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FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS/ SENSO COMUM

Por:   •  27/4/2017  •  Abstract  •  2.555 Palavras (11 Páginas)  •  315 Visualizações

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FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS/ SENSO COMUM

RESUMO

A instituição familiar passou por diversas transformações ao longo dos anos, transformando sua forma de ser e se constituir, até chegarmos à família como entendemos hoje e suas inúmeras variações no modo de ser, trazendo consigo as famílias homoparentais, sendo esta uma das que mais tem gerado polêmica nas últimas décadas.

A família como instituição social conhecida atualmente, sofreu diversas modificações ao longo dos séculos, passando pelas mais variadas formas de constituição e organização. Partindo da família patriarcal, em que o homem, chefe da família, se encarregava de tomar as decisões sobre o rumo de cada membro dessa constituição, passando pela “fragmentação” do convívio familiar, onde avós, pais, netos, tios, primos e etc, passaram a ocupar habitações distintas, cada um com seu respectivo “núcleo” de convivência, até se chegar as diversas formas de organização familiar na contemporaneidade: famílias monoparentais, famílias reconstituídas, famílias extensas, famílias homoparentais, etc. Sendo talvez esta última, a que mais tem trazido debates e polêmica a respeito das novas formas de ser família.

Neste contexto de mudança, ganham destaque as famílias homoparentais, que são constituídas pela relação afetiva-sexual entre dois indivíduos do mesmo sexo, que se relacionam de forma estável, numa mesma habitação, com ou sem a existência de filhos desta relação. Porém, comumente se utiliza o termo de família homoparental para casais homoafetivos com filhos.

A partir do século XX, começam a se estabelecer outras formas de ser família para além da família patriarcal,contudo, apesar de outros modos de ser família se apresentarem ante a sociedade e de sua progressiva aceitação, a família homoparental parece, inicialmente, não seguir na mesma direção de aceitação social das demais, sendo constantemente, alvo de discussões sociais e polêmicas midiáticas no sentido de lhe conferir um status de polarização, sendo concebida como “certa ou errada”, de defesa ou acusação da constituição familiar homoparental.

Grande parte das pesquisas relacionadas às famílias homoparentais tem como objeto de estudo os comportamentos e influências dos casais homoafetivos em relação aos infantes por eles criados, tendo como objetivo a experiência das crianças em relação aos pais homossexuais, com poucas abordagens temáticas que investiguem e analisem a família homoparental para além desse contexto. Sendo assim, faz-se necessário procurar também atentar para as formas, práticas e atuações destas famílias, bem como estas se definem e como são definidas perante o meio social.

Nas últimas décadas, a população homossexual brasileira tem lutado de forma cada vez mais incisiva pelo reconhecimento, tanto dos seus direitos no meio jurídico e constitucional brasileiro, como pelo reconhecimento e respeito da sua orientação sexual e de sua constituição familiar no meio social. Apesar das recorrentes lutas, ainda persistem diversos estereótipos e pré-conceitos referentes à homossexualidade e por conseguinte, à família homoparental. Tais construções sociais carecem de desvelamento, no intuito de compreender como estes reflexos e discursos interferem e são apreendidos pela família homoparental.

Na sociedade contemporânea, a velocidade, acesso e exposição de notícias colaboram para que mais pessoas, em diferentes localidades, tenham acesso à informação, educação, novos conceitos e ideias a respeito do meio social. Contudo, no que tange às informações que dizem respeito à sexualidade, gênero e transformações na família, persiste um processo desilenciamento, não sendo muito comum debates explícitos e abertos nos meios de comunicação a respeito destas temáticas.

Os meios de comunicação (TV, rádio, internet, jornal, etc.), são os principais meios de transmissão de informações para a população, bem como também são os principais responsáveis, na atualidade, por captar as crenças, ideias e conceitos presentes no cotidiano da população e “imprimi-los” em notícias, novelas, entre outros, devolvendo e retransmitindo a população sua própria cultura. Dessa forma, tais meios de comunicação ao mesmo tempo em que “criam” novos conceitos, ajudam a transmitir e reforçar conceitos já existentes no meio social para a população em geral.

Nas últimas décadas, principalmente através da TV e da internet, é possível vislumbrar a figura do homossexual, através de programas de ficção, como novelas e programas humorísticos. A figura do homossexual concebia-se de maneira estereotipada, como um homem tentando passar-se por mulher, ou uma mulher tentando passar-se por um homem em seus comportamentos; sempre de forma exagerada, tendo como objetivo apenas o entretenimento da população através da comicidade de personagens homossexuais na mídia brasileira. A figura do homossexual estava sempre associada à comédia e ao divertimento, sendo o personagem que gerava risos em meio a bordões de efeito e em papéis secundários, nunca com a representatividade de protagonista em meios que não englobassem o núcleo cômico das mídias sociais.

Mais recentemente, as tramas ficcionais da TV passam a incorporar personagens homossexuais em suas histórias através de casais homoafetivos. Contudo, anos de estereotipia e marginalização, trouxeram uma sensação de desagrado da população em geral ao depararem-se com a ideia de homoafetividade.

Entre os anos de1980 e 1990, até os dias atuais, algumas transformações foram vivenciadas na mídia em relação ao conceito e representação da homossexualidade, o que culminou, num processo de transformações conceituais na sociedade em relação à homoafetividade e a homoparentalidadeno Brasil. Contudo, a temática da homoparentalidade ainda é veiculada e retratada nas mídias sociais com certa apreensão, no intuito de não “ofender e/ou escandalizar” o telespectador/ consumidor/cidadão que assiste e consequentemente opina sobre tal temática na sociedade. Mas, por qual razão a mídia tem o poder de influenciar e possibilitar transformações nas representações sociais? Tomando o conceito de representação social enquanto ideias e formas de ações sociais que influenciam as consciências individuais, podendo também o indivíduo acrescer a estas ideias, suas crenças e visões de mundo, é possível compreender como o papel da mídia é fundamental para influenciar a população sobre diversas temáticas, gerando assim um conceito geral e pré-determinado sobre algo.

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