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A Contabilidade Financeira

Por:   •  9/9/2021  •  Trabalho acadêmico  •  2.675 Palavras (11 Páginas)  •  324 Visualizações

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ATIVIDADE INDIVIDUAL

Matriz de atividade individual

Disciplina: Contabilidade Financeira

Módulo: 4

Aluno: Nuno Ponce de Leão Gonçalves

Turma: ONL021DW-POGFIRS11T6

Tarefa: Análise fundamentalista da empresa Natura S.A.

Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar em forma de relatório uma análise de dois exercícios da empresa Natura S.A., considerando o balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício como as demonstrações contábeis utilizadas como base para as informações que serão apresentadas. Neste trabalho veremos: análise vertical, análise horizontal, índices de liquidez, estrutura de capital, lucratividade, rentabilidade e situação econômica e financeira da empresa. Bem como seus significados e o que os mesmos representam. As demonstrações contábeis utilizadas para base deste trabalho se encontram ao final desta matriz de atividade.

Análise horizontal

A análise horizontal é utilizada para verificação de tendências, de um grupo total ou subgrupo em dois ou mais períodos. Como objetivo principal, esta análise permite ao usuário da contabilidade observar se um determinado grupo ou subgrupo de conta apresenta um aumento ou diminuição. Segundo SILVA (2019, p. 109) “...é realizada a partir da evolução de uma conta ou de um grupo de contas ao longo de vários períodos, tendo seu foco nos efeitos, não revelando, entretanto, as causas das mudanças.”

Ao analisar o ativo circulante no balanço patrimonial da empresa Natura S.A., merece destaque a conta de Aplicações Financeiras, que sofreu uma redução de -52,6% quando comparado os períodos apresentados. Já no ativo não circulante, o que chamou mais atenção foi a conta de realizável a longo prazo, com um aumento de 124,5% na comparação dos dois períodos. No passivo circulante se destaca a conta Empréstimos e Financiamentos, com uma redução de -68,6%. Observando o passivo não circulante, também temos a conta de Empréstimos e Financiamentos, dessa vez com um aumento de 43,6%.

Agora voltado as atenções para a demonstração do resultado do exercício, pode-se mencionar a expressiva variação negativa da conta outras receitas e despesas operacionais, apresentando -237,9%. Também pode-se destacar as receitas e despesas financeiras, que apresentaram variações de 329,4% e 169,0%, respectivamente. Bem como a conta de imposto de renda e contribuição social, com variação positiva de 300%.

Análise vertical

Com o cálculo da análise vertical, no que diz respeito a balanço patrimonial, é possível identificar o tamanho da participação de uma conta contábil dentro de um grupo de contas. E na demonstração do resultado do exercício, pode-se perceber a participação de cada conta dentro das receitas e despesas.

Como foi descrito por SILVA (2019, p. 122), “A análise vertical pode ser entendida como a análise da estrutura das demonstrações, pois permite a identificação da real importância de uma conta dentro do conjunto de contas ao qual pertence.” Essa informação é válida tanto para o balanço de pagamentos, quanto para a demonstração do resultado do exercício.

Ao analisar o balanço patrimonial da empresa Natura S.A., utilizei de comparação entre o ativo circulante e o ativo não circulante, nesta comparação pude observar que o não circulante teve um aumento em relação ao circulante. Com base somente nesta observação ainda fica cedo para descrever um diagnóstico, mas é possível que esta empresa esteja com problemas de liquidez. Através dos cálculos constantes no balanço patrimonial, foi possível observar que o passivo circulante teve uma diminuição na comparação dos períodos analisados, já o passivo não circulante teve um pequeno aumento, dessa forma, é possível que o motivo desta diferença entre as duas contas seja em decorrência da aquisição de novos recursos para o longo prazo.

Ainda no balanço de pagamentos, é importante ressaltar que a empresa em questão tem uma concentração muito grande no ativo não circulante, mais especificamente na conta Investimentos, a princípio o que se pode deduzir, é que a empresa possui uma quantidade de recursos elevada em coisas, como por exemplo, veículos, ações de outras companhias, imóveis para renda, etc. É possível verificar através das tabelas que esse percentual de recursos subiu de 56% para 59,7% de um período para o outro.

Também importante destacar, que o patrimônio liquido teve um aumento de cerca de aproximadamente 70%, encerrando o exercício de 2018 com 20,6% do total de seus recursos do passivo somente no patrimônio líquido, dessa forma, podemos observar que a empresa é muito dependente de capital de terceiros, uma vez que o total do seu passivo representa quase 80% dos recursos.

Passando para a demonstração do resultado do exercício, em relação a análise vertical, podemos observar quanto cada conta representa do total de receitas e despesas. Ao fazer essa análise, uma conta que chamou atenção foi a de despesas operacionais, representando mais de 40% da receita, o mesmo percentual vale para os custos dos bens e serviços vendidos. Apesar da receita ter aumentado no exercício de 2018, houve um aumento nas despesas operacionais e de despesas com vendas, e um aumento expressivo nas despesas financeiras, impactando no lucro líquido, que apesar do aumento das receitas, sofreu uma redução de quase 3%.

Cálculo dos índices de liquidez

De acordo com SILVA (2019, p. 144), “O objetivo do estudo da liquidez é avaliar o grau de solvência da empresa, ou seja, capacidade financeira de saldar seus compromissos.” O estudo da liquidez permite analisar a capacidade de uma empresa em pagar suas dívidas, analisando, basicamente, a razão entre ativo e passivo no balanço patrimonial. Os índices de liquidez se subdividem em quatro, são eles: liquidez imediata, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez geral.

- Liquidez Imediata: trata de um índice que permite visualizar o quanto que uma empresa tem nas suas disponibilidades (caixa e bancos) para saldar dívidas de curto prazo, ou seja, tudo o que houver em seu passivo circulante.

- Liquidez Corrente: esta liquidez é considerada a melhor para medir de forma mais exata a situação financeira da empresa, também a mais utilizada pelos analistas. A razão deste índice é o ativo circulante pelo passivo circulante.

- Liquidez Seca: o cálculo para este índice é parecido com a liquidez corrente, mas neste é retirado o estoque. A razão para a retirada do estoque pode ser para empresas que tenham um estoque muito baixo, ou para empresas que possuam um estoque muito elevado em comparação com o seu contas a receber, é considerada a prova de ácido dos índices de liquidez.

- Liquidez Geral: essa liquidez abrange todo o ativo circulante mais o realizável a longo prazo, dividido pelo passivo circulante somado ao exigível a longo prazo. Seu objetivo é poder visualizar toda a capacidade que a empresa tem em quitar duas dívidas no longo prazo.

Diante do exposto, passaremos agora para a interpretação dos índices de liquida da empresa Natura S.A. conforme tabela apresentada nos anexos deste trabalho.

Na liquidez imediata, a empresa analisada teve um aumento de 0,02 p.p., apesar de ser um aumento pouco expressivo, é um sinal positivo e significa dizer que, para cada $1,00 unidade monetária em dívidas de curto prazo, esta empresa tem 0,04 em disponibilidades (caixa e bancos). Isto pode ser observado como algo bom, pois demonstra que a empresa não possui valores elevados em caixa, mostrando ter uma gestão de fluxo de caixa eficiente.

Na liquidez corrente houve um aumento de 64% no índice, finalizando o exercício de 2018 com um índice de 1,16. Significa que a empresa detém de $1,16 em recursos de curto prazo para pagar cada $1,00 de suas dívidas. Evidenciando que a empresa aumentou sua capacidade de solvência de um exercício para o outro.

Na liquidez seca a empresa também deu um salto, encerrando 2018 com um índice de 1,08. Este resultado representa que a empresa não possui dependência de seus estoques para saldar suas dívidas, uma vez que ela possui $1,08 para cada $1,00 em dívida.

Na liquidez geral a empresa fechou 2018 com uma leve redução no índice, encerrando em 0,39. Esta informação nos indica que para cada $1,00 em dívidas, a empresa possui $0,39 em recursos de curto e longo prazo. Mas não significa ser algo para se preocupar, ao analisarmos o balanço patrimonial podemos perceber que a empresa possui uma grande quantidade de recursos no ativo sendo financiado no longo prazo, aproximadamente 77% dos recursos estão no ativo circulante.

Cálculo da estrutura de capital

De modo geral, os cálculos da estrutura de capital visam observar o grau de endividamento de uma empresa, e se dividem em: endividamento geral, composição do endividamento, imobilização do capital próprio, imobilização dos recursos não recorrentes e passivo oneroso sobre o ativo.

- Endividamento Geral: de acordo com LIMEIRA (2015, p. 83), “demonstra a estrutura de capital da empresa apontando, assim, seu grau de endividamento.” Através deste indicador podemos identificar se a empresa demais mais de capital de terceiros ou do capital próprio.

Composição do Endividamento: através deste índice é possível identificar se a empresa concentra suas dívidas no curto ou no longo prazo.

- Imobilização do Capital Próprio: neste indicador vamos poder enxergar quanto do ativo não circulante (excluindo o realizável a longo prazo) é financiado pelo patrimônio líquido.

- Imobilização dos Recursos não Recorrentes: este indicador nos permitirá analisar o percentual do passivo não circulante somado ao patrimônio líquido que foi convertido para aplicação no ativo não circulante (excluindo o realizável a longo prazo). Para LIMEIRA (2015, p. 85) “esse indicador tem papel fundamental quando o capital próprio demonstra-se insuficiente para cobrir as aplicações de recursos efetuadas em investimentos, imobilizado e intangível”. Ou seja, fazer com que a empresa necessite busque recursos de terceiros no longo prazo para financiar seu ativo.

Passivo Oneroso sobre o Ativo: de forma bem resumida, podemos dizer que este indicador nos mostra quanto a empresa depende de instituições financeiras, que cobram juros por seus empréstimos e financiamentos, por exemplo.

Aplicando os conceitos acima com o resultado dos índices em anexo da empresa Natura S.A. podemos afirmar o seguinte:

Sobre o endividamento geral, podemos observar que houve uma redução de 2017 para 2018, no entanto, em 2018 seu endividamento geral foi de 79,4%. Em poucas palavras, pode-se afirmar que a empresa em questão possui uma dívida, de curto e longo prazo, que compromete cerca de 79,4% do seu ativo. Ao comparar os dois períodos, pode-se concluir que a empresa teve uma leve diminuição de sua dependência de capital de terceiros.

Falando agora sobre a composição da dívida da empresa, ela saiu de 47,3% em 2017 para 24,8% em 2018. Significa que 24,8% das suas dívidas se encontram no curto prazo, isso poderia ser um dos fatores para explicar o aumento da liquidez corrente em 2018.

No exercício de 2018 a empresa teve uma redução da sua imobilização do capital próprio para 333,1%, entretanto, apesar da diminuição, a empresa ainda se encontra muito dependente para complementar seus investimentos com capital de terceiros. Isso nos chama atenção para observar se os financiamentos de longo prazo estão financiando o ativo não circulante de uma forma saudável, sem comprometer a geração de lucros da empresa.

Como visto no parágrafo acima, a empresa não conseguiu suprir suas aplicações nos ativos investimentos, imobilizado e intangível, havendo necessidade de recorrer a capital de terceiros para complementar. Com a diminuição da imobilização dos recursos não recorrentes em 2018 para 85,5%, podemos afirmar que os recursos de terceiros foram suficientes para cobrir os investimentos no ativo não circulante, excluindo o realizável a longo prazo.

Para finalizar esta parte da estrutura de capital, irei avaliar o passivo oneroso sobre o ativo (POSA). Este indicador apresentou uma redução em seu resultado para 65,6% em 2018. Significa informar que 65,6% das aplicações no ativo estão sendo realizadas através de fontes onerosas de terceiros. Apesar da redução, ainda é um índice elevado, pois como já dito acima, este indicador revela o grau de dependência de instituições financeiras no financiamento do ativo.

Cálculo da lucratividade

Para LIMEIRA (2015, p. 88), “Os índices de lucratividade têm a finalidade de avaliar as margens auferidas no resultado da empresa, sejam relacionadas ao produto ou à eficiência do negócio.” Os principais índices de lucratividade que veremos a seguir, são: margem bruta, margem operacional, margem líquida e giro do ativo.

- Margem Bruta: representa o total da lucratividade alcançada na venda de mercadorias, produtos ou serviços da empresa, sem nenhum desconto de despesas ou custos.

- Margem Operacional: esta indica o ganho operacional da empresa em relação ao seu faturamento.

- Margem Líquida: este indicador aponta a lucratividade da empresa após as deduções cabíveis, além das participações no resultado.

- Giro do Ativo: este indicador pode mostrar se o faturamento líquido da empresa foi suficiente para cobrir os investimentos totais da empresa. De acordo com LIMEIRA (2015, p. 89), “Esse índice é bastante dependente do setor de atuação da empresa, não sendo possível estabelecer padrões, e sua análise deve ser combinada com a análise dos indicadores de lucratividade.

Trazendo estes conceitos para nossa análise da empresa Natura S.A., podemos perceber que a margem bruta, ao analisarmos os dois períodos, quase não sofreu alteração, encerrando o exercício de 2018 em 60,5%. Significa dizer que a empresa lucrou 60,5% em cima dos produtos comercializados. Passando para a margem operacional, já podemos observar uma alteração um pouco mais significativa, com uma lucratividade de 11% em 2017 para 7,2% em 2018. Na margem líquida também houve uma queda, reflexo da queda na margem operacional, encerrando 2018 com 8,7%.

No giro do ativo a alteração foi mínima, passando de 0,50 em 2017 para 0,51 em 2018. Este resultado significa afirmar que em 2018 a empresa vendeu $0,51 para cada $1,00 investido, dessa forma, o faturamento líquido da Natura S.A. não foi suficiente para recuperar os investimentos totais efetuados.

Cálculo da rentabilidade

A rentabilidade pode ser considerada um dos índices mais procurados pelos investidores, pois é ele que vai mostrar, de fato, o retorno financeiro da empresa e observar o custo de oportunidade, ou seja, se é mais vantajoso investir na empresa X ou na empresa Y. Podemos subdividir este índice em duas partes, são elas: rentabilidade do patrimônio líquido (ROE) e rentabilidade dos investimentos (ROI).

- Rentabilidade do Patrimônio Líquido: de forma geral, este índice mede a remuneração dos capitais próprios da empresa.

- Rentabilidade dos Investimentos: este índice demonstra quanto que a empresa está recebendo de retorno em relação aos seus investimentos.

Passando para o caso da empresa Natura S.A., podemos observar que entre os exercícios de 2017 e 2018, a emprese teve uma redução em sua rentabilidade do patrimônio líquido de cerca de 50%, encerrando o ano de 2018 com um ROE de 21,3%. Com essa informação, podemos afirmar que os acionistas obtiveram um retorno de 21,3% sobre o capital investido.

Acerca da rentabilidade dos investimentos (ROI), a empresa em questão sofreu uma leve redução, encerrando o exercício de 2018 em 4,4%. Dessa forma, pode-se afirmar que a empresa consegue recuperar os totais de seus investimentos em 22,8 anos (payback). Aparentemente, pode parecer que seja elevado, mas temos que ressaltar que este número não é absoluto, podendo variar a cada exercício, dependendo do comportamento econômico ou financeiro no momento.

Conclusão sobre a situação econômica e financeira da empresa

Neste trabalho foi possível visualizar a situação econômica e financeira da empresa Natura S.A. Foi utilizado como fundamento o balanço patrimonial e demonstração do resultado de exercício, através destas demonstrações, foi possível extrair os índices de liquidez, que conforme demonstrado, são números relevantes e denotam uma situação confortável, com um fluxo de caixa eficiente, com recursos aplicados de forma a gerar receita para a companhia, merece destaque a liquidez corrente, que foi possível observar que a empresa aumentou sua capacidade de solvência, também podemos observar, através da liquidez seca que a empresa em questão não depende dos estoques para saldar suas dívidas.

Em se tratando de dívidas, através da análise da estrutura de capital nos exercícios de 2017 e 2018, é possível perceber que a composição das dívidas, de uma forma geral, se encontra equilibradas, quando consideramos o porte da empresa.

Indo ao que mais interessa para o investidor, foi possível verificar uma rentabilidade em cima do patrimônio superior a 20%. Este é um número atraente quando comparado a investimentos conservadores de renda fixa no mercado financeiro, nos levando á conclusão, que a companhia Natura, ao final de 2018, se demonstrava ser uma empresa atrativa para aplicações.

Referências bibliográficas

LIMEIRA, A. Luiz Fernandes. Gestão contábil financeira. São Paulo. 2ª Edição. Editora FGV, 2015.

MARION, J. Carlos. Análise das demonstrações contábeis. São Paulo. 8ª Edição. Atlas, 2019.

SILVA, A. ALCÂNTARA. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. São Paulo. 5ª Edição. Atlas, 2019.

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