INFORMAÇÃO CONTÁBIL NAS PEQUENAS EMPRESAS
Por: IagoA1ves • 15/4/2017 • Dissertação • 1.390 Palavras (6 Páginas) • 224 Visualizações
INFORMAÇÃO CONTÁBIL NAS PEQUENAS EMPRESAS: AS VISÕES DO CONTADOR E DO GESTOR
As micro e pequenas empresas representam enorme parte dos negócios em funcionamento no Brasil, exercendo papel de extrema importância no desenvolvimento e crescimento do país. Segundo o IBGE, representam 99% dos negócios. Embora representem essa grande parcela dos negócios brasileiros, tais empresas enfrentam grandes problemas administrativos, onde é notável a falha no processo que envolve a informação contábil. Com isso, surge a dúvida: o processo de informação contábil é falho por que a empresa não sabe utilizá-lo ou por que o contabilista não sabe gerá-lo?
A contabilidade tem como objetivo gerar informações econômicas e financeiras sobre o patrimônio da entidade, de forma a facilitar a tomada de decisão. Essas informações são originadas a partir de um bom sistema de informação contábil instituído na empresa, contendo a elaboração e análises das demonstrações contábeis e do fluxo de caixa, da gestão financeira e, também, de estoque. Esse sistema de informação será melhor elaborado com um eficiente controle interno da empresa, que consiste em procedimento e métodos aplicados pelos empresários para garantir o que o nome já diz, o controle da entidade.
Dentro do controle interno um aspecto importante é a gestão e controle de estoque, que teve início durante revolução industrial onde o advento das indústrias “dificultou” o trabalho do contador ao calcular custos, que até então era simples pois as empresas viviam basicamente do comércio, e não da fabricação. O aumento de receita deixou de ser foco, já que aumento as receitas majoravam também as despesas. O ponto passou a ser a redução dos custos. A formação do preço de venda passa por uma boa gestão de custos, pois somente aqui o gestor tem autonomia para mexer no preço final, uma vez que o mercado detém o poder de definir o preço que ele quer pagar.
As demonstrações contábeis podem desempenhar um papel muito importante na condução de uma empresa, uma vez que está intrinsicamente ligada à tomada de decisão. A demonstração é o produto final de todo o processo de controle interno, é nela que se encontram todas aquelas informações apuradas durante o exercício social. No Balanço Patrimonial essas informações são visualizadas de uma maneira estática, ou seja, o balanço deve demonstrar a situação da empresa no exato momento de sua confecção.
A Demonstração do Resultado do Exercício, também de extrema importância, tem como objetivo apresentar verticalmente o resultado da empresa obtido através das operações realizadas durante determinado exercício. Nela podemos visualizar a receita bruta auferida durante o período, deduzidas dos abatimentos e dos impostos; a receita líquida, deduzida do custos; as despesas operacionais; o lucro ou prejuízo operacional; o resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; as participações de debêntures; e por fim, o lucro ou prejuízo líquido do exercício.
A utilização dessas informações está sendo limitada tanto por parte das empresas, quanto por parte dos próprios contabilistas. A contabilidade vem sendo encarada apenas como um instrumento necessário para atender requisitos fiscais, e não como um auxílio a tomada de decisões. Algumas pesquisas corroboram este pensamento de que a ciência contábil vem sendo considerada como um “mal necessário” pelos empresários.
De acordo com o IBGE, em um levantamento feito em 2013, mais da metade das empresas não consegue sobreviver no mercado após quatro anos. Das empresas que foram criadas em 2009, apenas 47,5% sobreviveram até 2013. Este dado mostra como é grave a situação em que se encontra o empreendedorismo no Brasil, e um dos motivos que podem justificar essa dificuldade é o fato de que a maioria das empresas são administradas por parentes que levam sempre em conta a intuição na hora de tomar decisões que podem mudar o rumo do negócio.
Para tanto BARBOSA (UEFS, 2014) realizou uma pesquisa, onde foram levantados dados que preocupam a classe contábil, uma vez que a pesquisa foi categórica ao concluir que os contadores agem com certa negligência no âmbito da Ciência Contábil. Foram entrevistados 11 profissionais de contabilidade, onde constatou-se de primeira que, juntos, são responsáveis por 884 empresas, ou seja, uma média de cerca de 80 para cada um. Nota-se como esse número é elevado quando pegamos exemplos de grandes corporações que chegam a instituir esquipes para comandar seu setor contábil.
Durante a pesquisa foi levantada a questão sobre o conhecimento da existência do controle interno nas empresas responsáveis e 73% dos contadores afirmaram não ter conhecimento. Isto é, das 884 empresas clientes dos contadores entrevistados, 645 estão sob os cuidados daqueles que não tem sequer ciência da existência de seus controles internos. Os 73% afirmaram, ainda, que eles enquanto contadores não influenciam no controle dessas entidades, visto que desconhecem a existência do mesmo nas empresas.
A pesquisa abordou, também, sobre os relatórios contábeis e chegou aos seguintes números: 34% dos contadores afirmaram que não utilizam relatórios contábeis e 33% que não sabem a respeito da utilização dos relatórios. Ou seja, do total de 884 empresas, 680 não contam com relatórios sobre suas atividades, sendo que uma parcela de contadores não sabe nem a respeito de sua utilização. Portanto, essas empresas não têm disponíveis informações suficientes para auxiliá-la na tomada de decisão, uma vez que seu contador não as gera.
Esse estudo avaliou o conhecimento dos profissionais de contabilidade com relação ao controle interno realizado nas empresas das quais são responsáveis. Os números mostram que o contador não se preocupa com a situação da empresa, sendo que esta é uma das características inerentes à Ciência Contábil, uma vez que a partir disso é realizado todo o processo para a obtenção de informações que auxiliam o gestor. A falta dessas informações, ocasionada pela displicência do contador, comprometem a tomada de decisão.
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