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RESENHA DO CURTA “O XADREZ DAS CORES”

Por:   •  27/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  740 Palavras (3 Páginas)  •  6.853 Visualizações

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

Kessia Ayres de Oliveira

RESENHA DO CURTA “O XADREZ DAS CORES”

Salvador

2017

Salvador

2017

Kessia Ayres de Oliveira

RESENHA DO CURTA “O XADREZ DAS CORES”

Resenha apresentada para a disciplina Fundamentos da Antropologia e Sociologia Jurídica, no curso de Direito, da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC.

Orientador: Prof. Eduardo Carvalho

RESENHA DO CURTA “O XADREZ DAS CORES”

O filme “O Xadrez das Cores”, lançado em 2004, foi vencedor do prêmio de Melhor Curta no Festival de Cinema Brasileiro de Miami e tem como diretor Marco Schiavon. Seu enredo traz uma história de teor agridoce, que exala tensão, simbologia e as dualidades que refletem o cruel antagonismo sociorracial inerente à nossa sociedade. Entretanto, a história ultrapassa a barreira da questão racial e aborda temas de fácil identificação e comoção pessoal, gerando inevitável reflexão, tais como a pobreza, solidão, velhice, perda e, principalmente, a negação do conformismo em prol da busca pela superação mediante o conhecimento. Mesmo após terem se passado treze anos desde o seu lançamento, a problemática à qual o filme alude permanece pertinentemente atual.

O Xadrez das Cores é um filme que nos incomoda. A história começa buscando relatar a trajetória de duas personagens, aparentemente diferentes: da empregada doméstica (Zezeh Barbosa), negra, de meia idade, moradora de favela e a da Dona Stella (Mirian Pyres), branca, idosa, classe média e ranzinza. Nesse convívio marcado pelo mau humor, reclamações, insultos e impaciência da patroa, as atitudes explicitamente racistas da mesma chegam a chocar de tão cruéis e recorrentes. Numa situação degradante, marcada pela necessidade econômica, a Doméstica mantém a serenidade e paciência, e a cada quadro/cena desenvolve estratégias de negociação, particularmente por um nível de conscientização. As personagens apresentam-se como forças antagônicas que remetem às classificações e categorizações sociais: rica/pobre, branca/negra, patroa/empregada. Apesar da relação contraditória à qual o filme aponta, ambas possuem em comum a força, determinação, as dores e o sofrimento que a vida pode causar. Isso pode ser visto e sentido num raro, curto e emocionante diálogo, algo possível somente numa relação entre iguais. Apesar de todas suas diferenças, existem semelhanças entre elas, dentre as quais destacam-se: ambas eram solitárias e perderam seus filhos. Nesse cenário de constante opressão, a Doméstica toma consciência da necessidade de virar o jogo. É aí que entra o elemento mais simbólico do filme, o Xadrez, cujo objetivo é dar luz a esse processo transformador. Está aí o ponto central da obra, visto como um jogo de grande estratégia e raciocínio, reconhecido socialmente, inclusive por Dona Stella “como um jogo de Branco”. Além disso, por contar tradicionalmente com peça de cores brancas e pretas, o tabuleiro representava, através de recurso visual, uma luta racial.  O preconceito de Dona Stella pelos negros era tanto que, ao comer as peças pretas da Doméstica no jogo, ela as jogava no balde de lixo, para representar seu desprezo. O Xadrez possibilitou à empregada a capacidade de conscientização, desfoque este dado no momento em que, ao ler as instruções do jogo, descobre que o peão ao chegar na última casa do tabuleiro pode se transformar em qualquer peça, incluindo uma Rainha. Dessa forma, ela resolve se demitir, e fala à sua patroa “Mais do que dinheiro, Dona Stella, eu preciso de dignidade. No Xadrez, como na vida da gente, as peças pretas valem tanto quanto as peças brancas”. Após um pedido de retorno ao posto de trabalho, com a promessa de um melhor tratamento, a empregada convida, novamente, a patroa para uma partida. Isso é mais uma condicionante para sua volta. Dessa vez, uma espécie de confronto final, onde as próprias oponentes são transferidas para o tabuleiro e a peleja se torna equilibrada, demostrando que conhecimento pode ser conquistado.

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