideal, já uma pessoa que não tem preconceitos e não se deixa levar por uma cultura dominante não terá problemas em ser atendida por um travesti.
O segundo bilhete aborda a possibilidade do terapeuta ser um pedófilo, o que não é compatível com o exercício da psicoterapia, pois ele provavelmente encontrará gozo na supremacia de seu saber e não irá analisar de forma isenta. No terceiro bilhete ele fala do limite do terapeuta não conseguindo acompanhar quem seria capaz de agir sem envolver sua subjetividade em situações de grandes horrores. O quarto e último bilhete questionam se devemos influenciar os pacientes. A direção ou escolha não deve ser decidida por normas ou saberes. O terapeuta pode auxiliar o paciente a encontrar a direção do seu desejo. As terapias são demoradas porque antes do terapeuta ajudar o paciente a encontrar a direção do seu desejo é preciso que o desejo se manifeste.
No capítulo 3 é abordada a expectativa pelo primeiro paciente, ele fala de sua experiência ao tentar disfarçar seu apartamento para parecer um terapeuta experiente, sendo isso desnecessário, pois muitas vezes o paciente procura justamente por um terapeuta inexperiente por ter mais paciência e interesse.
O capítulo 4 o autor aborda os amores terapêuticos tratando da relação que pode ocorrer entre paciente e terapeuta, mostrando três possibilidades nas quais um terapeuta pode se declarar disponível e propor um amor quase irrecusável a uma paciente. A primeira é o poder, o poder que o terapeuta exerce sobre o corpo do outro, esse abuso invade todo seu trabalho ele não analisa, ele dirige e manda impondo seu poder. A segunda é que o terapeuta se apaixone de verdade pela paciente e até se case com ela, mas esse terapeuta irá fazer isso várias vezes com várias pacientes, pois esse terapeuta é recidivista. A terceira é que o terapeuta pode se apaixonar por sua paciente sem que exerça seu pode e nem seja recidivista e que a paciente se apaixone por seu terapeuta sem acreditar que ele seja a cura de seus males, um amor verdadeiro.
O quinto capítulo fala da formação, durante essa formação espera-se que o terapeuta conheça a essência da história e tenha conhecimento de várias abordagens, conhecimento de padrões internacionais (CID e DSM) e os estágios.
O capítulo 6 refere-se a curar ou não curar. A terapia é um processo lento não podendo haver pressa, não podendo suprimir os sintomas antes da manifestação da doença. A partir do momento que é reestabelecida a normalidade funcional é definida a cura. A psicoterapia é uma experiência transformadora, podendo se sair dela sem o sofrimento, e o custo disso é a mudança. Ao contrário da psicologia francesa dos anos 60 que não era adepta da cura, o autor tem interesse pela psicanálise, pois acredita que ela transforma vidas e atenua a dor.
O capítulo 7 refere-se ao tema: o que fazer para ter mais pacientes? O autor relata que no início de sua carreira seu maior objetivo era impressionar os colegas, pois ele ouviu dizer que para ter mais clientes era preciso ser conhecido. O fim da análise foi tratado nesse capítulo, explicando que o que faz alguém sofrer é a relevância excessiva atribuída a sua presença no mundo. No final da análise essa pessoa deverá ser capaz de largar o que á deixa devastada e que ama a ponto de conseguir desistir dele. Alcançar o momento em que conseguir ser alguém ou alguma coisa passou a ser o maior objetivo dos terapeutas e com isso tratar as pessoas deixou de ser importante.
O autor explica que para conseguir clientes o mais importante é primeiramente ter compromisso com as pessoas que confiam no terapeuta.
As questões práticas são tratadas no capítulo 8, com o autor explicando para usar a regra só quando parecer importante para ajudar o paciente a ir além dos seus pudores, da sua vontade de mostrar inteligência que possui e construir explicações racionais. É importante lembrar que as palavras vão sempre levar o paciente por terras imprevistas.
O fato de o paciente poder falar não o obriga a falar o que queremos que ele fale. Freud utilizava as regras de que o paciente não deveria tomar decisões cruciais, porém essa regra não é mais usada porque em alguns
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