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Livro 3 CIDADE ANTIGA

Por:   •  10/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  4.655 Palavras (19 Páginas)  •  1.472 Visualizações

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LIVRO III – A cidade

A fratria e a cúria; a tribo

A pequenez que se fazia dessa sociedade (família) primitiva correspondia a pequenez da ideia de divindade. Cada família tinha seus deuses, e o homem só concebia e adorava divindades domesticas. A sociedade humana e a ideia religiosa iriam crescer juntas.

Era proibido por religião que duas famílias se fundissem, mas seu uniam por um culto comum. Aconteceu. Certo numero de famílias formou um grupo a que a língua grega chamava de fratria, e a língua latina de cúria. Não haviam nenhuma delas que não tivesse seu altar e seu deus protetor.

Costumes que duraram ate os últimos tempos da história grega e que lançam alguma sobre a natureza da fratria antiga. Cada fratria ou cúria tinha um chefe, curião ou fratriarca, cuja função era presidir os sacrifícios.

A associação continuou crescer naturalmente. Varias famílias agruparam-se formando uma tribo, cada tribo tinha um altar e uma divindade protetora. No que resta das instituições da tribo, nota-se que ela foi constituída para ser uma sociedade independente e se não houvesse nenhum poder social acima dela.

 

Novas crenças religiosas

1°) Os deuses da natureza física

Duas religiões: a primeira tirava seus deuses da alma humana e a segunda da natureza fisica. O homem dos primeiros tempos estava continuamente em presença da natureza, sentia a todo momento sua fraqueza e a incomparável força que o rodeava.Pelos primeiros olhares que lançou sobre o mundo exterior, o homem o imaginou confuso, onde forças rivais o cambatiam.

A crença na inteligência, no invisível, ao que sentia sagrado dentro de si mesmo e a crença no divino aos objetos exteriores, aos agentes físicos que eram seus senhores; juntas deram lugar a duas religiões que perpetuaram tanto quanto as sociedades grega e romana. Não guerrearam entre si, mas jamais se confundiram.

2°) Relação dessa religião com o desenvolvimento da sociedade humana

os elementos que podiam ser divinizados não eram muito numerosos. Na verdade cada homem só adorava um numero muito restrito de divindades; mas os deuses de um não eram os do outro. Os nomes podiam ser parecidos.

Cada família formara os seus deuses, e cada um os guardava para si, como protetores cujas boas graças não quisesse compartilhar com os estranhos. Vem dai aqueles milhares de cultos locais, entre os quais jamais se pode estabelecer unidade. Dai aquelas lutas de deuses de que o politeísmo esta repleto e que representam lutas de famílias ou de cidades. Enfim aquela multidão inumerável de deuses, de que só conhecemos a menor parte.

Com o tempo, quando a divindade de uma família adquiria grande prestigio na imaginação dos homens e parecia tão poderosa quanto a família fosse prospera, toda cidade queria adota-la e dar-lhe culto para obter seus favores.

A medida que a segunda religião foi se desenvolvendo a sociedade cresceu. A lareira que fora a principio o principal, passou a ser só o acessório. Deixou de ser o deus e desceu a condição de altar do deus, de instrumento para sacrifício.

Forma-se a cidade

Duas tribos tampouco podiam fundir-se em uma só; sua religião opunha-se a isso. Mas assim como diversas fratrias se reuniram numa tribo, varias tribos se associaram entre si, respeitando o culto de cada uma. O dia que se fez essa aliança, acidade passou a existir.

A medida que se associavam , os grupos não perdiam sua individualidade nem a independência. Embora muitas famílias tivessem se unido numa fratria cada uma delas permanecia constituída no isolamento, nada mudara.

 A cidade era uma confederação, por isso respeitava a independência religiosa e civil das tribos. Assim, a cidade não é uma reunião de indivíduos: é uma confederação de vários grupos que já estavam constituídos antes dela e que ela deixa subsistirem.

A necessidade ou o sentimento aproximaram as tribos. Com o tempo essa centena de pequenos estados reduziu-se a doze confederações, que mais tarde se tornou Atenas.

Uma antiga crença exigia que o homem honrasse o antepassado; reunia a família ao redor de um altar. Depois a crença cresceu e com ela a associação. A proporção que os homens sentem que há para eles divindades comuns, unem-se em grupos mais amplos.

Ainda acontecia , muitas vezes, de os homens de determinada região viverem sem leis e sem ordem, porque a organização social não tenha conseguido se estabelecer ou porque tenha sido corrompida e desfeita por revoluções muito bruscas.

A urbe

Urbs era o lugar de reunião, do domicilio e sobretudo o santuário dessa associação. Constroem-se algumas casas, é uma aldeia; aos poucos o numero de casas vai aumentando, é uma urbe. Mas era preciso que a cidade primeiro fosse construída.

Chegado o dia da fundação da urbe, lhe oferecia um sacrifício. Ascendem um fogo de mato e cada um salta através da chama ligeiro, a explicação desse rito é que, para o ato que vai realizar-se é preciso que o povo seja puro. Ao redor desse fogo deve se elevar a urbe, como a casa se eleva ao redor da lareira domestica.

É inviolável esse recinto traçado pela religião. Nem estrangeiro nem cidadão tem direito de nele entrar, as muralhas também são sagradas, ninguém poderá tocar nelas. Criam os gregos, como os italianos, que a localização da urbe devia ser escolhida e revelada por divindade.

Rodeada por uma cerca sagrada, ao redor de um altar, era domicilio religioso que recebia os deuses e os homens da cidade. Como os deuses estavam sempre ligados a cidade, o povo também não devia mais deixar o lugar onde os seus deuses se haviam estabelecido.

Cada cidade tinha tradições semelhantes. Todas as urbes eram construídas para serem eternas.

O culto do fundador; a lenda de Eneias

O fundador era um homem que executava o ato religioso sem o qual a cidade não podia existir. Morto ele se tornava um antepassado comum para todas as gerações que se sucediam. Não havia a que a cidade não se apegasse do que a memoria da sua fundação.

Sabe-se que Eneias, filosofo, era considerado o primeiro fundador de Roma. Não se trata aqui de um herói de romance. O poeta quer mostrar-nos um sacerdote. A sua qualidade dominante deve ser a piedade, a sua virtude deve ser alta e fria impessoalidade, que faça dele não um homem, mas um instrumento dos deuses. Eneias era um personagem sagrado, um grande sacerdote, que o povo venerava como um deus.

Os deuses da cidade

Não havia nada mais sagrado numa cidade do que o altar sobre o qual o fogo sagrado era sempre alimentado.                                                                        Da mesma forma que o culto da lareira domestica era secreto e só a família tinha o direito de participar dele, o culto da lareira publica também era oculto aos estrangeiros. Se não fosse cidadão ninguém podia assistir ao sacrifício.

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