Fluidez das relaçoes humanas
Por: adejanery • 17/6/2015 • Trabalho acadêmico • 4.119 Palavras (17 Páginas) • 597 Visualizações
A FLUIDEZ DAS RELAÇÕES HUMANAS CONTRAPOSTA AS REALIDADES FÁTICAS
INTRODUÇÃO
O sociólogo Zygmunt Bauman em sua obra sobre a Modernidade Líquida demonstra que esta suplantou a modernidade sólida. Com essa ideia o autor busca auxiliar o leitor a repensar sua inserção em um mundo onde nada é feito para durar, tampouco as relações afetivas.
Bauman entende que a única permanência é, justamente, a mudança. E que a incerteza é, a contrassenso, a única certeza.
Enxertado neste contexto temos uma realidade fática, onde pessoas são movidas pela necessidade de ter, uma necessidade volátil e constante. As mudanças exacerbaram uma visão pessimista de autoconfiança e autoimagem. Quer-se sempre mais, pelo simples prazer de se ter e desfaz-se cada vez mais rápido os sonhos e desejos.
Em contrapartida, temos uma grande maioria excluída desta realidade líquida, que vive às margens do ter, excluídas até mesmo pelo Estado, pois não se enquadram em um padrão preestabelecido e mutável a cada tendência nova que surge.
Assim, o que podemos notar é que a importância deste ensaio é o fato de pôr em pauta o tempo em que vivemos e que esta busca desesperada pela mudança, que ocorre tão rapidamente, que sequer somos capazes de acompanhar.
A construção deste trabalho se dá baseada nas obras Modernidade Líquida e Vida Líquida, de Bauman, bem como uma análise assertiva e exemplificativa da construção artística exposta no vídeo “Ilha das Flores”.
Na Modernidade Líquida, o autor expressa que tudo é volátil e passível de mudança, mesmo grupos formados a partir de ideais políticos, casais, conjuntos com afinidades diversas etc. que, deixando passar seus interesses comuns, perdem a consistência e a estabilidade.
Houve ao longo do tempo uma mudança de perspectiva da sociedade, que se transmutou de uma sociedade de produção para uma sociedade de consumo. Mudanças que fizeram desaparecer a motivação da criação em diversas esferas, p. e., as cidades que foram criadas para proteger os cidadãos, já não os protege mais, o que denota a perda de função.
Esta visão também nos assevera uma variante da importância do fator humano neste universo e, como acima explanado, a sua desvalorização e perda de função caso este venha a não se enquadrar no que exige o sistema. Como exemplo, vamos abordar o que expõe o documentário “Ilha das Flores”, onde antes do ser humano temos o dinheiro, sendo que aqueles que não possuem recursos, estão fadados a viverem as margens, vivendo das sobras e do que “não presta” para os outros, inclusive, para o porco.
Enfim, vamos dissecar uma visão autônoma e socióloga da sociedade em que estamos inseridos, seus parâmetros e suas mudanças, favorecendo uns e excluindo outros. Uma sociedade onde o “bem-comum” é facilmente individualizado e transcrito, na prática, em “meu próprio-bem”.
RELAÇÃO CONSUMISTA SÓCIO-AMBIENTAL
As constantes mudanças sociais buscam apenas um objetivo: o desenvolvimento. Sob esse prisma, podemos destacar o papel do Capitalismo. Esse mecanismo social que concentra suas raízes e controle no Estado tem um papel fundamental nas relações de consumo e os impactos, aqui destacamos o ambiental.
Em busca de mais e mais recursos pessoais, ou seja, capital, cada dia temos consequências irreversíveis ao meio ambiente e a coletividade; esta posta em segundo plano, quando se trata de enriquecimento humano.
Consequentemente, a percepção se direciona ao fato da relação de consumo está diretamente interligada ao desenvolvimento da sociedade. Todavia, cabe aos Estados buscar estratégias, instituindo políticas que possibilitem mudanças nos padrões insustentáveis de consumo, com a finalidade de preservar o meio ambiente e incentivar a utilização de produtos recicláveis e biodegradáveis, diminuindo o impacto ambiental.
A sociedade deve modificar sua visão consumista, alterando o paradigma que a relação de consumo e o desenvolvimento andam juntos. O que, na verdade, se torna um grande problema mundial e como consequências do consumo exagerado incentivado pelo consumismo, estabelecido pelo regime capitalista enraizado no seio da sociedade, gerando a degradação irreversível do meio ambiente. Visto que a grande demanda da produção e do consumo atingem diretamente a retirada de matérias primas da natureza.
A urbanização, em detrimento da natureza tem sido uma forma das pessoas se ligarem aos seus trabalhos e objetivos, sem um quê a mais. Mudanças ocorrem tão rapidamente que a evolução dos seres humanos caminha anos-luz à retaguarda.
Esse tipo de relação, qual seja, a relação consumista sócioambiental, é, na realidade, uma inconsistência, uma inverdade, não passando de um engodo, uma vez que não é aplicável, não se sustenta, tal qual o meio ambiente face a necessidade humana de consumir. E ainda que todos tenham direito a um meio ambiente saudável e equilibrado, onde cada um deveria zelar pela conscientização global das relações de consumo de forma moderada e racional, possibilitando, assim o desenvolvimento sustentável.
O que se tem, verdadeiramente, é uma evolução desenfreada e desmedida, que, por um lado, alterou positivamente os conceitos de perto/longe, cedo/tarde, entre tantos outros, mas que, lado outro, cobra um alto preço ambiental, transmutando espaços, quase que ao piscar de um olho, devastando florestas inteiras em prol do bem pessoal e privado.
A conta deixada pela modernidade é alta demais. Os novos valores sociais são absolutamente opostos à sustentabilidade.
A busca por variações tem criado pessoas ansiosas e sem valores morais definidos, bem como uma sociedade insatisfeita e desenfreada, onde existe uma falsa sensação de liberdade. Falsa, posto que as pessoas são compelidas a escolhas preordenadas pelo Sistema, acreditando elas, serem elas mesmas que ditam os parâmetros, quando, na verdade não o são.
Portanto, quando se trata de uma relação de consumo sócioambiental, nada mais temos que um contrassenso abismal, uma vez que são conceitos antagônicos, de um lado a relação de consumo e do outro o social versos o ambiental. Na forma adotada não há pontos convergentes, apenas divergências ideológicas, onde se consome mais do que se é possível produzir e, até mesmo, consumir, alimentando assim uma rede de “vontades insaciáveis” por tudo que é posto no mercado. O social completamente em atrito constante com o ambiente, que já não tem mais o que oferecer, pois sua utilização é predatória e viral.
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