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O Fichamento do Livro "1984"

Por:   •  15/9/2019  •  Resenha  •  3.096 Palavras (13 Páginas)  •  992 Visualizações

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1984

        O autor britânico George Orwell apresenta ao mundo no ano de 1949 o consagrado romance intitulado 1984 (mil novecentos e oitenta e quatro). Eric Arthur Blair (George Orwell é um pseudônimo) nasceu no ano de 1903 na Índia britânica, foi escritor, jornalista e ensaísta político inglês sendo mundialmente conhecido não somente pela obra a que se destina este fichamento crítico, como a sua igualmente conhecida fábula intitulada de “A revolução dos Bichos”.  Orwell nasceu em um momento conturbado do contexto europeu e observou os abusos cometidos pelos governos totalitários que se instalaram no meio do século XX, principalmente na Alemanha e na União Soviética. A sua produção literária é uma resposta imediata a sua realidade, buscando alertar aos perigos dos regimes totalitários e introduzindo, mesmo após 70 anos reflexões atuais a respeito da liberdade dos indivíduos.

        Na distopia de 1984 somos apresentados inicialmente ao personagem Winston Smith, homem relativamente comum que morava na cidade de Londres, principal faixa Aérea Um. O mundo é dividido em três grandes blocos geopolíticos, sendo a Oceânia, o maior de todos, composto pelas Américas, as ilhas atlânticas, inclusive as britânicas, a Oceania inteira e parte sul da África. A Eurásia compreende a totalidade da parte norte dos continentes europeu e asiático, de Portugal ao estreito de Bering. Por fim a Lestásia, menor que as outras e com uma fronteira ocidental menos definida, inclui a China e os países ao sul da China, as ilhas do Japão e uma parcela grande, mas flutuante da Manchúria, da Mongólia e do Tibete. Embora não seja apresentado muito além de Londres, subtende-se que todos os três implantaram um sistema totalitário.

        Já nos primeiros capítulos somos lançados a dinâmica imposta pelo regime dos Socing, partido que comanda toda a Ocêania. Através das teletelas todos os cidadãos são vigiados vinte e quatro horas por dia, Winston assim como os outros membros do partido eram obrigados a possuir ao menos uma em casa, mesmo que antiga. As teletelas captam som e imagem se o individuo estiver no campo de visão, ao passo que também transmite conteúdo de interesse do Partido. É impossível desligar as teletelas e não se sabe ao certo quando está sendo observado.

        Em meio a constante vigilância, sentimos o estado de alerta constante vivido pelos indivíduos, aqui resumido nos próprios pensamentos do Smith, que por ser constantemente observado tem de se policiar a todo instante quanto as suas expressões e ações, tudo se desenrola numa constante atuação interrupta sem roteiro da qual os cidadãos tem de improvisar esperando condizer com as expectativas da plateia, o Partido.

        A sensação de constante vigilância se encarna na figura do Grande Irmão (Big Brother) da qual o Partido utiliza para acessar a população, o controle da realidade se instalava em todos os níveis da sociedade levando mais a frente ao próprio Winston questionar-se do que era real e o que não era. A sociedade era dividida basicamente no Núcleo do Partido, a classe mais rica, os membros do partido, como Winston e os proletas, tratados com indiferença pois esses eram uma mão de obra eficaz e descartável, além de facilmente manipulados. O aparelho estatal se dividia em quatro grandes Ministérios.

O primeiro deles o nosso protagonista fazia parte, o Ministério da Verdade era o principal encarregado de falsificar e modificar os documentos que possam ser utilizados para contrariar o que diz o Partido no momento. Ele era encarregado de modificar quantas vezes fosse preciso apagando qualquer evidência que comprometesse o partido. O segundo era o Ministério do Amor, encarregado da espionagem e controle da população. Ele perseguia e torturava quem se voltasse contra o partido, para o Partido não bastava matar, mas converter a oposição a fim de evitar mártires ou alguém que morresse com ideais contra o partido. O Ministério da Paz encarregava-se das guerras, estas eram interruptas e eram uma maneira de domínio da população, concentrando os ânimos em um inimigo em comum. O último era o Ministério da Pujança, que se encarregava da alimentação e produção de bens consumíveis da população. Falsificava em conjunto ao Ministério da Verdade boletins e relatórios para provocar o ideal de que o país seguia em melhora astronômica na economia.

Outra criação para o controle da realidade e do comportamento da sociedade foi a criação da Novilingua, uma língua que buscava reduzir os termos e conceitos a fim de simplificar a comunicação e evitar os crimes de pensamento, dessa terminologia surgem vários conceitos que são explorados no livro. O primeiro e mais importante é o conceito do duplipensamento, ou o duplo pensamento, que consiste em afirmar e negar conceitos que seriam via de regra contraditórios, saber que está errado e se convencer que estar certo. A ideia do duplipensar é posta a prova quando o Winston é posto sobre tortura e indagado quantos dedos o torturador possuía a mostra, mesmo ele vendo quarto o Partido o exigia ver cinco então ele teria de convencer-se de que de fato era cinco e jamais teria sido outro senão cinco.

Essa lealdade fanática ao Partido poderia ser chamada de negrobranco, ou seja, se convencer que o preto é branco e jamais teria sido diferente, se for do interesse do partido. O crimeideia é o ato de portar, lembrar ou deter qualquer pensamento perigoso, que vá de contra aos ideais do partido. Basicamente qualquer ideia que possua ou induza caráter herético ao sujeito que pensa. Por último, temos também a Impessoa que consiste numa pessoa que não existe mais, chamam constantemente de vaporizada, com todos os registros que possam alegar sua existência destruídos apagando o sujeito da história completamente.

A vigilância se fazia constante em todas as dimensões das interações sociais. Para punir os que cometiam crimeideia existia a policia do pensamento, que capturava e levava os desvirtuados ao Ministério do Amor, eles agiam sempre a noite, impulsionando o estado de alerta que já era amplificado com as teletelas. A alienação era tão disseminada que até mesmo as crianças eram bombardeadas com informação e encorajadas a denunciar qualquer um que tivesse atitudes suspeitas, sendo apelidados de Heróis Mirins. A filha de Tom Parsons, talvez o homem mais engajado no Partido de toda a vizinhança, denunciara o próprio pai por suspeitar dele. Além dos filhos e das teletelas ninguém era confiável, havia espiões por todos os lados e não se podia confiar em ninguém, a atmosfera criada pelo Partido era de hostilidade, desconfiança e perigo iminente.

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