Cultura Um Conceito Antropológico Roque de Barros Laraia

Cultura Um Conceito Antropológico. Roque de Barros Laraia

Resumo da segunda parte: Como Opera a Cultura

1. A cultura condiciona a visão de mundo do homem.

A cultura molda a forma de agir e as atitudes diante de certas situações, cada cultura passa para o individuo um tipo de visão e forma de agir. O que é visto como certo e em uma determinada cultura pode ser uma transgressão para outra, o autor cita como exemplo o homossexualismo, que é intolerado em algumas culturas e em outras o homossexual é visto como um ser divino (visão de certas tribos das planície Norte-Americana). A cultura funciona como uma lente, ela que molda a visão do homem, ou seja, o homem vê o mundo através da sua cultura, consequentemente, vê seu modo de vida e suas crenças como os mais corretos e naturais.

A cultura está diretamente ligada as necessidades fisiológicas e aos costumes. O modo de comer, o que comer, quando comer, por exemplo, são hábitos adquiridos culturalmente. O corpo humano é funcionalmente igual para todos, mas as reações corporais variam culturalmente, como, por exemplo, o modo de rir, como se sentar à mesa, as distinções entre os padrões de comportamento do homem e da mulher. Esses padrões são concebidos socialmente e variam de cultura para cultura.

1. A cultura interfere no plano biológico.

A cultura tem o poder de interferir biologicamente nos individuo por meio de certos agentes culturais. Um desses agentes é a apatia, ela consiste na descrença da eficácia dos padrões culturais em que o indivíduo está inserido, descrença causada por alguma ação exterior,  que pode levar a morte ou afetar diretamente a saúde.  Em contra partida a cultura pode agir de forma benéfica na saúde dos indivíduos como, por exemplo, a partir da crença em certas plantas que curam doenças e a cura de doenças por meio de rituais (grandes exemplos são os rituais indígenas). A cultura abre precedentes para um individuo acreditar em alterações biológicas, tanto positivas como negativas, que decorrem a partir de certas ações ou consequências.

1. Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura.

Em toda sociedade existe modos básicos de comportamento que devem ser conhecidos por todos que as integram, seja em sociedades mais complexas ou nas com menor grau de especialização. Mesmo nas sociedades menos complexas um indivíduo não interagem e detém todos os padrões sociais vigentes, como, por exemplo, as mulheres na maior parte das sociedade tem um papel menos abrangente que o do homem.

A distinção de como o individuo interage com a sua cultura pode ocorrer por ordem cronológica ou uma mera colocação social. Uma criança ou um idoso são excluídos de determinados papeis por não terem capacidades físicas para realiza-los, já a definição de quando se está apto para iniciar a vida adulta pode alterar de acordo com as definições da  cultura. O que é imprescindível é que todos os indivíduos conheçam determinados comportamentos da sua cultura que possibilitem a interação social de forma harmoniosa.

1. A cultura tem uma lógica própria.

Toda cultura possui um padrão lógico que faz sentido a partir dos seus princípios e juízos. Então, um hábito cultural só tem sentido dentro de determinada cultura, já que os recursos que possibilitam a análise e a forma como as coisas são vistas e entendidas variam culturalmente.  Então, a visão de que as sociedade simples são irracionais e tem um pensamento mágico é totalmente arcaica, visto que elas tiram conclusões dos acontecimentos a partir da sua observação direta e dos meios sensoriais que dispõem, o que não desqualifica as conclusões, mas, simplesmente, é a forma cabível de se construir a lógica cultural em determinado momento.