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Analise de sistemas

Por:   •  19/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.353 Palavras (10 Páginas)  •  278 Visualizações

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Disciplina: filosofia da educação

Tema da aula: O papel da educação na construção da cidade ideal.

INTRODUÇÃO

A filosofia nasce como tentativa de resposta a problemas concretos, que afetam e se relacionam mesmo com a vida do mais comum dos homens. Platão, ao idealizar a cidade perfeita, não fugia a esta regra. O filósofo grego, ao escrever seu livro mais importante, A República, tinha em mente idealizar uma cidade que fosse completamente justa e harmoniosa. Duas das questões fundamentais propostas por Platão em A República são: 1) como é possível tornar o homem justo?; e 2) como é possível tornar a cidade justa? A partir destas questões o discípulo de Sócrates desenvolveu uma obra rica e multifacetada que logrou discutir diversos outros temas que se tornariam clássicos na filosofia ocidental, conquistando para a obra em si mesma também o status de clássica. Nas linhas que se seguem, discutiremos de modo geral qual a percepção de Platão a respeito da educação e sua importância no projeto de consecução da república por ele idealizada.

DESENVOLVIMENTO

O livro I de A República marca, nesta obra, o início das investigações platônicas sobre a justiça. O principal interlocutor do diálogo, Sócrates, depois de muito discutir sobre tal tema, e sem ter ainda conseguido definir a essência da mesma, propõe a seus interlocutores que o foco da discussão, que até então estava colocado sobre a justiça particular de cada homem, seja deslocado para uma dimensão mais ampla; passa, então, a discutir o que seria a justiça no âmbito geral da cidade. Acredita Sócrates que somente com esse deslocamento se possa visualizar no todo da cidade os traços constitutivos da justiça que posteriormente deve-se verificar nas partes que são seus cidadãos.

Acompanhemos as principais teorias de Platão sobre a constituição de sua cidade ideal.

1. Divisão da cidade segundo suas classes

Para Platão, a cidade deve ser constituída por três classes diferentes. Primeiro, temos a classe econômica, constituída por proprietários de terra, artesãos e comerciantes, responsáveis pela manutenção e subsistência da cidade. Segundo, temos a classe militar, constituída por guerreiros e soldados, responsável pela defesa da cidade. Em terceiro, temos a classe dos sábios e legisladores, responsável pelo governo da cidade e a constituição das leis.

2. Classificação das classes da cidade segundo os diferentes tipos de alma

Tal divisão da cidade em classes não é, para Platão, aleatória. Segundo o filósofo, a cisão se vê legitimada pelo fato de possuirmos cada qual um tipo específico de alma. Para o filósofo grego, três são os tipos de almas: alma concupiscente ou desejante, alma irascível e alma racional. A alma concupiscente é aquela mais inclinada a buscar a satisfação dos apetites corporais e a satisfação das paixões e prazeres; a alma irascível é inclinada à coragem e à guerra; a alma racional é possuidora da inteligência e do intelecto. Os membros da classe econômica são possuidores da alma concupiscente; os membros da classe militar possuem alma irascível; por sua vez, os membros da classe de governantes possuem alma racional.

Assim estabelecido, Platão prevê uma hierarquia, em termos qualitativos, que decresce desse último tipo de alma em direção àquela primeira. Portanto, na cidade perfeita idealizada por Platão, os governantes, uma vez que possuem alma racional, constituem a classe mais elevada e importante do ponto de vista moral e político.

3. O conhecimento como critério para bem governar: o rei filósofo, a defesa da participação feminina na política e a crítica à democracia

Uma das teorias mais importantes expostas por Platão em A República é a de que o pleno exercício do governo cabe única e exclusivamente àqueles que detêm conhecimento. Nesse ponto, é sentida fortemente a influência de Sócrates sobre o pensamento platônico. Como sabemos do pensamento socrático, somente pratica o bem e pode ser justo aquele que conhece o que é o bem e a justiça. Conhecimento e ética, assim como ética e política, tanto para Sócrates quanto para Platão, são coisas inseparáveis. Por isso, para o discípulo de Sócrates, só pode agir com justiça e equidade, organizando a cidade de modo justo e eficaz, aquele que possui o conhecimento necessário para tal.

Neste aspecto, não é difícil entender o raciocínio de Platão. Tomemos um exemplo. Suponhamos que estejamos todos a viajar de avião. Imaginemos, agora, que no meio do vôo o piloto começa a passar mal e fica impossibilitado de prosseguir na condução da aeronave. Imaginemos, ainda, que tal aeronave não conta com um co-piloto. Contudo, em meio aos passageiros, uma pessoa levanta o braço e se declara piloto, estando apto a prosseguir a viagem. Em tal situação, o que faria mais sentido, deixar que aquele que conhece sobre a arte de pilotagem conduza a aeronave até o seu destino ou, por exemplo, tentarmos votar em candidatos que se habilitassem a fazê-lo? Para Platão, como de resto para provavelmente todos na aeronave, a resposta seria inequívoca: a aeronave deveria ser conduzida por aquele que conhece. A mera suposição de se dar margem para decisões democráticas seria uma catástrofe, pois que abriria a possibilidade de a vida de todo o grupo ser imediatamente colocada em risco pela possível falta de conhecimento daquele que conduziria a aeronave.

Tal metáfora nos ajuda a compreender o pensamento platônico a respeito da política. Para ele, a cidade deve ser governada por pessoas capazes, que tenham o conhecimento suficiente para tal. Mais importante, uma vez que só o conhecimento do bem pode conduzir uma pessoa a ser boa e justa, é ele uma exigência indispensável ao bom governo e à organização justa da cidade. Como para Platão a posse do conhecimento era um privilégio exclusivo dos filósofos, uma sociedade justa seria aquela governada por filósofos que se tornaram reis ou reis que se tornaram filósofos. Entende-se, assim, a crítica que o filósofo faz à democracia, uma vez que essa permitiria a participação política mesmo para aqueles que não tivessem o conhecimento necessário. Em prejuízo da democracia, Platão defende uma aristocracia não de sangue, mas de conhecimento e sabedoria. Daí o governo de sua cidade receber o nome de sofocracia, ou seja, o governo dos mais sábios.

Nesse ponto, outra defesa importante e extremamente vanguardista feita pelo filósofo grego foi a apologia pública da participação feminina na política. Indo contra os costumes de seu tempo e sociedade, Platão não vê problemas em que as mulheres também se tornem governantes, pois que também elas podem chegar a ter o conhecimento necessário para o exercício do governo.

4. A natureza ideal da cidade platônica e a metáfora com o artífice

A palavra “ideia” vem do grego “eidos”, que significa forma. Falar em mundo das ideias é o mesmo que falar em mundo das formas. Ao conceber sua cidade ideal, Platão pensou formalmente naquela que seria a melhor constituição possível de organização da pólis. Para efeito de compreensão, vale muito a pena compararmos a atividade do rei filósofo de Platão com a atividade do artífice. A metáfora seria: o filósofo está para a constituição da cidade assim como o artífice está para a constituição de, por exemplo, uma cadeira. Para construir um objeto como uma cadeira, uma artífice precisa, primeiro, conceber essa cadeira idealmente, ou seja, formalmente, para só em seguida, servindo-se da matéria prima adequada, dar vida ao objeto. De igual modo, o rei filósofo já antecipa na mente, através de uma ideia, toda a forma que a cidade deve ter antes de ficar pronta. Tanto o artífice quanto o filósofo elaboram um pré-compreensão ideal cujo produto é o fim último; a diferença entre eles está em que enquanto para o artífice a matéria prima pode ser, por exemplo, madeira, para o rei filósofo a matéria prima são pessoas.

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