A ORIGEM DA DESIGUALDADE SOCIAL
Por: Carlos Alberto Junior • 19/3/2016 • Trabalho acadêmico • 1.826 Palavras (8 Páginas) • 506 Visualizações
A ORIGEM DA DESIGUALDADE SOCIAL
Carlos Alberto de C. A. Junior[1]∗
INTRODUÇÃO
Muita se fala onde iniciou-se a desigualdade social que vivenciamos no dia de hoje e aparentemente nenhuma pesquisa ou estudo foi feito igual ao que Rousseau apresenta no seu discurso.
Rousseau apresenta que o homem é, por natureza, bom e que a desigualdade começa quando passa a viver em sociedade e inicia seu discurso comentando sobre o que a época estava ocorrendo em sua pátria e sempre direcionando de uma forma explícita aos cidadãos e representantes do Estado, os chamando de “Magníficos e muito honrado senhores”.
Sua obra foi dividida em três partes: Dedicatória, Prefácio e o Discurso, onde veremos realmente como Rousseau descreve a origem da desigualdade social. Nelas iremos observar como surge o homem natural e suas características para depois falarmos sobre o surgimento da desigualdade na sociedade.
DESENVOLVIMENTO
Como já comentado o discurso possui três partes para sua textualização: a dedicatória, prefácio e o próprio discurso em si.
No primeiro Rosseau dedica sua obra aos representantes na época, visto que ele entendia que sua pátria e Estado era um exemplo e nas suas palavras constantemente comentara sobre o que seria um estado ideal e as atitudes perante ao bem estar e bem convívio com seus cidadãos onde não haveria guerras e tudo era conquistado ou acertado com suas leis soberanas e cheias de razão.
Essas leis ainda, os asseguravam a segurança onde nada temiam, nem outros conquistadores nem tinham medo que magistrados e representantes da época ficassem ou mais ricos ou mais pobres já que as leis eram integras e deixavam todos num mesmo nível a fim de que não houvesse diferença social.
Rousseau ainda comenta ao final que os senhores e representantes do estado façam prevalecer suas leis no intuito de solidifica-las para serem lembradas por muitas épocas e não como os ancestrais que deixaram as palavras das leis serem esquecidas com o tempo e faz também um pedido aos senhores que Genebra fosse igual Esparta, onde as mulheres são exaltadas, já que para ele a existência delas é a metade da república imprescindível à governança de um país por serem detentoras de uma amável e doçura sabedoria que faziam com que os espartanos não resistissem pelo menos à voz de sua terna esposa. Assim disse para que fossem igual a Esparta e que continuassem a fazer felizes casamentos para que as famílias divididas sejam unidas novamente e que seus filhos não desviassem do caminho da felicidade caindo em desgraça com mulheres perdidas em outros países, onde quis dizer que em Genebra, um exemplo de Estado, não há mulheres deste tipo.
No intuito de não ofender de nenhuma forma pede aos grandes magníficos, muito honrados e soberanos senhores, como chama os representantes do Estado, que não o culpem e ainda o perdoe se de fato houvesse dito alguma palavra mal pronunciada e que quem estava ali era apenas um patriota almejando não só a própria felicidade como também a felicidade de ver todos felizes do fundo de seu coração.
Para Rousseau não era possível falar da origem da desigualdade social sem antes conhecer o próprio homem no início de tudo, que de acordo com ele era equiparado aos animais onde algumas diferenças eram observadas e o denominando homem natural. No decorrer de seu discurso descreve o homem natural como sendo um ser com instinto de autopreservação onde possuindo a razão apenas por algumas vezes em momentos potenciais, tinha um sentimento natural de compaixão ou amor pelos outros de sua espécie. Ainda fala sobre a característica do homem natural como sendo inocente, este explicado por não saber ainda distinguir o bem do mal. Para ele não havia porquê de o homem natural ser levado a viver em sociedade, visto que este vive constantemente o presente.
Como o homem natural, para Rosseau, tinha características que diferiam dos animais, a liberdade e a capacidade de aprendizado, era capaz de aprender. Mesmo assim afirma que por mais que o homem natural tenha algumas habilidades ora encontradas, sozinho não era capaz de desenvolver a desigualdade e que esta se daria por causas externas, e que sem elas o homem jamais desenvolveria a razão e não existiria a desigualdade social, tal qual vemos hoje no mundo em que vivemos, assim afirma em seu texto:
[...]Depois de haver mostrado que a perfectibilidade, as virtudes sociais e outras faculdades que o homem natural recebera em potencial, jamais podiam desenvolver-se por si mesmas, que para isso teriam a necessidade do concurso fortuito de muitas causas estranhas, que poderiam não nascer nunca, e sem as quais poderiam ficar eternamente na sua condição primitiva, resta me considerar e aproximar os diversos acasos que puderam aperfeiçoar a razão humana deteriorando a espécie, tornar um ser mau fazendo-o social e, de um termo tão distante, conduzir enfim o homem e ao mundo em que vivemos.[...] (ROUSSEAU, 1754, p. 89).
Foi quando um primeiro homem que teve a ideia de pegar um pedaço de terra e dizer que é seu foi que surgiu o início da verdadeira sociedade civil de acordo com Rousseau. Ele ainda afirma que se houvesse uma pessoa sequer para contestar estas ações, não haveria muitos males dentro da sociedade como guerras, assassinatos ou misérias.
Com o avanço no modo de pensar do homem dentro da sociedade foram surgindo algumas necessidades para preservar sua sobrevivência onde o primórdio seria a preservação de sua existência e conservação, logo o homem precisou adaptar-se a essas necessidades e sentindo algumas dificuldades, se viu obrigado a vencê-las de um modo que teve que aprender a se tornar melhor em todos os campos da vida, superando obstáculos como altura das árvores para colher alimentos, a velocidade de alguns animais para caça e força para combatê-los quando preciso.
Para Rousseau as estações influenciavam o homem na maneira de viver. Com os invernos rigorosos onde havia muita escassez de comida e verões muito longos, momento que há maior consumismo, o homem teve que se antecipar as esses fenômenos criando uma nova indústria, ao qual fez dos galhos das árvores arcos e flechas e inventou a linha e o anzol para pesca. Em lugares frios começou a usar a pele de animais que matavam para se alimentar e num acaso de um trovão ou pura sorte descobriu o fogo e pouco tempo depois descobriu também como controlá-lo e passou a comer as carnes cozidas que antes comiam cruas. Neste momento Rousseau destaca que todos esses acontecimentos levaram o homem a enfim uma reflexão sobre sua superioridade com todos os animais e usou isso para construir armadilhas e aumentar seu poder. Com isso o fez se encher de orgulho e antes mesmo de conhecer a si próprio se preparava para confrontar os mesmos de sua espécie. Neste sentido Jean Jackes explica que o homem vinha se aperfeiçoando e conhecendo o mundo a sua volta. Identificou em algumas espécies de argila e pedras que podia fazer abrigos para se proteger e armazenar comida, ora consumidos sempre no mesmo momento da caça. Isso foi uma espécie de revolução.
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