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Villa Savoye: uma análise criteriosa da forma e concepção

Por:   •  14/4/2023  •  Resenha  •  2.043 Palavras (9 Páginas)  •  95 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS[pic 1]

Escola de Arquitetura

ACR 039 – Tópicos em História da Arquitetura

Matheus Maurício Rodrigues


Villa Savoye: uma análise criteriosa da forma e concepção

Belo Horizonte

Novembro de 2013

Villa Savoye: uma análise criteriosa da forma e concepção

Matheus Maurício Rodrigues

RESUMO

É notório que durante o século XX e até mesmo em toda a História da Arquitetura, Le Corbusier é um dos únicos arquitetos que apresentou uma teoria de formas e proporções, fornecendo descrições de como estas foram aplicadas em seus projetos. Fica nítida em sua obra, uma análise que vai além de um olhar atento para uma arquitetura condizente com as transformações sociais que aconteciam durante o século XX, advindas principalmente das tecnologias emergentes. Tinha também um embasamento racional, lógico e disciplinador que alcança sua plena expressão no que diz respeito à forma e as proporções, principalmente em sua obra mais familiar: a Villa Savoye.

Palavras-chave: arquitetura, forma, proporção.

UMA BREVE CONCEITUAÇÃO

Le Corbusier em toda sua trajetória demonstrava uma preocupação impecável com a forma e a proporção, bem como a funcionalidade daquilo que projetava. Diferentemente de qualquer outro arquiteto do movimento moderno, persistia que a arquitetura era resultado da inteligência criativa individual. Com a filosofia da “casa como máquina de morar”, ele pretendia desvincular a arquitetura de algo empírico e utilizar o conceito da máquina como padrão para uma obra de arte, cujas leis internas a ela determinariam sua forma e estrutura. Algumas conceituações são premissas para uma análise criteriosa de toda sua obra, principalmente se tratando da Villa Savoye, objeto de estudo.

A começar pela distinção e relação entre forma, signo e estilo. Todos se caracterizam por manifestar-se naquilo que diz respeito aos diferentes valores de beleza, caráter e artísticos da arquitetura. Primeiramente o signo nada mais é que o significado atribuído à forma fora dela mesma. Isso se torna possível pela confusão das noções de forma e signo. Segunda as palavras de Foccilon: “É que a forma está rodeada de um ralo. É a estrita definição do espaço, porém, sugere outras formas. Continua-se, propaga-se no imaginário, ou melhor, consideramo-la como uma espécie de fissura, pela qual podemos introduzir em um reino incerto, que não é nem o espaço nem o pensamento, uma multitude de imagens que aspiram a nascer.”

Em contrapartida o estilo caracteriza-se por ser uma relação estabelecida entre as várias obras de uma época e/ou de um lugar. Nas palavras de Walter Gropius, o estilo é “a repetição sucessiva de uma expressão já estabelecida como denominador comum para todo um período.”

Quanto à forma e conteúdo, estes são mais bem abordados quando se trata da expressão arquitetônica. É perceptível o equívoco de alguns estudiosos ao confundirem o conteúdo de uma obra com a sua real finalidade. As associações entre conteúdo e forma são associações referentes à ideia que se deve apresentar e as formas arquitetônica que lhe servirão de base.

A partir desses conceitos, a análise de um objeto arquitetônico, no caso a Villa Savoye, bem como a identificação de suas peculiares características é facilitada.

O LUGAR

Localizada na pequena cidade de Poissy, localizada a noroeste de Paris, a Villa Savoye foi implantada em um terreno situado fora da cidade, onde este era caracterizado pela forte arborização de seu entorno. Para sua construção, Le Corbusier partiu do princípio que a edificação deveria elevar-se acima do campo no qual se situava; um conceito um tanto quanto ousado, que para sua execução exigiria uma brilhante solução. Certa vez ele escreveu que “a natureza é ordem e lei, unidade e diversidade sem fim, sutileza, harmonia e força”, de modo que sua relação com a mesma se fez presente em muitas de suas concepções arquitetônicas, não sendo diferente no projeto em foco. Para tal, a contemplação da natureza seria algo utilizado na criação da Villa Savoye, uma vez que sua implantação central no terreno lhe permitiria tal atribuição.

PROBLEMÁTICA: O VOLUME DE ACESSO

Com a intenção de criar um volume suspenso, que solução seria mais viável? De que forma essa barreira seria contornada? A solução encontrada por Le Corbusier foi a criação de uma volume arqueado que atuaria em conjunto com a malha ortogonal de pilares que sustentaria o volume quadrangular que viria no plano superior. Com isso ele atribui certo “convite” à entrada e sua direção era então reafirmada pela presença do então denominado pilotis. Pensando primeiramente na forma, ele quis também atribuir à villa um sentido de continuidade, que seria proporcionado pela presença da rampa e da escada, cada uma com suas características a parte. O que é de certa maneira intrigante foi o contraste estabelecido entre esses dois objetos funcionais – a rampa linear e a escada em espiral - que no fim acabam contribuindo para a dinâmica do espaço.

PRINCÍPIOS GEOMÉTRICOS

Além da forma quadrangular na parte superior da edificação, a presença da parede curva já mencionada anteriormente viria com a intenção de estabelecer um eixo dominante, caracterizando assim a forma como direcional, de modo que uma reentrância no volume criado seria destinada à garagem o acesso pelo automóvel. Estrategicamente, Le Corbusier adotou uma malha estrutural não convencional, de modo que esta se adaptaria conforme a exigência da planta geradora.

DIVISÃO ESPACIAL

Como tais características atribuídas a essa edificação, que não eram até então tradicionais, afetariam o seu uso e a utilização do espaço? Para muitos, ambos seriam dificultados, porém Corbusier apresenta soluções para essas questões. Em suma, o que foi pensado por ele era a divisão por um eixo diagonal que se distribuiria em uma zona espacial e outra celular, de forma a garantir também a separação entre o uso público e o privado. A edificação seria então segmentada por três espaços bem definidos: o salão, o terraço e o terraço coberto. Ressalta-se que essa distribuição espacial é também contrastante, de modo que o caráter oblíquo da rampa é interrompido pelo restante ortogonal do edifício. Outro ponto importante se remete ao controle espacial que se teve ao intercalar-se planos sólidos, opacos e transparentes, permitindo diversos ângulos de visão, possibilitados principalmente pela localização central da rampa.

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