Observalções do texto - Racionalidades, Autoridade e Burocracia
Por: André Dantas • 18/5/2015 • Ensaio • 637 Palavras (3 Páginas) • 380 Visualizações
A burocracia geralmente possui sentido pejorativo na linguagem comum, constantemente ligado à ineficiência e falta de celeridade. Empresas modernas abnegam esse termo, e pregam o nascimento de modelos organizacionais com quebras de paradigmas burocráticos, como a autoridade definida não pelos cargos, mas pelas competências pessoais dos empregados, e a valorização do trabalho coletivo, mais orgânico, por assim dizer.
Trabalharemos um pouco os conceitos de burocracia, principalmente da que fala Max Weber.
Para weber, a racionalidade é um procedimento de controle para dominar a realidade dentro e fora do homem, através do cálculo, previsibilidade e generalização. Essa racionalidade parte do “desencantamento” da sociedade com explicações sobrenaturais e místicas para fatos do dia a dia.
Segundo o autor, existe a racionalidade instrumental e a substancial. Na racionalidade instrumental, temos um modo de raciocínio voltado unicamente para um fim, e devidos meios para alcançá-lo. Já na racionalidade substancial, o modelo é de que cada meio tomado possui, por si próprio, propriedades intrínsecas, eles são dotados de sentidos e compreensibilidade por si mesmos.
No dia a dia, é óbvio que ambos os modelos se mesclam, é difícil definir em que ponto o raciocínio instrumental divaga sobre o caráter e essência do meio tomado. Assim sendo, temos que o agir racional tem sentido relativo, de acordo com o contexto.
A religião protestante, através da graça divina alcançada pelo trabalho, e este sendo o único capaz de dignificar verdadeiramente o homem, acaba por impulsionar a acumulação de riquezas, e por fim o capitalismo de um modo geral. Temos então a ascensão do individualismo religioso, e desenvolvimento do racionalismo, sob o baluarte de que a salvação não virá de outra forma que não seja pela força de trabalho.
Weber ainda versa sobre a relação existente entre o racionalismo e a autoridade. Para ele, existem três tipos ideais de autoridade legítima:
1 – A autoridade tradicional: adquirida de tradições e costumes, é uma autoridade frequentemente imutável;
2 – A autoridade carismática: esta é inerente dos seres que possuem um senso de liderança inato, e que a praticam sem a necessidade de imposição. A pessoa a quem a autoridade está exercendo controle aceita de bom grado esta posição;
3 – A autoridade racional-legal. Esta tem como instrumento mor normas abstratas, e obediência à uma corporação ou organização abstrata. Logicamente, esta é a autoridade mais significativa para a burocracia.
A dominação burocrática, permeada de autoridade racional-legal, como bem vimos, tem como características :
1 – Nivelamento entre o quadro de funcionários, através da contratação apenas dos mais qualificados profissionalmente;
2 – Tendência à plutocratização, justificando assim uma formação profissional mais longa;
3 – Impessoalidade formalista no exercício do dever, sumarizada pela expressão SINE IRA ET STUDIO. Ou seja, sem ira, amor, ou compaixão pelo colega de trabalho: existe apenas o dever.
Agora que dissertamos sobre a definição de racionalismo e burocracia, vamos tentar ligar estes conhecimentos com a nossa área: como posso identificar racionalismo e burocracia na escolha de realizar a escrituração contábil de uma empresa?
...