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Urbanismo pós-Brasília

Por:   •  1/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.875 Palavras (8 Páginas)  •  349 Visualizações

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URBANISMO PÓS-BRASÍLIA.

O legado do urbanismo moderno no brasil. Paradigma realizado ou projeto inacabado?

Vicente Elrio, Haroldo Gallo. Arquitextos 006, novembro 2000.

O Movimento Moderno foi e ainda é um grande marco na arquitetura brasileira. O pensamento principal era "transformar” uma população que em grande parte é rural, em urbana.

Mesmo com o modernismo amplamente reconhecido e implantado no Brasil, ainda persistia com certa resistência o modelo culturalista de Choay, e o progressista, que posteriormente se tornou predominante, e Lúcio Costa passou a ser seu maior representante no Brasil.

Por meio dos planos urbanísticos de Alfred Agache, algumas cidades brasileiras, possuem bairros com traçado culturalista, são particularmente de classes mais altas e muito procurados, pois possuem grande arborização, ruas tortuosas – seguem as curvas do terreno natural – e com baixa densidade, estes bairros são protegidos como patrimônio histórico em seu traçado e volumetria. O modelo modernista progressista se tornou tão predominante, que se estendeu nos campos do urbanismo. O urbanismo moderno no Brasil teve diversos projetos importantes, como o conjunto da Pampulha e o Parque Ibirapuera, e atingindo seu ápice na construção de Brasília. Brasília se tornou um marco da maturidade cultural da arquitetura e urbanismo brasileiros, existe a arquitetura que antecedia Brasília e o quê a arquitetura se tornou após Brasília.

O modernismo foi um dos mais compatíveis na época com as políticas nacionais, por ser menos detalhado, sendo por vezes só o concreto armado e com isso gerando menos custos, e/ou as excessivas densidades e verticalizações suscitadas pelas "torres em meio ao verde", assim encontrando um campo prolifero no Brasil, nas décadas de 50 e 60, sendo amplamente inserido no cotidiano brasileiro.

“A ideologia modernista inseriu-se no cotidiano das cidades brasileiras, não apenas através da atuação de arquitetos modernistas no setor privado e em todos os níveis de governo, mas também através das ideologias explícitas dos agentes institucionais, tais como o Banco Nacional da Habitação, o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU) e as Companhias de Habitação, e dos instrumentos reguladores do desenvolvimento urbano, tais como planos diretores, projetos-cura, leis de uso e ocupação do solo, códigos de obras, etc.” (EL RIO, Vicente; GALLO, Haroldo. Arquitextos 006, novembro 2000)

“Um dos mais sentidos legados desse urbanismo e que permeia o cotidiano de nossas cidades são os dispositivos restritivos e classificatórios da lei de zoneamento. Se por um lado tenta-se proteger funções urbanas do impacto de outras, o zoning é derivado da quebra da visão da cidade comocontinuum (físico-espacial, social e histórico) e tende a promover uma abordagem fracionada, que não reconhece a riqueza da complexidade urbana e trata a cidade por partes estanques, mais facilmente manipuláveis. No Brasil, assim como em todas as grandes cidades mundiais, através do zoneamento, esta visão modernista equivocada promoveu o monofuncionalismo e o esvaziamento de áreas urbanas, impacto particularmente sentido nos centros históricos das cidades maiores, que acaba por gerar áreas esvaziadas, propensas à marginalidade e inseguras, com processos de degradação de difícil reversão, nesses espaços repletos de infra-estrutura e, na maioria das vezes, carregados de significado para suas comunidades.”( EL RIO, Vicente; GALLO, Haroldo. Arquitextos 006, novembro 2000).

“(...) Novos recuos geram descontinuidades e terras-de-ninguém tão inúteis quanto perigosas, os mesmos projetos de modernas torres residenciais sobre embasamento de garagem são "carimbados" irrestritamente por todos os bairros, e fomenta-se a dicotomia do espaço público versus privado, que se implanta por exclusão do semi-público impedindo as escalas de transição.”( EL RIO, Vicente; GALLO, Haroldo. Arquitextos 006, novembro 2000).

As leis de nossas cidades (zoneamento e as regulamentações urbanísticas), reforçam esse comportamento e “privatização”, garantindo que os empreendedores não corram o risco de desvalorizarem suas construções por instalações feitas aos arredores.

“Além disto, conjuntamente às decisões maiores de políticas de investimentos em infraestrutura e transportes, estes instrumentos garantem as novas centralidades, expulsando para áreas menos dotadas e a periferia da cidade (ou para os morros) a população de menor poder aquisitivo e que não pode instalar-se nas tipologias arquitetônicas e urbanísticas oficiais.” (EL RIO, Vicente; GALLO, Haroldo. Arquitextos 006, novembro 2000).

Embora o conceito do modernismo tenha se perdido ao longo do tempo, o modernismo brasileiro serviu para que surgisse o sentido de social, de integração com o meio, “(...) por meio da qual foi possível estabelecer, paradoxalmente com o princípio de negação do repertório histórico e da criação de formas novas, uma expressão de identidade.” (EL RIO, Vicente; GALLO, Haroldo. Arquitextos 006, novembro 2000).

“Essa talvez seja a nossa dívida mais fecunda com o legado do nosso urbanista moderno maior, o arquiteto Lúcio Costa. Em primeiro lugar, o trânsito fácil de Lúcio Costa entre a escala do edifício e da cidade, certamente fator de ruptura com a herança portuguesa, é um evidente indutor de nossa posição clara de unicidade de formação do arquiteto, diferentemente de muitos países. Em segundo lugar, a sua vinculação com a preservação histórica através de sua obra escrita e sua atuação no IPHAN. Essas características de Lúcio se estenderam a gerações de arquitetos que, se não incorporaram repertórios formais e tecnológicos do passado, souberam neles buscar lições de agenciamento espacial adequadas ao nosso peculiar meio e forma de vida, e incorporar essas lições a seu repertório tipológico, formal e técnico.” (EL RIO, Vicente; GALLO, Haroldo. Arquitextos 006, novembro 2000).

Mesmo se baseando nos modelos internacionais, o Brasil conseguiu criar uma identidade própria com o seu modernismo. Expressando suas próprias formas e valores, se distinguindo dos demais, mas com o passar dos anos e a chegada do pós-moderno, a arquitetura modernista brasileira se afastou dos seus ideiais, e passou a assumir diversas posturas, como uma “crise de identidade”, para que isso não suceda, uma das soluções possa seria fortalecer as “raízes” da nossa arquitetura modernista e assumir nossa identidade.

URBANISMO PÓS-BRASÍLIA.

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