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Caso Semelhante - “When they see us” – Olhos que Condenam

Por:   •  12/9/2023  •  Resenha  •  1.358 Palavras (6 Páginas)  •  59 Visualizações

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 Caso Semelhante  - “When they see us” – Olhos que condenam (versão em português).

O grupo, em consenso, optou por analisar e assistir a série com nome original em inglês “When they see us”, traduzido para o português, Olhos que condenam, baseada em fatos reais, sobre um dos casos mais emblemáticos de falsa acusação da história dos Estados Unidos.

Primeiramente, frisa-se analisar, que apesar do crime ter acontecido em outro país, com leis diferentes e procedimentos judiciais distintos, há conexão com o caso “Escola Base”, ocorrido no Brasil, pois trata-se de pessoas acusadas injustamente e erroneamente  e  a influência exercida pela mídia, contribuiu negativamente com juízos de valor a respeito do fato

A narrativa inicia-se, quando uma jovem corredora americana, branca, Patricia Meili, a época com 28 anos, estava praticando seu esporte no Central Park, em Nova York por volta de 21horas, em abril de 1989.

Trisha, como é conhecida, foi atacada, brutalmente, espancada e estuprada, o criminoso arrastou seu corpo por 91 metros para um local mais afastado no parque, na tentativa de esconder o ocorrido, entretanto, ela foi encontrada desacordada quatro horas após a brutalidade. A jovem perdeu 75% de sangue, porém, estava viva, e foi encaminhada ao hospital, onde passou 12 dias em coma. Patrícia, ao acordar, teve inúmeras sequelas, dentre elas, a perda de memória, a vítima não teve recordações sobre o que aconteceu naquela noite.

Ao mesmo tempo em que o crime ocorria, um grupo de jovens de baixa renda, do subúrbio de Nova York, em média 30 negros e afrodescendentes participavam de uma “arruaça” no parque, distantes metros do local do crime. Em decorrência disso, a polícia iniciou a busca ao criminoso nas redondezas do parque e rapidamente associou o ataque aos jovens que por lá estavam, quatro dos cincos acusados, Antron, Yusef, Raymond e Kevin, todos com idade entre 14 e 16 anos, foram levados à delegacia, sem prova alguma de que tinham alguma ligação com o ataque.

Ademais, o jovem Korey Wise, o quinto acusado, o mais velho dentre eles, com 16 anos, mesmo sem ter estado no Central Park, naquela noite, foi acompanhar um dos amigos para o interrogatório, e ao chegar à delegacia, erroneamente também foi acusado de ter cometido a barbárie.

Na delegacia, iniciaram-se os primeiros depoimentos e interrogatório dos jovens menores de idade, a polícia iniciou tal procedimento, sem a presença dos pais ou de advogados. Apesar de todos estarem no parque naquela noite, estavam em grupos diferentes e não eram amigos, apenas a dupla Yusef e Korey, se conheciam.

Não obstante, a promotora de justiça, Linda Fairstein, chefe da unidade de crimes sexuais da polícia de Manhattan, conspira contra os adolescentes e mesmo sem nenhum indício e provas para acusação dos menores, passa por cima da lei e ordena a sua equipe de policiais que inicie o   interrogatório, os agentes induzem os meninos a admitirem que foram os responsáveis pelo crime.

 A polícia permaneceu com os jovens na delegacia por 42 horas, e criaram uma narrativa para “colocarem” os meninos na cena do crime, soma-se a isso os policiais deixaram os garotos sem alimentação por todo esse tempo, para abalá-los emocionalmente e admitirem um crime que não foi cometido por eles.

Os jovens foram obrigados, sob tortura física e psicológica, a assumirem que cometeram o estupro e as violências contra a corredora, com interrogatórios arbitrários. Os depoimentos foram contados com riqueza de detalhes, uma falácia criada pela equipe policial. Os menores, sob pressão, gravaram vídeos e assinaram falsos testemunhos, confirmando serem os responsáveis pela violência acontecida naquela noite.

Os vídeos em que os garotos foram forçados a assumir, mostravam adolescentes reprimidos, reproduzindo respostas vagas e desconexas, limitando-se a responder as perguntas feitas pelos agentes, porém, de forma evidente nas gravações, notava-se que nenhum dos depoimentos tinham detalhes corretos sobre a real localização do crime ou detalhes físicos da vítima.

Um dos pais dos menores ao chegar à delegacia e se assustar com a agressividade dos policiais, perante os jovens, também foi ameaçado por um dos agentes. O policial ameaçou dizer ao seu chefe, que ele havia tido problemas com a polícia no passado, e com medo de perder o emprego, pede ao menor que confirme a mentira, mesmo sabendo que o filho relatava a verdade, ao dizer que era inocente.

A imprensa assumiu um papel importante na problemática, instigando clamor público, provocou grande revolta na sociedade americana que clamavam pela condenação dos jovens. Ademais, o fator racial tanto da vítima por ser branca e da elite de Nova York, quanto dos meninos por serem negros e de baixa renda, contribuiu para que a sociedade americana, mesmo diante da ausência de provas, os levasse a acusação, pois queriam ver os garotos atras das grades.

Jornais de grande circulação, traziam em suas primeiras páginas, o caso com detalhes, previamente condenando os garotos mesmo antes do julgamento, Donald Trump à época, um conhecido empresário bilionário, manifestou-se em uma página inteira, do “The New York Times”, jornal conhecido mundialmente, instigando a sociedade a odiá-los e pedindo pena de morte aos mesmos.

Além disso, o papel midiático sensacionalista, com informações equivocadas, sem moderação, alienando os leitores, sem dar chances aos jovens a chance de se defenderem publicamente, foi suficiente para promover na população, sentimento de revolta, de impunidade, causando assim pré-julgamento e condenando-os sem conhecimento na totalidade do processo.

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