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Restauração do Pelourinho: Gentrificação e seus desdobramentos

Por:   •  18/11/2016  •  Monografia  •  2.410 Palavras (10 Páginas)  •  554 Visualizações

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Universidade Metodista de Piracicaba

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Camila Roque Maio

Gabriela Seneme Pedro

Isabela de Moraes Fernandes

Thaís Soares Menegali

Restauração do Pelourinho:

gentrificação e seus desdobramentos

Santa Bárbara d’ Oeste

2015

Universidade Metodista De Piracicaba

Camila Roque Maio

Gabriela Seneme Pedro

Isabela de Moraes Fernandes

Thaís Soares Menegali

Restauração do Pelourinho:

gentrificação e seus desdobramentos

Projeto de Pesquisa de Monografia
apresentada como exigência à
disciplina de Métodos e Técnicas de
Pesquisa da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo.

Orientador: Gessé Marques

Santa Bárbara d’ Oeste

2015


  1. INTRODUÇÃO

Restauração é o processo muito utilizado para a recuperação de monumentos, instalações e residências que estão degradados, tendo como objetivo conservar essas localidades. Diante disso, elaboramos a pesquisa sobre a restauração do Pelourinho, na cidade de Salvador, que ocorreu por meio do conceito de gentrification, que consiste na retiradada população de baixa renda que habitava suas localidades, havendo expectativa de uma grande valorização dos imóveis e de possibilitar retornos financeiros por conta do turismo.

        

  1. PROCESSO DE RESTAURAÇÃO QUE LEVA À GENTRIFICAÇÃO

A conservação- restauro é definida como qualquer interferência, direta ou indireta. Por ser o termo mais antigo e, por isso, o mais conhecido, a definição de restauração é utilizada para a maioria das intervenções nos bens culturais. Entretanto, o caráter dessa intervenção não precisa ser necessariamente de restauração, podendo-se dar de diversas maneiras como: conservação/consolidação (interferência na matéria das construções); reconstituição (recomposição de partes do monumento); reconstrução (recriação do edifício) ou réplica (cópia do original).

Realizada em uma construção ou utensílio, para precaver sua plenitude e garantir o respeito por seu significado cultural, histórico, estético e artístico., esta definição condiciona a natureza, a extensão e os limites das medidas que podem ser tomados, assim como das intervenções que podem ser levadas a cabo no patrimônio cultural.                                                                          

Segundo Márcia Braga (2003, p. 2), pode-se entender por Patrimônio Cultural o conjunto de todos os bens materiais (pinturas, artesanato e esculturas) e imateriais (literatura, costumes, linguagem) que a sociedade atribua um valor especial, estético, histórico, documental, cientifico, social ou espiritual que possa ser difundido nas próximas gerações.

Por isso, na hora da realização de um projeto de intervenção deve-se ter cautela com o bem cultural, para não desrespeitar o povo que o produziu. A conservação física reúne fatores que nela interferem e que definem seus regimentos. Quando se trata desses projetos em espaços públicos, as dificuldades são ainda maiores. De acordo com Márcia Braga (2003) os fatores de ordem física, técnica, histórica, teórica e da utilização agrega-se os fatores decorrentes da gestão urbana, da viabilização da implantação, da mitigação dos impactos ambientais urbanos e das comunidades usuária e moradora.

Uma consequência que pode se ter ao realizar uma intervenção em um espaço público é, segundo Daniel de Albuquerque Ribeiro (2014), o processo de gentrification,que implica a substituição de uma população de baixo poder aquisitivo por outra mais abastada e que ocorre em bairros históricos comumente centrais ou também em patrimônios arquitetônicos. Essas características agregam a esse objeto de estudo um tipo específico de recorte espacial, temporal e social. O termo gentrification foi usado pela primeira vez por Ruth Glassno início dos anos sessenta, para descrever o processo mediante o qual as famílias de classe média haviam povoado antigos bairros desvalorizados do centro de Londres, ao invés de se instalarem em subúrbios residenciais, segundo o modelo até então dominante para essa classe social. Esse conceito foi aplicado em grandes metrópoles como, Londres, Nova Iorque, Paris e Sidney, e posteriormente se propagou para cidades menores.

A gentrificação é um fenômeno ao mesmo tempo físico, econômico, social e cultural. Ela implica não apenas na mudança social, mas também na mudança física do estoque de moradias na escala de bairros; enfim uma mudança econômica sobre os mercados fundiário e imobiliário. É esta combinação de mudanças sociais físicas e econômicas que distingue a gentrificação como um processo ou conjunto de processos específicos. (RUTH GLASS apud ZACHARIASEN, 2006, p. 23)

  1. RESTAURAÇÃO DO PELOURINHO

A cidade de Salvador, fundada como São Salvador da Bahia de Todos os Santos em 26 de março de 1549, foi a segunda maior cidade do Império Português e escolhida para sediar a primeira capital brasileira. Grande berço cultural, terra de muitas figuras ilustres da história brasileira, é conhecida internacionalmente por sua culinária, música e pela beleza e riqueza de sua herança histórico cultural, como seus casarios coloniais, paços, palácios, igrejas e fortalezas. Porém, a beleza e importância destes patrimônios culturais não estão sendo suficientes para garantir a sua preservação, tendo em vista a vastidão da cidade e o abandono que muitas áreas sofreram ao longo do tempo.

Neste rico conjunto urbanístico, encontramos o centro histórico da cidade, com ruas estreitas, calçadas de pedra e traçado irregular, nomeado como Pelourinho – nome dado a uma coluna de pedra, geralmente localizada no centro de uma praça, onde os escravos eram castigados. Esta região foi, primeiramente, ocupada pelas classes mais abastadas, visto que era uma área de aglomeração administrativa, militar e religiosa na época. A partir do século XX, começa uma gradativa desocupação do local por parte dessa classe, que parte para os novos bairros, frutos do crescimento da cidade e da evolução do transporte. O Pelourinho passa, então, a ser ocupado, primeiramente, por moradores da classe média e, posteriormente, por moradores das classes menos abastadas, sob um regime, em geral, de locação ou sublocação – o que não promove um sentimento de conservação (SANTOS, 2012, p. 187). Além disso, há um processo de degradação social, com o crescimento da prostituição, do banditismo e do comércio de drogas na região. Conjuntamente, o comércio e órgãos públicos deixam o centro, acompanhando o fluxo da população em novas áreas da cidade. Assim, viram as costas para o Pelourinho, seu rico acervo histórico, considerado como o mais importante conjunto arquitetônico barroco das Américas e integrante do Patrimônio Histórico da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (BONFIM; SILVA, 1995, p. 17).

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