Técnicas e Materiais Construtivos
Por: Jean Schmitz • 14/10/2016 • Dissertação • 24.427 Palavras (98 Páginas) • 336 Visualizações
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história da arquitetura e do urbanismo III –
ARQUITETURA BRASILEIRA
Patrimônio Cultural e Paisagem Histórica -
uma perspectiva para o futuro
Eliane Veras da Veiga - 2006 atualiz.2010
Professora do curso de arquitetura da UNISUL e da UNIVALI
Texto registrado no EDA – Escritório de Direitos Autorais
uso exclusivo para a academia
“a história está inscrita nos traçados e nas arquiteturas das cidades. Aquilo que dela subsiste forma o fio condutor que, juntamente com os textos e os documentos gráficos permite a representação de imagens sucessivas do passado.”
Le Corbusier
Justificativa
A ausência de uma publicação sobre a arquitetura da cidade, relacionando fases e estilos históricos nos levou a refletir sobre a validade deste tema. Além disso, a carência de meios para promover a conscientização sobre a importância de se preservar o patrimônio edificado, pois “só se protege o que se ama e só se ama o que se conhece”, nos motivou ainda mais.
Assim, pretendemos com este modesto ensaio divulgar um pouco da nossa riqueza arquitetônica e promover a compreensão de sua diversidade e valores.
Objetivos
Fazem parte dos nossos objetivos despertar a sensibilidade para a leitura da cidade e da sua paisagem construída; mostrar a riqueza de nosso casario e sua diversidade; identificar e/ou confirmar, a partir destas edificações, algumas zonas de ocupação mais recente; evidenciar a importância da arquitetura como testemunho dos momentos históricos; provocar o interesse pela preservação da arquitetura de valor histórico mais recente ( a partir de 1910-20), sujeita a um rápido descarte, a um processo de substituição que não deixa vestígios da sua existência.
Introdução:
A Arquitetura Brasileira pode ser estudada sob várias óticas. Vale considerar, entretanto, que, além de se tratar de um longo período de história, que ultrapassa quatro séculos, existem tipologias e técnicas construtivas distintas, modelos mais ou menos característicos, alguns aspectos regionais e condicionantes históricos que influíram na composição deste acervo edificado. Reconhecer esta arquitetura é na verdade viajar pela história do Brasil, o que, em última análise, significa uma tomada de consciência do processo de desenvolvimento humano e social, assim como das forças econômicas, sociais, políticas e culturais que o impulsionam.
Como na História Política, a da Arquitetura pode ser dividida em três períodos: colonial, imperial e republicano. Também podemos considerar a arquitetura dentro das tipologias mais marcantes: militar, oficial, religiosa e civil. Estas divisões facilitam a análise mas não se deve desconsiderar a convivência e interferência entre esses modelos e os momentos históricos e buscar as inúmeras facetas do fenômeno urbano, tentando aproveitar estas lições para o nosso presente e o futuro.
As cidades brasileiras mais antigas foram fundadas e se consolidaram na costa mais oriental das Américas. Pequenas feitorias, constituíam pontos de apoio para o reconhecimento do extenso litoral, a afirmação da posse e a garantia do tráfico português. Podemos observar que o mapa do Brasil revela um desequilíbrio notável: As suas aglomerações urbanas se concentraram na costa nordeste, sul e sudeste e, até hoje, mantêm-se uma distribuição desigual.
Entre as razões históricas desta escolha, devem ser consideradas a latitude, as possibilidades de abrigo aos navegantes, ligações com o interior, perspectivas de sucesso na exploração das riquezas naturais e questões estratégicas. Isto mostra que a História nos ajuda a compreender melhor o fenômeno da Geografia Humana. Por exemplo: São Vicente e Santos, São Paulo, Olinda e Recife, Salvador, Rio de Janeiro estão entre as mais destacadas cidades históricas . E há outras, um pouco mais recentes: São Luís, Florianópolis, Fortaleza, Curitiba, Paraty e as cidades mineiras.
Em São Paulo, por exemplo, na entrada do sertão, terra adentro e serra acima, não muito longe de São Vicente, o português ensaiou um estabelecimento único, excepcional que foi a escolha dos Campos de Piratininga. Concorreram aqui vários fatores: proximidade e incerteza quanto ao curso correto da Linha de Tordesilhas e o fascínio do Rio da Prata. E esta escolha teve reflexos importantes para a colônia portuguêsa e para o continente através dos tempos. A cidade de Paraty por sua vez, teve sua origem vinculada à exploração do ouro em Minas Gerais e ao seu escoamento para a Metrópole Portuguesa. Florianópolis também teve um sentido próprio ao ser fundada: meio de caminho em direção ao Rio da Prata, sua fundação se justifica como ponto de apoio estratégico e militar para a ocupação do Brasil Meridional e uma ponta de lança também na possibilidade de maior interiorização.
Ao pensarmos nestas cidades históricas, verificamos que seus traçados urbanos e as fases da arquitetura ainda se encontram materializadas nas antigas construções remanescentes. Com um exercício de observação podemos verificar estas diferentes fases e as faces da cidade. O olhar atento por este ambiente mutante nos permite descobrir ângulos novos, mas também os detalhes que contém signos históricos, remetendo-nos às características essenciais de cada período histórico, da singeleza e sobriedade das construções da época colonial ao concretismo e arrôjo da arquitetura contemporânea.
Dentre os principais marcos arquitetônicos que merecem ser contemplados, pois testemunham o processo histórico de ocupação, destacamos a arquitetura militar, oficial, religiosa e civil. Cada uma destas linguagens arquitetônicas tiveram e têm ainda suas tipicidades, próprias do uso ao qual se destinam. A riqueza deste repertório arquitetônico exigiria um grande espaço para um texto descritivo. Assim, ficam aguardando um texto que evidencie seus valores a arquitetura oficial, militar e religiosa e nos dedicaremos aqui a inventariar a arquitetura civil urbana, desde os primórdios da ocupação até a arquitetura contemporânea, deixando também para outra abordagem a arquitetura civil rural. Como cidade de referência o modelo escolhido é Florianópolis, fundada no século XVII.
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