RESENHA CAP.5 DO LIVRO “VINTE ANOS DE CRISE 1919-1939” DE CARR, E.H.
Por: nathanpros • 1/10/2016 • Resenha • 1.073 Palavras (5 Páginas) • 3.008 Visualizações
RESENHA CAP.5 DO LIVRO “VINTE ANOS DE CRISE 1919-1939” DE CARR, E.H.
Os fundamentos do realismo
O realismo surge após a utopia, em um período onde a moral se separa do pensamento político, essa desvinculação se deu inicialmente com Maquiavel, o qual se utilizava do princípio filosofal realista de que a história é uma sequência de fatos, e que, portanto, não poderia ser dirigida pela “imaginação” como seguia a lógica dos idealistas, assim como a prática analisada estabelece a criação de uma teoria geral, e não ao contrário como diziam os utópicos. E por fim, o fato de a ética estar em função da política, e não o inverso como teoriza os idealistas anos antes. A divisão apresentada por Maquiavel na prática inspirou diversos autores realistas seguintes, a saber, Bodin, Spinoza e Hobbes os quais desenvolveram a separação teórica da moral em relação à política, a partir disso, o realismo tornou-se mais progressista, em consequência da Revolução Industrial e foi relacionado a diversos outros campos científicos, dentre eles a economia, a perspectiva histórica e a geografia, de forma a revelar uma perspectiva determinista do assunto.
A realidade, para Carr, é tida como a sucessão de fatos históricos cujas leis devem ser investigadas e reveladas por um filósofo, a realidade não pode ser desvinculada do processo histórico.
A relatividade do pensamento
Os realistas criticam o pensamento historicamente condicionado dos idealistas, ou seja, se adequam aos interesses e às circunstâncias, não possuindo princípios absolutos. A crença nessa crítica realista foi reforçada por Karl Marx em suas obras, para ele, todo pensamento é condicionado pelo interesse econômico e pelo status social do pensador. Esse princípio crítico tornou-se extremamente amplo, dizer que as teorias não moldam o curso dos acontecimentos, mas são inventadas para explica-los transformou-se em algo comum. Os acontecimentos passaram a ser argumentos, mesmo que subconscientemente, explicativos dos fatos, determinar um fato como lugar-comum significava transformá-lo em uma verdade independente de análises filosóficas.
O ajustamento do pensamento ao objetivo
O pensamento além de condicionado é também pragmático, ou seja, é direcionado por um objetivo. As teorias de pensamento pragmáticas são aplicadas de diferentes formas, uma delas é convencer o inimigo a desacreditar de si mesmo, diminui-lo perante as ordens naturais de Deus, por exemplo, difundir e acreditar que a dominação de povos de etnia e classe diferentes está relacionada à inferioridade mental e moral que esses dominados naturalmente possuem, em oposição a isso o dominador desfruta de boa reputação moral. O ajustamento do pensamento é embebido de princípios no plano ético, princípios estes que servem como justificativas morais para o exercício das diferentes formas de política, o caso do desarmamento das duas grandes guerras seguiram este princípio, as potências procuravam se armar defensivamente, mesmo em tempos de paz, por acreditarem que sempre correriam riscos de serem atacadas por outras potências também armadas, portanto, claramente tem-se uma política de armamento ancorada em princípio morais.
Interesse Nacional e Bem Universal
O objetivo do realismo é derrubar a tese idealista por inteiro, como forma de justificar o desmoronamento visionário dos utópicos os quais foram insuficientes para impedir as grandes guerras, corroborando assim a tese de que as teorias utópicas não se aplicam na prática. É criticada a doutrina da harmonia de interesses dos idealistas, na qual os interesses individuais tornam-se universais, e isso se torna bem evidente no caso do Império Britânico, onde os utópicos acreditavam que a manutenção da grandeza imperial traria benefícios para a Inglaterra, assim como para os povos conquistados, os quais receberiam em troca a paz e a cristandade. Essa teoria é divergente aos realistas, pois a moral social empregada na política é sempre a moral dos grupos dominantes, em uma amplitude maior, essa característica utópica reflete o processo de nações dominantes e subordinadas no cenário internacional. Como exemplo, o autor mostra que a partir de 1918, os países de língua inglesa formaram o grupo dominante no mundo e, portanto, tornaram-se os formadores das teorias morais internacionais.
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