De getulio a castelo

Em novembro de 1930, o líder de um movimento armado de oposição, Getúlio Vargas, tornou-se presidente provisório do Brasil. Dez dias antes, a cúpula militar depusera o governo do presidente Washington Luiz (1926-30), impedindo-o, portanto, de empossar o candidato (Júlio Prestes) que, pelos resultados oficiais, tinha derrotado Vargas na eleição presidencial de março daquele ano. Pela primeira vez desde o estabelecimento da República em 1889, o candidato do governo não conseguiria assumir a presidência. Como o presidente era proibido, constitucionalmente, de substituir a si próprio, havia uma agitação política a cada quatro anos.

Com o apoio dos lideres políticos de um numero de estado capaz de assegurar a maioria eleitoral, o candidato que tivesse apoio do regime não poderia ter medo de perder. O sistema político de coronelismo, apesar de estar em declínio devido às mudanças econômicas, ainda era tido como fator importante nas negociações eleitorais.

Em 30 de maio, Vargas divulgou um manifesto denunciando as “fraudes e compressões” praticados pelos cabos eleitorais, cujos truques e ardis a mesma legislação propicia.

O movimento que catalisou a oposição numa luta armada foi o assassinato do seu antigo candidato a vice presidente, João Pessoa, do estado nordestino da Paraíba. Naquele tenso momento da política nacional, teve efeito traumático porque Washington Luiz apoiava o grupo político ao qual estava ligado o assassino.

A conspiração recebeu o apoio da de políticos da Aliança Liberal e de um grupo de jovens oficiais revolucionários (tenentes). Washington Luiz descobriu que não tinha apoio militar.

A mudança da liderança política trazida pela ascensão de Vargas à presidência ficou conhecida como revolução de 30.

Vargas não tardou a demonstrar extraordinária capacidade para unir facções políticas rivais. Primeiro havia os constitucionalistas liberais que queriam por em pratica os clássicos ideais liberais – eleições livres, governo constitucional e plenas liberdades civis.

Segundo havia os semiautoritários nacionalistas, cuja principal preocupação era a regeneração social e a modernização. (estes eram os tenentes)

Durante a década de 30 os militares foram solicitados reiteradamente a impor o estado de sitio para salvar os governos federais e estaduais. Isso os irritava e perturbava-os o fato de governos eleitos precisassem ser amparados com tanta constância.

O regime de Washington Luiz insistia em manter uma taxa de câmbio fixa para a moeda brasileira, reduzindo com isso a renda do setor de exportação, também recusa a fornecer mais credito para o instituto do café, os cafeicultores ficaram furiosos e culparam a política por suas perdas.

Os constitucionalistas liberais insistiam em eleições imediatas, mas os tenentes não queriam, pois com isso acreditavam que os constitucionalistas liberais anteriores retomariam o poder.

O maquiavélico estilo politico de Vargas encorajava cada grupo a insistir com suas reinvindicações. Os tenentes tiveram influencia dentro do governo de Vargas, mas ele também cedeu aos defensores da reconstitucionalização imediata, como o novo código eleitoral, satisfazendo um dos principais desejos dos constitucionalistas liberais.