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Racionalidade, Autoridade E Burocracia.

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Por:   •  20/6/2014  •  7.261 Palavras (30 Páginas)  •  960 Visualizações

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RAP Rio de Janeiro 38(2):199-220, Mar./Abr. 2004

Racionalidade, autoridade e burocracia:

as bases da definição de um tipo organizacional pósburocrático*

Flávio Carvalho de Vasconcelos**

S UMÁRIO: 1. Introdução; 2. Burocracia e racionalização — a gênese weberiana

do paradigma burocrático; 3. As teorias das disfunções burocráticas — a burocracia

como irracionalidade; 4. Introduzindo as noções de ambiente e adaptação — o

argumento contingencial; 5. Definindo o modelo pós-burocrático — a procura por

uma base de legitimidade.

S UMMARY: 1. Introduction; 2. Bureaucracy and rationalization — the Weberian

genesis of the bureaucratic paradigm; 3. The bureaucratic dysfunctions

theories — bureaucracy as irrationality; 4. Introducing the notions of environment

and adaptation — the contingencial argument; 5. Defining the postbureaucratic

model — the search for a legitimacy basis.

P ALAVRAS-CHAVE: organizações; modelo pós-burocrático.

K EY WORDS: organizations; post-bureaucratic model.

Este artigo faz uma revisão teórica dos conceitos de burocracia e das condições de

emergência de um modelo pós-burocrático de organização. Neste modelo pósburocrático

as pessoas passariam a trabalhar de forma radicalmente diferente do

modelo burocrático weberiano, reconhecendo a natureza coletiva e orgânica do trabalho,

ajustando e continuamente redefinindo cargos, tarefas e objetivos em função

do ambiente instável no qual trabalham. Nestas organizações, o empenho pessoal

ultrapassando as atribuições formais dos cargos é valorizado, a criação de uma cultura

organizacional centrada sobre a performance coletiva é incentivada. Mais

ainda, estruturas de comunicação, controle e autoridade em rede são adotadas. A

* Artigo recebido em abr. e aceito em nov. 2003.

** Doutor em administração pela École des Hautes Études Commerciales, França. Professor do Departamento

de Administração Geral e Recursos Humanos da Eaesp/FGV. E-mail: fvasconcelos@fgvsp.br.

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RAP Rio de Janeiro 38(2):199-220, Mar./Abr. 2004

autoridade é vista como resultado não apenas de propriedades formais do cargo

mas também da competência e capacidade de liderança pessoais dos empregados.

Tendo em vista este discurso dominante, este artigo faz uma revisão da teoria

weberiana da burocracia baseando-se na tese da modernização enquanto expansão

da esfera de racionalidade, passando então às teorias das disfunções burocráticas e

aos fundamentos da teoria da contingência, visando a construção de um debate

solidamente articulado sobre a superação do tipo ideal burocrático na sociedade

atual.

Rationality, authority and bureaucracy: the bases for defining a post-bureaucratic

organizational model

This article reviews the theoretical concepts of bureaucracy and the emergence of a

post-bureaucratic organizational model. In such a post-bureaucratic model people

would work in a way that would radically differ from the bureaucratic model. They

would recognize the collective and organic nature of work, continuously adjusting

and redefining their jobs, tasks and objectives according to the demands of the

unstable environments in which they work. In these organizations personal dedication

beyond formal responsibilities is valued and rewarded and the creation of a performance-

oriented culture is stimulated. Moreover, communication, control and

authority networks are built. Authority is seen not only as a result of the formal

attributes of an official job description, but as the use of personal capabilities and

leadership. Having in mind this picture of an ideal post-bureaucratic organization

this article reviews Weber’s theory of bureaucracy, connecting it to later developments

such as the bureaucratic dysfunctions theory and the contingency theory to

ground an academic debate on the continuity of bureaucracy as the paradigm for

current organizations.

1. Introdução

Na linguagem comum a palavra burocracia assume, na grande maioria das vezes,

uma conotação pejorativa. Burocracia usualmente é associada a ineficiência, ineficácia,

atrasos, confusão, autoritarismo, privilégios e ainda a outros atributos negativos.

As organizações modernas são descritas como uma ruptura fundamental com

esses atributos da burocracia, tanto em parte da literatura especializada em administração,

quanto na maioria da grande imprensa. Temas como gestão digital, empresas

hipermodernas, economias pós-industriais e outros freqüentemente aparecem na imprensa,

sugerindo que o “velho” modelo de comando e controle (típico da sociedade

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