O Caso Naji Nahas
Por: Bernardo Abuid • 29/11/2018 • Artigo • 745 Palavras (3 Páginas) • 302 Visualizações
Caso Naji Nahas
• Naji era dono de fábricas, fazendas de produção de coelhos, banco, seguradora e outros negócios, criando um conglomerado de empresas que o tornou multimilionário aos 40 anos e o fez ingressar nas Bolsas de Rio e São Paulo.
• Em 1988 foi criada uma nova forma de financiamento bancário, de forma que ações poderíam ser liquidadas no mesmo dia do fechamento do contrato, e o investidor somente efetuaria o pagamento deste financiamento cinco dias úteis depois do contrato ter vencido. (D-Zero)
• O Sr.Naji Nahas encontrou uma falha no sistema, a partir da qual foi possível organizar suas operações.
• O Sr. Nahas focava nas operações chamadas D-Zero, em que a liquidação dos contratos poderia ocorrer instantaneamente após o fechamento de cada contrato, através de financiamentos bancários, e não mais depois de cinco dias úteis, como era feito até então, o chamado D+5. Ou seja, no mesmo dia em que firmassem a operação, o valor total poderia ser pago ao vendedor, e as ações seriam transferidas ao comprador imediatamente.
• Ele começou a comprar papéis através destes financiamentos, revendendo-os para si mesmo, através de seus “laranjas”, que financiavam o contrato da mesma forma, sem comprometer recursos próprios. As empresas de Naji compravam e vendiam as ações por intermédio de sua própria corretora.
• Com esta movimentação, o Sr. Nahas formava uma aspiral ascendente dos preços das ações, especialmente as da Vale do Rio Doce e Petrobrás, interferindo no equilíbrio natural de oferta e demanda.
• Como Naji Nahas representava uma parcela grande do mercado de valores, ele operava sempre para manter a alta de suas ações, sendo fundamental para que sua estratégia desse certo.
• Ex : Para exemplificar simplificadamente uma operação do Sr. Naji Nahas, combinando D-0 com Zé-com-Zé ( compra e venda dele para ele mesmo), suponhamos que em D-0, o Sr. Nahas dê uma ordem de compra de 2.000.000 de papéis da Vale, cada um a NCz$ 35,00. Isto quer dizer que em D+5 o Sr. Nahas deverá pagar a quantia de NCz$ 70.000.000,00, e receber os papéis negociados. Contudo, em D+5, o Sr. Nahas quer vender estes papéis, que agora valem NCz$ 36,00 cada. Como ele deve pagar à corretora os papéis comprados, antes de vendê-los, e não pode, ou não quer subtrair esta quantia de seus próprios recursos, ele segue o segunite roteiro: negocia com um banco um financiamento de NCz$72.000.000,00 (que é equivalente ao valor que vai receber em D+5, resultante da operação de venda dos papéis), e apresenta como garantia os 2.000.000 papéis da Vale, agora a NCz$ 36,00 cada. O banco concede este financiamento, cobrando uma taxa, que podemos supor ser de NCz$ 150.000. Logo, em D+5 da primeira operação, Nahas tem um financiamento líquido de NCz$ 71.850.000,00. Com este financiamento, ele paga NCz$ 70.000.000,00 à corretora da qual comprou os papéis, e lucra NCz$ 1.850.000,00,sem despender absolutamente nada.
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