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RESENHA DO PRIMEIRO CAPÍTULO DO LIVRO MORAL E ÉTICA DIMENSÕES INTELECTUAIS E AFETIVAS

Por:   •  15/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.216 Palavras (9 Páginas)  •  382 Visualizações

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

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APS ÉTICA - RESENHA DO PRIMEIRO CAPÍTULO DO LIVRO MORAL E ÉTICA DIMENSÕES INTELECTUAIS E AFETIVAS

São Paulo – 2020

Resenha do Primeiro Capítulo do Livro Moral e Ética Dimensões Intelectuais e Afetivas, páginas 49-69.

O livro Moral e Ética Dimensões Intelectuais e Afetivas 1 foi escrito por Yves de La Taille, em 2006. No ano da publicação, o referido ator era professor no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), atualmente é professor titular aposentado do mesmo instituto. Yves Joel Jean-Marie Rodolphe de La Taille é especialista em psicologia do desenvolvimento e realiza pesquisas na área de psicologia moral, tendo publicado diversos artigos, capítulos de livros e livros sobre o tema 2. Seu livro aqui abordado recebeu o prêmio Jabuti 3, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, no ano de 2007, na categoria de psicologia e psicanálise 4.

O objetivo do livro é produzir a uma profunda ponderação sobre os mecanismos e processos mentais por meio dos quais o indivíduo cria, aprofunda e consolida seus princípios morais, desta forma, os legitimando. O livro é dividido em três capítulos; capítulo um “Moral e ética”, que propõe uma discussão teórica sobre estes dois elementos; capítulo dois “Saber fazer moral: a dimensão intelectual”, que versa a dimensão intelectual do saber fazer moral; capítulo três “O querer fazer moral: a dimensão afetiva”, que finaliza a obra explanando sobre o vínculo entre moral e ética e, também, concluindo-a a partir da breve rediscussão todos os seus elementos.

Focar-se-á esta resenha em discorrer precisamente sobre os elementos do primeiro capítulo, com ênfase no conteúdo das páginas 49 à 69. O capítulo é introduzido pelo autor com os conceitos necessários para preparar o leitor no empreendimento psicológico de compreensão das ações morais e da relação entre razão e afetividade. O capítulo, após a introdução, é dividido em seis subtítulos e, por fim, as respectivas notas deste. São os subtítulos, “Razão e afetividade”, “Moral e ética”, “O plano ético”, “Relações entre os planos moral e ético”, “Justiça, generosidade e honra”, e “Conclusões”.

De forma genérica, os três primeiros tratam da apresentação de quatro teorias sobre a moralidade, utilizando quatro autores como base, Emile Durkheim, Sigmund Freud, Jean Piaget e Lawrence Kohlberg, referenciados em dois contextos diversos, a ênfase na afetividade ou a ênfase na racionalidade. As teorias de Durkheim e Freud conferem à afetividade o papel de fonte da moralidade, assim, a determinam como relativista e heterônoma, as de Piaget e Kohlberg o papel da razão como fonte da moralidade, mediante a autonomia do indivíduo, pautada nos princípios universais de igualdade reciprocidade e justiça. Na sequência, é realizada a apresentação dos conceitos moral e ética, suas raízes epistemológicas, semelhanças e diferenças, sendo a obrigatoriedade social fundamental para ambos. Segundo a obra, a moral se trata de uma realidade psicológica manifestada pelo dever, regrado por princípios referentes aos ideais de dignidade, justiça e generosidade, já a ética está vinculada aos aspectos existenciais da vida, refere-se à questão de qual vida se deseja viver. Contudo, é imperativo frisar que, conforme aludido pelo autor, para que um plano possa ser considerado como ético, este deve conter os preceitos da dimensão moral.

O quarto subtítulo, “Relações entre os planos morais e éticos” é iniciado recordando o papel da inteligência e da afetividade na moralidade e as definições assumidas para a moral e para a ética, assegurando que estes dois termos não têm o mesmo significado. O autor discorre que a afetividade é a energética das ações morais e a inteligência corresponde às estruturas de pensamento que guiam tais ações. Apesar de todo o embasamento e referencial teórico, o autor descreve e determina que sua tese, alusiva à fonte motivadora da ação moral, é apresentada de maneira diferente das teorias anteriormente discutidas.

Fundamenta sua argumentação em duas premissas, a da moral “como devo agir?” e a da ética “que vida eu quero viver?”, postulando que a moral é um sistema de regras, motivado pela obrigatoriedade, para comportamento em sociedade legitimado pelo indivíduo e que a ética está vinculada à felicidade deste, motivado pela expansão de si próprio.

A articulação desses dois processos psicológicos define a articulação entre os planos moral e ético. Desta forma, é apontado na obra que relações entre “deveres” e “felicidade” geram polêmicas filosoficamente não superadas até́ hoje, pois nem todos os deveres da moral apresentariam essa relação com a felicidade advinda da ética.

Do ponto de vista psicológico, é defendido na obra o argumento que para compreender os comportamentos morais dos indivíduos, é preciso conhecer a perspectiva ética que adotam, considerando o plano ético englobar o da moral, porquanto a obrigatoriedade moral direciona a expansão de si próprio e do próprio valor, pois esta frequentemente implica em abandonar os próprios interesses em função da obrigatoriedade. Para dar sustentação a esta afirmação, são apontados dois sentidos para a palavra interesse, o primeiro associado ao adjetivo interessante, vinculado à expansão de si próprio, ao crescimento pessoal, o segundo ao adjetivo interesseiro, ou seja, egoísta.

Ainda é mencionado sobre a relação moral e ética o termo “amor próprio”, observando que este deve ser trabalhado para que não se torne imoral. Conforme o fundamentado pelo autor, o amor próprio é o princípio criador da vida, portanto é fundamental lhe dar contorno ético. Na mesma linha de pensamento temos a explanação do “amor de si”, o amor pelo qual amamos a humanidade que está em nós, sem o qual não haveria moral possível, nem o desejo de nos aperfeiçoarmos.

Considerando as imprecisões sobre o sentimento de obrigatoriedade, pondera-se se este corresponde a “um querer”, se quem age moralmente o faz por vontade própria e não por “um dever”. Adiante, afirma-se que dever e querer são erroneamente pensados como opostos, pois estes termos indicam na verdade quereres conflitantes. Desta forma, o dever não está vinculado à coação que independe da vontade, logo não configura uma restrição de liberdade, pois somente age moralmente quem se sente intimamente obrigado, somente é moral quem assim o quer de forma deliberadamente livre.

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