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SOCIEDADE CORPO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE JOINVILLE

Por:   •  14/11/2017  •  Artigo  •  32.136 Palavras (129 Páginas)  •  364 Visualizações

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SOCIEDADE CORPO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE JOINVILLE

História que se confunde com Joinville

Uma trajetória que começou há mais de um século e se confunde com a própria história da maior cidade do estado. É assim que pode ser resumida a existência da Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, mais antiga corporação do gênero no país.

Quando Joinville tinha cerca de 18 mil habitantes e apenas 41 anos de existência, era criada a Corporação dos Bombeiros Voluntários, uma instituição pioneira em termos de Brasil e resultado legítimo da cultura empreendedora e solidária dos alemães. A exemplo do que acontecia nas principais cidades da Alemanha, os primeiros habitantes instalados na modestíssima colônia Dona Francisca respondiam de forma direta aos desafios impostos pela ousadia de plantar na mata uma cidade. Os incêndios, então, começavam a constituir um desses desafios da comunidade, preocupando os moradores que viam arder em chamas as antigas construções de madeira, casas comerciais, depósitos ou mesmo residências.

 

O último incêndio de proporções ocorrera no dia 4 de julho de 1891, consumindo a casa de comércio do Sr. G. B. Trinks, na então Rua do Meio, atual Rua 15 de Novembro. Os moradores, como sempre faziam, acorreram ao local portando baldes e panelas e, de mão em mão, em pânico, tentaram quase o impossível: vencer as chamas que consumiam todo o imóvel.

Decorrido quase um ano, na noite de quarta-feira, dia 7 de julho de 1892, depois de um novo incêndio que consumiu a residência e o estabelecimento comercial do Sr. Henrique Walter, a comunidade se organizou para criar a Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Joinville. Uma comissão foi criada, constituída pelos senhores Frederico Hudler, E Wassermann, João Colin, Otto Boehm, August Urban e Otto Gelbcke.

Na noite de 13 de julho de 1892, foi oficialmente criada a corporação e aclamado o primeiro presidente, na pessoa de Victor Muller, perante o qual os primeiros 37 ‘soldados’ prestaram solene juramento. Na mesma oportunidade, foi definida a jóia de admissão e a mensalidade de filiação, em $ 1.000 réis e $ 200 réis, respectivamente. Em abril de 1893, chegava a primeira bomba manual, de procedência alemã e paga pela prefeitura. Como não existia uma sede, a bomba e os primeiros apetrechos foram guardados numa casinha, junto a uma residência, bem no centro da Colônia, cuja rua passou a ser conhecida como ‘dos bombeiros’, a atual Rua Comandante Eugênio Lepper, que comandou a corporação de 1933 a 1950.

Sob o lema de ‘um por todos e todos por um’ e ‘em nome de Deus e em defesa do próximo’, os bombeiros voluntários de Joinville cumpriam notável trabalho em favor da comunidade, instalando-se em sede própria somente no ano de 1913.  As reuniões e ensaios sempre foram marcadas por excepcional rigor em termos de disciplina, com as atas redigidas em alemão descrevendo não só os fatos relevantes da corporação, mas advertências e punições a soldados que não tivessem exemplar comportamento.

Nas primeiras décadas deste século, pertencer aos bombeiros significava um atestado de aprovação, e toda comunidade  devotava   singular   respeito   e    reverência   aos   ‘bravos   soldados   do fogo’. Voluntários, tinham autorização especial para abandonar os seus postos na fábrica, quando soasse a sirena na sede da corporação, anunciando um incêndio a ser combatido. Corriam, às pressas, pelas calçadas, a pé, de bicicleta ou de automóvel e se lançavam ao fogo, sempre obedecendo orientação dos chefes de equipe e do comandante.

Reorganização garante crescimento

Desde o início de suas atividades, o Corpo de Bombeiros Voluntários sempre manteve um relacionamento muito próximo com a comunidade. A participação da classe empresarial assume papel marcante para que o projeto se transformasse em modelo nacional e até no exterior.

Um destes momentos ocorreu na década de 50, quando sob a liderança de Walter Hermann Meyer foram realizadas profundas alterações na corporação, melhorando o seu funcionamento e lançando bases para o futuro, já que Joinville experimentava uma fase de desenvolvimento. Assim, em 1952 surge a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários, com uma diretoria para atuar administrativamente e definindo para o comandante as ações restritas aos assuntos de disciplina, hierarquia, instrução e operações.

O estatuto social estabelecia a entidade como “uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, com a reafirmação do propósito de manter um corpo de cidadãos, sob o regime de voluntariado, pronto para combater incêndios e prestar socorros”. Nos objetivos sociais foram incluídos, dentre outros, a cooperação com os bombeiros militares do estado, o estímulo à criação de bombeiros voluntários em outros municípios e a atuação conjunta com a Defesa Civil.

Mesmo reestruturado, o Corpo de Bombeiros Voluntários precisaria avançar para dimensionar-se à  altura do rápido crescimento de Joinville nos anos 60 e 70. Com a expansão da cidade e o surgimento de diversos núcleos populacionais para regiões mais distantes do centro, aumentavam as dificuldades para atender as emergências, exigindo cada vez mais novos investimentos e o aumento do contingente.

Com essa necessidade de atender com rapidez os chamados, partindo ainda do então único quartel, que contava exclusivamente com o voluntariado, percebeu-se a importância dos bombeiros contarem com plantões permanentes de 24 horas. Desta situação, nasce uma nova experiência, também inédita em termos de Brasil. Em 1972, com o auxílio do governo estadual, é contratado pelo regime trabalhista um pequeno grupo de homens para exercer o trabalho remunerado, adotando-se uma composição mista formada por bombeiros assalariados e voluntários. A dedicação destes homens – voluntários e contratados - assegurou condições para que a corporação enfrentasse uma série de incêndios até o final dos anos 80, incluindo-se os sinistros criminosos que assolaram a cidade entre 1977 e 1978.

Participação marcante na existência da Sociedade Corpo de Bombeiros deve ser atribuída à Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ). Em 1987, a principal entidade de classe do município assumiria nos anos seguintes a responsabilidade pela manutenção do Corpo de Bombeiros, com o seu presidente dirigindo a SCBVJ.

A estrutura do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville reúne cerca de 450 pessoas distribuídas em atividades administrativas e de treinamento, acompanhamento da legislação municipal de incêndios, vistoria a edificações e nas operações de prevenção e combate a fogo, resgate veicular, e busca e salvamento. Além dos bombeiros que já estão integrados às rotinas, há treinamento constante de pessoas interessadas em se habilitar à função de bombeiros ou socorristas voluntários.

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