Contabilidade financeira
Por: Keila DE Matos • 18/3/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 4.950 Palavras (20 Páginas) • 295 Visualizações
Governança Corporativa e Teoria de Agência
1. INTRODUÇÃO
A governança corporativa é um dos vários tópicos bastante comentados atualmente nos meios científico
e empresarial. A globalização dos mercados tem motivado a qualidade desta governança como um
componente para a continuidade das corporações. Com isso, a compatibilidade de práticas de governança
com padrões dos mercados contribui para o sucesso corporativo, pois essas práticas se transformaram
em um pré-requisito para toda a corporação controlar seus recursos eficazmente e captar novos recursos.
Quanto à captação de recursos, Steinberg (2003, p. 16-17) afirma que: Os investidores profissionais de
instituições com mais de 3,3 trilhões de dólares em ativos mostram disposição para pagar valores
adicionais de 24% em média a aquisições ou aplicações em empresas brasileiras que provem manter boas
práticas de governança corporativa.
Conforme comenta Steinberg (2003, p. 35), “investidores estariam dispostos a pagar, em média, um
prêmio de 22% por ações de empresas latino-americanas com boa governança”.
Vários autores estudam a governança corporativa com os seguintes enforques:
A questão da propriedade;
O valor da empresa, desempenho, pulverização do controle acionário; e
Práticas para harmonizar o fornecimento de informações precisas e transparentes para o
mercado e para garantir a igualdade de direitos entre os acionistas.
Portanto, os objetivos deste capítulo são:
Explicar as influências científicas que caracterizam a governança corporativa;
Demonstrar as interfaces existentes de governança corporativa e controladoria nas corporações.
Para atingir esses objetivos, a pesquisa bibliográfica é classificada como teórica e se estrutura da seguinte
maneira:
Conceituação da Teoria da Agência;
Governança corporativa;
Controladoria;
Interfaces de controladoria e governança corporativa sob o enfoque da Teoria da Agência.
2. TEORIA DA AGÊNCIA (TEORIA DE AGENCY)
O estudo da Teoria da Agência teve início, segundo Okimura (2003, p. 24), não apenas com as ideias de
Jensen e Meckling (2004), mas também em estudos realizados por Spence e Zeckhauser (1971) e Ross
(1973) sobre o alinhamento dos interesses entre acionistas e gestores através de políticas de
remuneração e incentivos aos gestores.
A Teoria da Agência está baseada no conceito da firma. Segundo Jensen e Meckling (2004, p. 9):“The firm
is not individual. It is a legal fiction which serves as a focus for a complex process in which the conflicting
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Professora: Mônica Porto Matéria Contabilidade Aplicada 2
objectives of individuals (some of whom may ‘represent’ other organizations) are brought into equilibrium
within a framework of contractual relations”.
Portanto, na firma, existem indivíduos com objetivos conflitantes e estes se tornam equilibrados a partir
de uma estrutura de relações contratuais.
De acordo com Jesen e Meckling (2004), as relações contratuais são realizadas por dois sujeitos:
“principal” e “agente”.
O principal é o sujeito ativo, ou seja, ele solicita atividades para os agentes. O agente é o sujeito passivo,
realiza as tarefas solicitadas pelo principal e recebe uma remuneração por isso. Alguns exemplos de
relações contratuais entre principal e agente são descritos a seguir:
Acionistas e gerentes: estes aumentam a riqueza dos acionistas;
Clientes e gerentes: estes asseguram a entrega dos produtos aos clientes dentro das condições
especificadas;
Acionistas e auditores externos: estes validam as demonstrações contábeis e dão seus pareceres
aos acionistas, afirmando a veracidade (ou não) das informações contábeis.
Da relação contratual entre principal e agente surgem os problemas de agência. Segundo Byrd, Parrino e
Pritsch (1998, p. 15) esses problemas são classificados em quatro tipos caracterizados da seguinte
maneira:
Esforço: os gerentes podem se esforçar menos do que os acionistas gostariam;
Horizonte: os gerentes e os acionais possuem horizonte de tempo para o alcance de objetivos
(principalmente quando os gerentes estão próximos de sua aposentadoria);
Diferentes preferências de risco: os gerentes tendem a ter maior aversão ao risco do que os
acionistas;
Utilização de ativos: os gerentes podem fazer uso abusivo dos ativos da empresa cedidos como
incentivos pelos acionistas.
Em relação ao terceiro tipo de problema de agency, a opinião desses autores é baseada na pesquisa de
Jensen e Murphy (1990), a qual conclui
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