Resenha Mentes Perigosas
Por: Edvaldo Junior • 9/6/2015 • Resenha • 1.569 Palavras (7 Páginas) • 402 Visualizações
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: O psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. 218 p.
EDVALDO ALVES DA SILVA JÚNIOR
Ana Beatriz Barbosa Silva, médica graduada pela UERJ com pós-graduação em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora Honoris Causa pela UniFMU (SP) e Presidente da AEDDA – Associação dos Estudos do Distúrbio do Déficit de Atenção (SP). Escritora, realiza palestras, conferências, consultorias e entrevistas nos diversos meios de comunicação, sobre variados temas do comportamento humano.
O livro Mentes Perigosas - O Psicopata Mora ao Lado trata de forma clara e acessível como os psicopatas estão presentes na sociedade, a forma como eles agem e como podem ser destrutivos na vida das pessoas, bem como possíveis métodos de escapar de seu raio de ação. O tema é bem discorrido, por meio de vários exemplos, em seus 13 capítulos.
Já na introdução a autora deixa claro a premissa da obra, bem apresentada pela fábula do escorpião e do sapo, que é a natureza ruim e imutável do psicopata, que se enquadra bem no comportamento frio do escorpião, racional, porém desprovido de emoções. E é a partir desse entendimento e movida pelas grandes atrocidades cometidas por “pessoas” e com grande repercussão na mídia, que a autora desenvolve sua obra esclarecedora a respeito dos psicopatas.
No capítulo 1, Ana Beatriz explana sobre o tema da consciência, justamente por que é essa a principal diferença entre as pessoas “normais” e os psicopatas. Assim faz-se mister a diferenciação do que é “estar” consciente para o que é “ser” consciente, enquanto o primeiro faz referência ao estado de consciência, que é a capacidade de vermos o que estar a nossa volta e o meio em que vivemos. Já o segundo, de acordo com a autora, é uma espécie de “sexto sentido”, desta forma aponta para a questão do emocional, da sensibilidade, o preocupar-se com o outro, impulso que leva a fazer coisas de forma irracional pelo fato de “sentir”.
No capítulo 2, aqui a autora evidencia a relação do psicopata e a sua falta de consciência, que o faz “frio” e desencadeia suas principais formas de agir, se caracterizando como verdadeiros “predadores”, demonstrandoque o psicopata quer satisfazer as suas necessidades imediatas e não mede esforços para obtê-las. Exemplifica citando vários exemplos, inclusive de repercussão nacional.
No capítulo 3, a Psiquiatra destaca as pessoas de boa índole, principalmente as generosas e emotivas, que são “presas” fáceis às investidas dos psicopatas, se fazendo um terreno fértil de multiplicação deles, pois esses se apropriam dos sentimentos alheios por meio de suas lábias atraentes. Seguindo, dá ênfase a dificuldade de se identificar os psicopatas, pois estes aparentemente “normais”, ainda contam com o “jeitinho brasileiro” de sempre querer se dar bem para camuflar-se no seio social. Ainda aqui a autora dá alguns indícios de se identificar tais indivíduos, como o uso comum de um “jogo de pena” de uso recorrente aliado a uma total ou parcial falta de consciência (emoção).
No capítulo 4, aqui a psiquiatra, dá informações de como identificar um psicopata,dentre elas o fato de serem pessoas eloquentes e assim acabam por lubridiar suas vítimas vestindo-se de pessoas maravilhosas, quase perfeitas, além da relevante forma através de características comuns, oriundas de estudos específicos na área, como: superficialidade, egocentrismo, megalomania, ausência de sentimento de culpa, ausência de empatia, muitas mentiras, trapaças e manipulação, pobreza de emoções.
No capítulo 5, vem a detalhar características referentes ao estilo de vida e comportamento transgressor dos psicopatas. Vislumbra como eles direcionam suas atitudes apenas para satisfação própria, demostrando níveis de autocontrole extremamente reduzidos, oscilando entre ataques de fúria imotivados e demonstrações de arrependimento superficiais. Assim, vão em busca de situações prazerosas e diversões imediatas que envolvem, na maioria dos casos, situações ilegais, promiscuidade sexual e vários atos perigosos e proibidos.Além dessas peculiaridades, a autora discorre sobre outras características que vão compondo a personalidade do psicopata, quais sejam: a impulsividade, a falta de responsabilidade, os problemas comportamentais precoces e o comportamento transgressor no adulto.
No capítulo 6, Ana Beatriz trata dos psicopatas no mundo professional, apontando este como um ambiente bem atraente para atuação psicopática, principalmente os cargos de gerencia e chefia, tendo em vista o grande poder, influência e bons salários. Fala como empresas, públicas e privadas, com bases fracas e deficientes, são o palco ideal para o aparecimento dos chamados psicopatas “de colarinho banco”, além de como eles se utilizam de seus cargos para realizarem prazeres deturpados como a pedofilia.
No capítulo 7, a ilustre autora faz um apanhado de diversos casos que chocaram o público e foram transmitidos pela mídia, em decorrência das atrocidades praticadas, conjuntamente com ausência de remorso por parte dos agentes. Vale ressaltar que a autora não confirma que são casos de psicopatas, mas que eles tem características da ação de tais sujeitos. Um exemplo citado é o caso o assassinato de Daniella Perez.
No capítulo 8, intitulado Psicopatas perigosos demais, a psiquiatra põe em destaque aqueles psicopatas considerados de alto grau, os que se destacam por uma insensibilidade tamanha que suas condutascriminosas podem atingir perversidades inimagináveis. Destaca a grade contribuição dos estudos Robert Hare, além de apontar a psicopatia como um fator preponderante de reincidência em crimes, justamente pela falta de consciência (medo, remorso e compaixão).
No capítulo 9, a autora discorre sobre um tema em alta nas discussões atuais, principalmente no que se refere à redução da maioridade penal, assim neste ponto do livro, deixa clara sua opinião de que há menores perversos por natureza e que se configuram como psicopatas, por conseguinte coloca seu posicionamento da ineficácia da redução da maioridade penal, visto que não se pode dar o mesmo tratamento a um menor “normal”, reeducável, e um menor psicopata, incompatíveis com o convívio social. Essa diferenciação se daria através de avaliação de cada indivíduo, podendo se majorar uma individualização mais adequada da pena.
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