Restauro
Por: biacarneiro12 • 23/6/2015 • Trabalho acadêmico • 7.381 Palavras (30 Páginas) • 483 Visualizações
Notas Sobre a Evolução do Conceito de Restauração
Quando as intervenções eram feitas em edifícios já existentes, o objetivo era de adaptar tal obra às necessidades de determinada época. Já as intervenções feitas em edificações de épocas precedentes, no geral, foram feitas por alguma razão de ordem prática, como correções ou adaptações e não de valorização do monumento.
No final do século XVIII e início do século XIX, o patrimônio histórico francês se encontrava em um estado de desolação muito grande, o que acabou contribuindo para a mudança da relação de uma determinada cultura com o seu passado, no processo conhecido como “consciência histórica”. Já na Grã-Bretanha, surgiu um sentimento de proteção aos edifícios antigos, provenientes das rápidas modificações geradas através da industrialização, ao passado arquitetônico e a ambientes que estavam sendo ameaçados de perda total pelas fortes modificações.
O Renascimento
Foi somente no Renascimento, a partir do Quattrocento que se passou a fazer o levantamento e estudar mais detalhadamente os períodos que antecederam a edificação. Alberti, desenvolveu um método de levantamento em cartografia, buscando possibilitar a criação de um projeto de restauração em Roma.
As primeiras ordens papais, foram dadas pelo papa Pio II, o “Cum almam urbem”, de 28 de abril de 1462, que tinha como objetivo a proteção de edificações e riquezas artísticas sob jurisdição eclesiástica.
Rafael, que foi encarregado para desenhar os monumentos Roma visando a sua conservação, demonstrou sua preocupação com o destino do patrimônio cultural ao escrever uma carta endereçada ao Papa Leão X, em 1219. Não se pode dizer que a restauração foi praticada de forma sistemática no Renascimento, pois ao mesmo tempo que havia preocupação com o patrimônio eram também reutilizados materiais de outras construções que estavam degradadas, ou seja, as construções antigas iam continuar servindo de fonte de materiais para passadas continuaram servindo de fonte de materiais para os novos edifícios.
As Várias Formas de Intervenção
As intervenções em edificação antigas poderiam ser feitas de diversas maneiras, existiam casos de edifícios construídos em épocas posteriores com partes executadas em períodos diferentes para haver a distinção de estilos. Houveram casos de alterações no projeto original, para restringi-lo ou amplia-lo, e de modificação no interior de edifícios, que era mais praticado no período barroco.
Nesta época houve também uma busca para inserir novos edifícios seguindo as doutrinas da própria época, e que pudessem coexistir harmonicamente dentro do conjunto urbanístico – como, por exemplo, a praça de São Marco, em Veneza.
A Restauração na Itália de Meados do Século XVIII ao Início do Século XIX
A de meados do século XVIII, deu-se início na Europa a movimentos baseados no classicismo. Winckelmann apreciava muito a arte da Grécia antiga e recomendava que os artistas contemporâneos se inspirassem nela. Aconselhava a preservação de seus aspectos originais e característicos, e defendia a teoria de que deveria ser feito um estudo aprofundado antes de desenvolver a intervenção à qualquer obra, precisando as mesmas, serem distintas da obra original, pra não confundir o observador.
A intervenção tinha como objetivo a recomposição ou a consolidação do monumento, utilizando partes originais que ainda existiam, sendo denominado na Itália por “restauro arqueológico”. Um dos principais exemplos é a restauração do Arco do Tito e do Coliseu.
A Restauração na França: A Revolução Francesa e o Século XIX
Na França, o fim do século XVIII foi marcado pela Revolução, época essa de destruições, saques e vandalismos, todos praticados contra obras de arte e arquitetura, em uma tentativa de destruir tudo a ver com a antiga classe dominante.
Após a denúncia do abade Gregoire, a Convenção Nacional decretou que todos os monumentos das ciências e das artes que pertenciam à Nação seriam vigiados e que todos os cidadãos poderiam denunciar às autoridades se os mesmos fossem violados. Aos culpados, seriam dados 2 anos de detenção, passando a reconhecer os edifícios como bens de interesse público e que deveriam ser preservados para as gerações futuras.
Ao mesmo tempo em que se iniciava essa preocupação pela preservação dos monumentos, surgiu também um novo interesse pela arquitetura medieval. Caumont fez parte da criação do Serviço dos Monumentos Históricos. Além dele, Victor Hugo, criticava os edifícios do classicismo construídos na época e o descaso para com os monumentos medievais e pregando a sua conservação.
Ludovic Vitet, considerava ser de grande importância a "não inovação", defendia o ponto de vista de que se deve conhecer afundo todos os procedimentos da arte. O monumento era considerado um documento que transcrevia determinado período da história e as modificações feitas posteriormente não eram levadas em conta. O arquiteto restaurador deveria incorporar o arquiteto criador e projetar como ele. Esse modo de restauração ficou conhecido como "restauro estilístico"
A teoria de Viollet-le-Duc, foi de grande influência no século passado. Ele dizia que o restauro era manter, reparar ou refazer, mas também restabelecer um estado completo que pode jamais ter existido em um momento, defendia também, que deveria ser realizado um estudo aprofundado do monumento, pra que no momento de empregar materiais, que estes fossem melhores do que os utilizados na construção, com a intenção de prolongar ainda mais sua vida.
A Inglaterra no Período
Surgiu um novo movimento, que tinha como objetivo preservar a matéria original do monumento e também levava em conta as modificações e ampliações posteriores, ficando conhecido na Itália como “restauro romântico”. Jonh Ruskin dizia que a preservação de um monumento era a melhor maneira de recordar o passado, sendo de extrema importância que se tornasse a arquitetura presente, histórica, preservando-a como a mais preciosa das heranças. Ruskin também defendia que restaurar um edifício a maior forma de destruição ao mesmo, que era totalmente impossível restaurar uma grande e/ou bela obra arquitetônica. Para ele era melhor perder o edifício do que intervir de qualquer forma que fosse, com o objetivo de manter o monumento do jeito exato como se apresentava.
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