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As Metodologias do Trabalho Antropológico

Por:   •  9/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  597 Palavras (3 Páginas)  •  149 Visualizações

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SEMINÁRIO: Metodologias do Trabalho Antropológico – Texto 5



Belo Horizonte
2018


A etnicidade dos indígenas Kuntanawa é o principal objeto de pesquisa da antropóloga Mariana Ciavatta Pantoja. O ciclo da borracha foi um fato histórico que marcou a economia do Brasil no século XIX. Contudo, os indígenas que habitavam as regiões das seringueiras no Acre foram fortemente perseguidos pelos seringueiros que ali trabalhavam. Muitos indígenas tiveram que viver entre os brancos e adaptarem-se ao seu modo de vida para poderem sobreviver da dizimação que o seu povo estava sujeito. Com o tempo, houve uma forte queda no preço da borracha, e isso fez com que grande parte dos seringueiros fossem embora do Alto Juruá. Assim sendo, os indígenas que escaparam das destruições física e culturais puderam voltar ao lugar onde os seus antepassados viveram. Anos após o declínio da borracha, os moradores da então Reserva Extrativista do Alto Juruá investiram na agropecuária e a prefeitura criou diversos cargos públicos para a população, a fim de gerar bem-estar social para as famílias. Seu Milton, um dos mais antigos indígenas da região, contou que certa ocasião fora surpreendido por suas netas chorando. Ao questioná-las sobre o motivo, elas afirmaram que a professora havia dito que todos os indígenas deveriam ter morrido durante as perseguições e não deveriam estar nas escolas. Isso fez com que seu Milton buscasse mais força para o movimento de afirmação étnica indígena da região. Os descendentes do povo indígena, que sempre habitaram aquela região, foram vítimas de um forte etnocentrismo por parte dos moradores. O termo "Kuntanawa" sempre fez parte da tradição oral do grupo indígena, mas eles passaram a ser conhecidos, pejorativamente, como "caboclos". Conseguinte, o Alto Juruá passou a ser a primeira Reserva Extrativista do país. O povo Kuntanawa passou a ser chamado de "os Milton", em referência ao patriarca indígena, mas eles não aceitaram este termo, visto que ele possui uma atribuição externa. A antropóloga procurou direcionar as pesquisas para os filhos de seu Milton e dona Mariana, visto que eles cresceram no período da extração de borracha, enquanto a geração mais jovem da família, como os netos, passaram pela escola e estão fortemente ligados com a sociedade contemporânea tecnológica. Os Kuntanawa utilizavam de uma bebida enteógena produzida a partir da combinação de diversas plantas para realizar os seus rituais, que possibilitariam que eles ultrapassassem o mundo ordinário, histórico e acessassem a chamada "realidade verdadeira". Os pajés afirmavam que a ayahuasca lhes dava o poder de acessar elementos de sua cultura original, tais como cânticos, pinturas corporais e conhecimentos mágicos. Com a grande miscigenação genética, cultural e territorial, que marcou toda a colonização do Alto Juruá, as relações entre os povos foram diversas: algumas de perseguição e matança, outras de "amansamento" e outras de proteção. A diferença étnica entre os Kuntanawa e os demais moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá é facilmente observada. Porém, existem diversas pessoas com forte parentesco indígena, mas que mesmo assim não consideram-se como tais. Estes mesmos são aconselhados a ficar na Reserva, por lideranças Kuntanawa, no intuito de fortalecer o seu povo e proteger as terras de caças ilegais e desmatamento. Os Kuntanawa não possuem terra identificada, mas estão sob uma terra regularizada, da qual usufruem os seus direitos, isso explica a grande relação entre etnicidade e território. A antropóloga buscou afastar-se de uma abordagem mais sociológica e utilizar da subjetividade. Indo mais além, o termo “autorreconhecimento”  Kuntanawa deveria ser reconhecido pelos pesquisadores, pois seria possível escapar da ideologia de “índios emergente”, que seriam os índios que em algum momento da história param de se reconhecer como tais.

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