Resumo Ignacy Sachs
Por: joaomarc • 22/9/2019 • Projeto de pesquisa • 3.042 Palavras (13 Páginas) • 210 Visualizações
Ignacy Sachs é um polonês, naturalizado francês que se graduou em economia no Brasil pela Faculdade de Ciências Econômicas e Políticas do Rio de Janeiro (atualmente ligada à Universidade Candido Mendes). Devido sua concepção de desenvolvimento com uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do bem estar social e preservação ambiental se tornou alguém amplamente conhecido, sendo referido como ecossosioeconomista. Este termo, ecossocioeconomia, foi criado por Karl William kapp um economista de origem alemão extremamente reverenciado por ser um dos grandes inspiradores da ecologia politica nos anos de 1970. Sachs também integrou a École des hautes études en sciences sociales, tendo sido convidado pelo próprio historiador Fernand Braudel. O texto que temos como base para resumo se trata de uma palestra proferida por Ignacy Sachs para um curso de pós-graduação em Ciência Ambiental no dia 11 de agosto de 1995.
Sachs começa sua palestra afirmando que a problemática ambiental se tornou um motivo de grande debate no âmbito internacional; enfim o homem procura meios de associar dois campos que antes se encontravam separados, desenvolvimento e meio ambiente. Apesar de ainda não existir um consenso geral sobre quais medidas devem ser adotadas para solucionar tais problemas, já existe uma forte opinião publica de que algo deva ser feito. Na conferencia de Estocolmo de 1972, uma polaridade muito forte circundava ao redor da mesa de debate. De um lado se encontravam aqueles que, devido a um forte pensamento escatológico, acreditavam que o desenvolvimento econômico deva ser parado, pois tal desenvolvimento daria fim aos recursos naturais, anulando qualquer possibilidade de bem estar para as gerações futuras, ou transformaria o mundo em um local inabitável devido às altas taxas de poluição. Já no outro lado existia um segundo grupo que acreditava que “meio ambiente” é uma invenção social criada por países ricos para frear a industrialização de países periféricos, em outras palavras, eles afirmavam que esta era uma forma que burgueses encontraram para retirar a atenção de assuntos mais importantes como o desenvolvimento de países periféricos.
Com essa breve explicação sobre o ambiente de debate existente na conferencia de Estocolmo podemos perceber que existe uma grande crescente na importância de discussões acerca da problemática ambiental, mas que isso esta diretamente relacionada com problemas de cunho social, “A mensagem de Estocolmo foi que não pode haver uma luta eficiente contra a pobreza que não leve em consideração a dimensão ambiental” (Sachs, 2000, pag. 7). Com toda a força que tais temas tomaram no passar nos anos, um enorme progresso institucional também pode ser percebido, novos ministérios foram criados e existem novas legislações. O Brasil possui a honra de ser um dos primeiros países a incluir em sua constituição capítulos que tratam diretamente sobre o tema meio ambiente. Obviamente, incluir tal tema na constituição não significa que o mesmo será respeitado, mas não telo como tema constituinte seria um erro. Com isto podemos afirmar que o problema foi identificado e que sabemos em qual direção se mover para buscar soluções potenciais; o que falta é decidir quais estratégias devem ser adotadas.
Com isto em pauta, começou-se a falar sobre desenvolvimento econômico e social, no entanto, efeitos da revolução ambiental e de indagações levantadas pelo PNUD, Programa das Nações Unidas, a nomenclatura “desenvolvimento econômico e social” fora renegada. Para complementar este cenário, politólogos e antropólogos também rebateram tais palavras alegando que era necessária uma nomenclatura que melhor correspondesse a todos os campos que são abarcados por um tema que possui tamanha relevância, como consequência disto agora se tem a temática do desenvolvimento econômico – social – politico – cultural – sustentável e humano, porém, Ignacy Sachs, não concorda com esse uso excessivo de adjetivos e redefini o que pensamos como desenvolvimento. Para Sachs, desenvolvimento é algo que possui uma pluralidade de dimensões, ou seja, crescimento puramente econômico não é sinônimo de desenvolvimento caso esse tal crescimento venha acrescido de grandes custos sociais e ambientais. Um “desenvolvimento” com tamanhos sacrifícios sociais e ambientais é apenas um mau crescimento.
O principal foco é alcançar o bem estar geral, possuindo um caráter ético e de solidariedade. Analisando os anos de pós-guerra de alguns países industrializados percebe-se que tais nações esbanjaram uma alta taxa de crescimento, altos níveis de empregabilidade, um notório bem estar da população, no entanto os custos ecológicos desse crescimento foram demasiadamente altos. Em suma, um crescimento socialmente benigno, porem ecologicamente precário e antiético constituído por um alto consumo de capital ecológico que afeta as gerações futuras que também deveriam possuir esse mesmo capital para usufruir.
No que diz respeito à eficiência econômica não podemos considerar crescimento apenas o que traz lucro ao empresário, devemos validar apenas aquilo que possui um caráter macro social levando em consideração todas as externalidades sociais e ecológicas que as empresas jogam fora. É economicamente eficiente tudo o que constitui uma utilização racional e completa de todos os recursos. Para garantir que tais empresas apoiem esse critério de crescimento econômico macro social, faz-se necessário uma forte regulação de mercado “Não haverá desenvolvimento social e ambiental responsável sem haver uma regulação das forças de mercado” (Sachs, 2000, pag. 8). Sachs também exemplifica uma forma de crescimento ecologicamente sustentável, mas que o mesmo afirma não ser interessante socialmente devido a um cuidado com o ecológico em detrimento do social, caracterizado pelo aumento da taxa de desemprego. A grande questão é que, para Sachs, desenvolvimento é aquilo que abrange três áreas significativas: o ecológico, o social e o econômico, o crescimento de uma área em detrimento de outra é apenas um mau crescimento, um bom desenvolvimento é aquilo que trabalha esses três campos concomitantemente. Desenvolvimento é um crescimento social razoável, que seja cauteloso para com o meio ambiente e economicamente competente.
Uma solução triplamente ganhadora é aquela que se enquadra no critério supracitado, soluções que tratam do social, do econômico e do ecológico. Então cabem aos cientistas sociais, cientistas naturais, especialistas da saúde, etc... Pensar em formas de desenvolvimento que se enquadre em tais critérios.
Com esses critérios em mente, o tema conservação ganha seu espaço no debate. Afinal, é nossa obrigação para com as gerações futuras a preocupação com
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