ARTIGO SOBRE SUSTENTABILIDADE NO MUNDO DA MODA
Por: Patrícia Thais • 28/9/2020 • Artigo • 1.275 Palavras (6 Páginas) • 467 Visualizações
SUSTENTABILIDADE NO MUNDO DA MODA: O QUE AS EMPRESAS DO RAMO VÊM FAZENDO PARA COLABORAR COM UM PLANETA MAIS SUSTENTÁVEL.
Patrícia Thais do Carmo Tadeu[1]
Sirlei Mendes Pinheiro[2]
RESUMO: A sustentabilidade no mundo da moda é um assunto que vem sendo muito tratado na mídia, vendo que as empresas desse ramo são uma das mais poluentes do mundo, perdendo apenas para as empresas de petróleo. A sustentabilidade no mercado da moda é pensada de forma atrelada à uma ideia ligada ao meio ambiente, ou seja, em uma forma de repensar os métodos produtivos aplicados nessa indústria. O crescimento da indústria não foi proporcional ao desenvolvimento de práticas e cuidados com a sustentabilidade, como todos já sabemos, a indústria sempre poluiu muito mais do que que qualquer outro. O desenvolvimento sustentável atua com estratégias para aproximar o nível de sustentabilidade ao sistema ambiental humano sustentável, e as empresas estão cada vez mais buscando se encaixar nessas estratégias ou até mesmo criar novas para contribuir com um planeta mais sustentável. O presente artigo tem como objeto de discussão o que as empresas do mundo da moda estão fazendo para colaborar com um planeta mais sustentável, analisando que essas empresas são umas das que mais poluem o meio ambiente.
PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade, Moda, Planeta Sustentável.
1 INTRODUÇÃO
A sustentabilidade é um tema que gradualmente vem ganhando evidência e sendo pesquisado com maior destaque no Brasil (e no mundo) nos últimos anos. Boa parte dessa crescente se deve ao fato de as informações sobre os problemas ambientais, sociais e econômicos estarem mais facilmente ao alcance das pessoas. Atualmente, fala-se muito sobre sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável em diversos setores de nossa sociedade.
O termo “desenvolvimento sustentável” foi usado pela primeira vez em 1987, por Gro Harlem Brundtland[3], ela publicou um livro (Our Common Future) onde escreveu em partes: "Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades".
Ao longo da maior parte da nossa história, o homem viu-se como um dominador da natureza e acreditava que ela estava totalmente disponível somente para o seu bem-estar, para o desenvolvimento econômico. Essa forma de pensar produziu uma “sociedade de consumo”, que é exatamente o contrário do desenvolvimento sustentável, pois as indústrias e fábricas buscam extrair o máximo de recursos do planeta para acumular riquezas e satisfazer o consumismo exagerado da população, ocorrendo muito desperdício. O caminho seguido pela economia até o momento foi extrair, produzir, vender, utilizar e descartar, sem se preocupar com o meio ambiente.
Segundo pesquisas, a indústria da moda produz 20 peças de roupa por pessoa por ano. Se a população da Terra é de cerca de 7 bilhões de pessoas são produzidas em média, 140 bilhões de novas peças de vestuário a cada 1 (um) ano. Parte importante dessa produção, existe para dar conta da demanda gerada por um segmento específico da moda que tem cada vez mais força: a chamada fast fashion.
O mercado de vestuário dos EUA é o maior do mundo com cerca de 28% do volume total. Muitas empresas aderiram ao modelo insustentável do “fast fashion” que ganhou força a partir de 1990, onde os consumidores foram acostumados a encontrar roupas novas nas lojas quase todas as semanas, em vez de uma vez por temporada. Enquanto a tecnologia permitiu que as empresas produzissem roupas de forma mais rápida e com menor custo, a rapidez do fast fashion ajudou a tornar a indústria da moda a segunda mais poluente do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera, a segunda em consumo de água depois da indústria alimentícia e a primeira em limitação da vida útil superando a indústria de eletrônicos.
2. PRINCIPIOS DA MODA SUSTENTAVEL
Para comentar sobre os princípios de moda sustentável é necessário conhecer os conceitos de Fast Fashion e Slow Fashion.
O Fast Fashion é o termo utilizado por marcas que possuem uma política de produção rápida e contínua de suas peças, trocando as coleções semanalmente, ou até diariamente, levando ao consumidor as últimas tendências da moda em tempo recorde e com preços acessíveis. Já o Slow Fashion é uma alternativa à produção em massa, que incentiva que tenhamos mais consciência dos produtos que consumimos, retomando a conexão com a maneira em que eles são produzidos e valorizando a diversidade e a riqueza de nossas tradições, apoiando um tempo compatível para um processo criativo e produtivo responsável, que produz mercadorias não descartáveis, relacionadas ao conceito de ser e não apenas ter, que incentiva a consciência ética.
Em 2018 um fórum global sustentável chamado de Global Fashion Agenda (GFA)[4] divulgou um relatório com sete medidas que devem estar nos planos de curto e longo prazo das empresas envolvidas com moda. Esse relatório foi dividido entre três princípios urgentes e outros quatro que devem ser adotados para realizar mudanças positivas no longo prazo.
Vamos então falar sobre os valores que norteiam a nova fase da indústria da moda, os 7 princípios globais para uma moda sustentável são:
- Transparência na cadeia de fornecimento: O fórum recomenda que marcas criem listas de fornecedores, que ajudem as pessoas a serem capazes de desvendar com facilidade suas cadeias de suprimentos, assim, acionistas e consumidores podem saber quais matérias-primas são usadas nas peças que compram e suas procedências.
- Uso eficiente de água, energia e produtos químicos: Outro grande foco das discussões de sustentabilidade na moda é o implemento de programas eficientes de uso de água, energia e produtos químicos. O objetivo deve ser usar o mínimo possível de recursos naturais e evitar emissão de poluentes ao meio ambiente.
- Ambientes de trabalho respeitosos e seguros: O fórum visa discutir as condições trabalhistas na indústria da moda para evitar abusos e reforçar políticas em conformidade com os Direitos Humanos. Neste âmbito, a ABVTEX prioriza duas frentes de atuação: a social, que envolve todas as questões das condições de trabalho na cadeia produtiva, e a econômica, que diz respeito ao desenvolvimento desta cadeia.
- Variedade de matérias-primas: É preciso reduzir os efeitos negativos da produção das matérias-primas usadas nos produtos de moda e desenvolver materiais mais sustentável e novas tecnologias.
- Criação de um ciclo sustentável: O CEO Agenda 2018 incentiva que a indústria de moda produza peças inovadoras que possam ser recicladas ou reutilizadas a longo prazo para evitar descarte irregular.
- Promover melhorias nos sistemas salariais: É fundamental a promoção de debates sobre como implementar um sistema salarial mais justo, já que a indústria da moda emprega cerca de 60 milhões de pessoas, de acordo com levantamento do GFA.
- 4ª Revolução Industrial: O relatório global também inclui a valorização das novas tecnologias pelas empresas, que não devem deixar de se engajar com outras companhias para discutir e projetar o impacto da digitalização antes de aplica-la nos negócios.
Desde a publicação dessas medidas as empresas do ramo vem se adequando dia após dia para se conseguir alcançar o objetivo, medidas que puderam ser implantadas imediatamente já foram, que são as a curto prazo as mais urgentes, mas ainda há muitas medidas, a longo prazo, tanto dentro desses princípios gerais como que as próprias empresas vem criando.
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