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AS RAZÕES DA TOLERÂNCIA

Por:   •  18/9/2018  •  Resenha  •  1.555 Palavras (7 Páginas)  •  151 Visualizações

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Tendo em vista que atualmente ao se referir a tolerância em seu histórico predominante logo vem em mente de que seu conceito está ligado a problemas de convivência de crenças diversas.

No que se refere à tolerância sua percepção tem proporções caóticas uma vez que seu conceito é usado de forma generalizada estando vinculado à convivência de minorias quais são vistas perante uma parcela da sociedade como sendo “diferentes”, podemos citar os homossexuais tampouco os ditos loucos e deficientes. Quanto ao problema acerca desses dois conceitos adere diferentes modos de entender, praticar e justificar a tolerância. Nessa perspectiva o conceito adjunto as crenças religiosas e políticas diversas fariam referência a um discurso sobre a verdade e compatibilidade de verdade contrapostas. Por outro lado, se tem a concepção de tolerância vinculada à convivência de minorias estaria ligado a defeitos físicos ou sociais, um problema que põe em primeiro plano o tema de preconceito e consequentemente discriminação.

As razões em defesa da tolerância no primeiro sentido não são as mesmas que se aduzem para defender a tolerância no segundo. Do mesmo modo, há diferentes razões das duas formas de intolerância. A primeira deriva da convicção de possuir a verdade, a segunda de um preconceito entendido como uma opinião de conjunto de opinião que são acolhidas sem discussão perante a tradição, costume ou autoridades vista como não ser possível pôr em plano os mesmo argumentos utilizados para convencer os fiéis de uma igreja ou o seguidor de um partido a admitir a presença de outras confissões e partidos, por outro lado, os argumentos devem aduzir para convencer um branco a conviver pacificamente com um negro, um turinês com um sulista, a não descriminação social e legalmente um homossexual.

A questão posta perante dos defensores da tolerância religiosa é: como são compatíveis, teórica e praticamente, duas verdades opostas? E as questões postas perante os defensores da tolerância às minorias são: como é possível demonstrar que o mal-estar frente às minorias advém de preconceitos inveterados e irracionais? Logo é dito que o que deve ser combatido não é a intolerância, mas a descriminação seja ela racial, sexual, étnica, etc. Historicamente a tolerância foi posta na Europa durante o período de guerras de religião, pelo movimento dos heréticos, pelos filósofos como Locke e Voltaire, o problema tratado nas histórias de tolerância (sendo a mais famosa, a de Joseph Lecler, numa obra de dois volumes, 1954) o problema é relativo exclusivamente à possibilidade de convivência de confissões religiosas diversas, na época em que ocorre a ruptura do universo cristão.

Da acusação que o tolerante faz ao intolerante, isto é, de ser um fanático, o intolerante se defende acusando-o de, por sua vez, ser um cético ou, pelo menos, um indiferente, alguém que não tem convicções fortes e que considera não existir nenhuma verdade pela qual valha a pena lutar. Em suma, não se pode ser intolerante sem ser fanático, pois que a antítese tolerante-intolerante não é compatível com a de indiferença-fanatismo.

Bobbio ressalta a diferente entre o tolerante e o cético, sendo o cético aquele para quem não importa que a fé triunfe o tolerante por razões praticas dá muita importância ao triunfo de uma verdade, a sua, mas considera que, através da tolerância, o seu fim, que é combater o erro ou impedir que ele cause danos, sendo melhor alcançado do que mediante a intolerância. Aceitar o erro alheio pode ser um ato de astúcia, já que a perseguição causa escândalo e este faz crescer a mancha, a qual ao contrário, deve ser mantida o mais possível oculta. Se me atribuo o direito de perseguir os outros, atribuo a eles o direito de me perseguirem. Hoje é você, amanhã sou eu.

Há modernamente uma convicção na razoabilidade do outro, ou seja, uma concepção do homem como capaz de seguir não só os próprios interesses, mas olhar para o interesse do outro e a recusa da violência como forma de solucionar os seus próprios problemas. Lembra-se o exemplo da ilha da Utopia, onde Utopo explica suas razões “Seria temerário e tolo pretender, através de violências e ameaças, que aquilo que tu crês verdadeiro apareça como tal para todos”. Lembra o autor, o dito de John Locke: (...) a verdade não precisa da violência para ser ouvida pelo espírito dos homens e não se pode ensiná-la pela boca da lei.

Subsequentemente tem o conhecimento da razão moral da tolerância: o respeito á pessoa alheia. O reconhecimento do direito de todo homem a crer de acordo com sua consciência é estreitamente ligado à afirmação dos direitos de liberdade, religiosa e de opinião, que servem como fundamento ao Estado liberal. Se o outro deve chegar à verdade, deve fazê-lo por convicção íntima e não por imposição. A tolerância, aqui, não é desejada porque socialmente útil ou politicamente eficaz, mas sim por ser um dever ético. Nesse caso o tolerante não é cético, porque crê em sua verdade. Tampouco é indiferente, porque inspira sua própria ação num dever absoluto, como é o de respeitar a liberdade do outro.

Ao lado dessas três doutrinas, que consideram a tolerância do ponto de vista da razão prática, há outras que a consideram do ponto de vista teórico. São as doutrinas segundo as quais a verdade só pode ser alcançada através do confronto, ou mesmo da síntese de verdades parciais. Segundo tais doutrinas, a verdade tem diversas faces, neste sentido, colocam-se três posições filosóficas representativas desta exigência: o sincretismo de que foi expressão, na época das grandes controvérsias teológicas, o humanismo cristão e marxismo; o ecletismo, ou filosofia do “justo meio”, que se expressa nas propostas de “terceira via” entre liberalismo e

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