Questões de Gênero e Violência
Por: masure • 8/11/2018 • Trabalho acadêmico • 831 Palavras (4 Páginas) • 204 Visualizações
- Questões de gênero e violência
Gênero é diferente de sexo, pois distingue socialmente homens e mulheres, levando em consideração os padrões histórico-culturais atribuídos a ambos. Partindo disto Margareth Mead identificou que é a cultura que molda o comportamento de homens e mulheres em sociedade. E as diferenças de gênero são cultivadas desde o nascimento dos indivíduos. A dominação masculina, segundo Bourdieu (1999), exerce uma "dominação simbólica" sobre todo o tecido social, corpos e mentes, discursos e práticas sociais e institucionais; (des)historiciza diferenças e naturaliza desigualdades entre homens e mulheres. Para Bourdieu a dominação masculina estrutura a percepção e a organização concreta e simbólica de toda a vida social. A violência de gênero produz e se reproduz nas relações de poder onde se entrelaçam as categorias de gênero, classe e raça/etnia. Expressa uma forma particular de violência global mediada pela ordem patriarcal, que delega aos homens o direito de dominar e controlar suas mulheres, podendo para isso usar a violência. Dentro dessa ótica, a ordem patriarcal é vista como um fator preponderante na produção da violência de gênero, uma vez que está na base das representações de gênero que legitimam a desigualdade e dominação masculina internalizadas por homens e mulheres. No Brasil segundo o senso do senado federal, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada. São 130 mulheres por dia. E essas são apenas as subnotficações, já que pesquisas mostram que só 10% das vitimas denunciam. Sabe por quê 10%? Porque 80% das vitimas são crianças e adolescentes com menos de 16 anos. Segundo o fórum brasileiro de segurança publica, a projeção mais realista é de 476 mil casos de estupro. O abandono também é legislativo: O estupro no Brasil até 2 anos atrás tinha pena menor que vender cosméticos sem registro, ou aplicar anabolizantes. A violência física é a mais freqüente ou pelo menos a mais denunciada (58% no total, sendo 32% com lesão corporal). A violência psicológica aparece com 36% e a sexual com 10% entre os BO’s pesquisados. Os motivos da agressão são os mais variados. Em 69% dos casos resulta de discussões motivadas por ciúme, ameaça de separação, problemas de dinheiro, questões relacionadas aos filhos, etc. Alcoolismo, distúrbio mental e desemprego também aparecem como motivos, mas em menor incidência. O fator realmente preponderante é a relação de poder que o homem tem sobre a mulher e que lhe dá o “direito” de agredi-la por qualquer motivo. A ideologia de gênero é um dos principais fatores que levam as mulheres a permanecerem em uma relação abusiva. Muitas delas internalizam a dominação masculina como algo natural e não conseguem romper com a situação de violência e opressão em que vivem. Além da ideologia de gênero outros motivos também são freqüentes, tais como: a dependência emocional e econômica, a valorização da família e idealização do amor e do casamento, a preocupação com os filhos, o medo da perda e do desamparo diante da necessidade de enfrentar a vida sozinha, principalmente quando a mulher não conta com nenhum apoio social e familiar. A violência contra a mulher não pode ser naturalizada. A sociedade precisa parar de culpar a vitima. A gravidade desse crime não pode ser deslegitimada. O Estado precisa executar medidas preventivas e corretivas de amparo e proteção à vitima. Não estamos tratando de dano material, estamos tratando de dano físico, psicológico, estupro, A gente está falando de traumas vitalícios, de “hematomas na alma”. Isso não pode ser natural.
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