O Futuro da Contabilidade no Brasil
Por: slbz Zin • 24/2/2021 • Monografia • 4.323 Palavras (18 Páginas) • 160 Visualizações
O FUTURO DA CONTABILIDADE NO BRASIL
Sérgio Luiz Bertoldo Zin
Profª. Simone Fraporti
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Bacharelado em Ciências Contábeis (CTB 0166)
Seminário da Prática II ( CTB23) - 08/06/14
RESUMO
A contabilidade e o trabalho do contador vem sofrendo profundas modificações. O impacto da informatização em escala total, a internacionalização da economia e novos processos de gestão forçam e sinalizam para uma radical transformação do papel do contador, caso este queira se manter um protagonista ativo no futuro das organizações e dos governos. O contador centrado unicamente nos balanços, demonstrações de resultados e análise de custos, no melhor dos casos, tende a ser rapidamente superado. Há necessidade, a começar pela formação dos profissionais em ciências contábeis, de uma ampliação dos conhecimentos que deverão, no mínimo, envolver administração estratégica, economia, direito tributário nacional e internacional. O contador terá uma função mais intelectualizada e participante nos processos de decisão das organizações como, aliás, os próprios sistemas de informações gerenciais e de planejamento de recursos empresariais, assim o exigem, pois há uma integração entre os atores e sistemas e o contador, como parte importante, deverá participar plenamente. Há um risco de o contador tradicional ser substituído por eficazes programas e sistemas de informações contábeis. Na nova economia há um preocupante desafio, qual seja o da escrituração/quantificação dos intangíveis, que são, cada vez mais, determinantes do sucesso das organizações.
Palavras-chave: Contabilidade Estratégica. Futuro da Contabilidade, Intangíveis.
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade é um dos ramos do conhecimento mais antigo, está diretamente ligada ao ato ou arte de contar e de escrever, cuja origem remonta ao início da civilização. A emblemática figura dos “Escribas” eram os primitivos contadores, conforme registros que remontam ao tempo da civilização Sumeriana, Fenícia e Egípcia. “Cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C [....] As 'Partidas de Diário' assemelhavam-se ao processo moderno: o registro iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, transporte, se ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas”. (PORTAL DA CONTABILIDADE, 2014)
A atividade contábil está sofrendo forte impacto de fatores que influenciam a profissão dos contadores, atualmente estes fatores são:
• carga tributária mutável e crescente, além de constantes alterações na legislação;
• exigência (ou falta) de visão estratégica por parte de muitas empresas e até de governos;
• forte impacto da internet, da informatização e novas tecnologias;
• a realidade presente e crescente dos Sistemas de Escrituração Digital (governo);
• globalização1 e/ou internacionalização2 dos negócios e necessidade de unificação das legislações dos diferentes países ou blocos econômicos. Padronização das práticas contábeis (lei 11.638/2007, que adapta a legislação brasileira aos padrões internacionais. (STAVIS; VEIGA, 2004);
• aumento ou percepção do aumento futuro da influência do estado nas sociedades;
• aspectos ambientais e sociais (balanço ambiental e balanço social) que passam a fazer parte da escrituração e da administração das organizações. Consideração do valor econômico e valor contábil e a contabilização dos intangíveis (MULLER, 2013).
A formação dos novos contadores deve se adaptar ao perfil esperado para o futuro. Normalmente o primeiro fator considerado é o conhecimento, mas hoje se verifica que não é o único. Uma interessante pesquisa entre 2000 executivos bem sucedidos nos USA e Europa mostrou que a atitude, o conhecimento e a habilidade são as capacidades percebidas como mais determinantes do sucesso. Porém, contrariando as expectativas, os pesquisados atribuíram um peso de 15% ao conhecimento e 85% à habilidade e atitude. (PORTIGLIATTI, 2014). Portanto não adianta ser apenas bom em “contas” e registros, é necessário ser pró-ativo no processo.
Para atender estas futuras demandas é necessário, além de bons cursos de graduação, cursos de mestrado e doutorado. Segundo Soares e Pfitscher (2011), os resultados de uma pesquisa, quadro 1, apontaram que para um mercado de aproximadamente 291mil contadores registrados no Conselho Federal de Contabilidade e, para um conjunto de 1028 cursos presenciais de bacharelado em Ciências Contábeis, existem apenas quatro cursos de doutorado, conforme mostrado na tabela a seguir.
Portanto está evidente que para preparar os contadores para a nova economia é necessário ir além dos cursos de graduação, como já fazem as outras profissões. É necessário, também, qualificar para uma era do conhecimento cada vez mais interdisciplinar, com visão ou formação em economia, direito (tributário nacional e internacional), mercado financeiro, atualidades. E são os cursos de doutorado, mestrado e pós-graduação (MBA) que criam a massa crítica necessária ao desenvolvimento e preparo dos novos contadores. Nesta direção a resolução CNE/CES 10 de 16/12/2004 diz no art. 5º:
“ Os cursos de graduação em ciências contábeis deverão contemplar […] conhecimento do cenário econômico nacional e internacional […] em conformidade com a Organização Mundial do Comércio […] que atendam aos seguintes campos interligados de formação: I-conteúdos de formação básica: estudos relacionados com outras áreas do conhecimento, sobretudo Administração, Economia, Direito, Métodos Quantitativos, Matemática e Estatística”.
QUADRO 01 – NÚMERO DE PROFISSIONAIS E CURSOS POR ÁREA
Área
Profissionais
Mestrado
Doutorado
Administração
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