Razão -Marilena Chaui
Por: Maico01 • 3/8/2017 • Resenha • 1.029 Palavras (5 Páginas) • 1.377 Visualizações
Chauí, Marilena. Convite à filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.
Pensar ordenadamente, lógos, ratio, razão é sobre isso que Marilena Chauí retrata na unidade 2, de sua obra “Convite à filosofia”. Ao decorrer da unidade a autora vem trazendo as ideias e os vários sentidos que temos sobre a palavra razão, nela pode se atribuir diferentes sentidos, como: certeza, lucidez, motivo e causa. A partir da frase “o coração tem razões que a razão desconhece” a autora tenta explicar que a razão é ligada a consciência e não a sentimentos ou paixões. Para muitos filósofos a razão pode conhecer a realidade, pelo fato de que ela seria racional a si mesma. Nasce dai também a razão objetiva, que seria algo mais voltado ao objeto e a razão subjetiva, algo voltado para o sujeito, para a moral dos indivíduos.
Desde os primórdios, quando do nascimento da razão, ela se fez contrária a quatro outras atitudes morais, ao conhecimento ilusório (conhecimento que não alcança uma verdade); às emoções (sentimentos, paixões, ideias que ficam desordenadas); à crença religiosa (por que a verdade nos é dada por meio de uma relação divina, algo metafísico, que não depende de nosso conhecimento e intelecto) e por último o êxtase místico (quando o indivíduo crê ter entrado em relação com o divino, sem participação de seu intelecto). A razão também operaria utilizando princípios, que seriam o da identidade (ele afirma que uma coisa só pode ser pensada e conhecida se for percebida e conservada com sua identidade); ao princípio da não-contradição (afirma que algo só pode ser aquilo que é, e não outra coisa); o princípio do terceiro excluído (quando não se coloca que algo ou é uma coisa ou é outra, não tendo uma terceira opção) e por fim o princípio da razão suficiente (afirma que tudo que existe e que acontece tem uma razão para existir ou para acontecer , e que tal causa pode ser conhecida pela nossa razão).
Quanto as modalidades da razão se tem duas, que são utilizadas pelo sujeito, são ela a intuição e o raciocínio. O raciocínio percorre uma realidade ou um objeto para chegar a conhecê-lo, passar por muitas etapas até conseguir chegar ao mais próximo da definição do objeto. Dentro do raciocínio temos a dedução, que consiste em partir de uma verdade já conhecida e que funciona como um princípio geral ao qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela; se tem também a indução que vai realizar um caminho inverso da dedução, com a indução se parte de casos gerais para se formar uma única regra para poder explicá-los e por temos a abdução, que é uma busca de uma conclusão pela interpretação racional de sinais, de indícios e de signos. A outra modalidade é a intuição, que consiste num único ato do espírito, que, de uma só vez, capta por inteiro e completamente o objeto, a intuição é uma visão direta e imediata do objeto do conhecimento.
Outro fato são as duas ideias divergentes que se formaram, que tentam explicar se a razão é inata ou empírica. O inatismo afirma que ao nascermos em nossa inteligência não só os princípios racionais, mas também algumas ideias verdadeiras, que por isso, são ideias inatas. O empirismo, pelo contrário, afirma que a razão com seis princípios, seus procedimentos e suas ideias, é adquirida por nós por meio da experiência. Marilena Chauí coloca dois filósofos que explicam o inatismo, Platão e Descartes. Platão diz que recordar a verdade que já existe em nós é despertar a razão para que ela se exerça em si mesma. Descartes coloca que nosso espírito possui três tipos de ideias, que são as adventícias (aquelas que vem de fora, que se originam em nossas sensações e percepções); as ideias fictícias (são aquelas que criamos em nossa imaginação) e enfim as ideias inatas (são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial, por que não tivemos experiências sensoriais para tê-las em nossa memória). Os problemas encontrados no inatismo seria que a razão poderia mudar o conteúdo das ideias que foram consideradas verdadeiras e universais e que a própria razão poderia provar que as ideias consideradas racionais podem, na realidade, ser falsas. O problema do empirismo seria a impossibilidade do conhecimento objetivo da realidade.
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