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Resenha de Direito Empresarial

Por:   •  16/8/2017  •  Resenha  •  2.946 Palavras (12 Páginas)  •  677 Visualizações

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Disciplina: Direito Empresarial 

RESENHA CRÍTICA

01. Referências bibliográficas

CORTELLA, Mario Sergio; FILHO, Clóvis de Barros. Ética e vergonha na cara!, Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2014 - (Coleção Papirus Debates).

02.  Dados bibliográficos

A presente obra constitui obra literária produzida pelos brasileiros Mario Sergio Cortella, filósofo, e Clóvis de Barros Filho, professor livre-docente de ética na USP, nesta obra os autores questionam a maneira como as pessoas se comportam no dia a dia e os conflitos éticos que essas atitudes acarretam.

Seu teor é destinado ao público em geral, especialmente porque trata em linguajar simples, na forma de um diálogo abrangente, que a ideia de que a corrupção faz parte do ser humano não é mais partilhada pela nossa sociedade.

Mario e Clóvis trazem para discussão que muitas vezes os meios utilizados para alcançar um objetivo acabam sendo tratados como uma questão menor diante dos resultados obtidos.  Desta forma, os autores lançam uma importante reflexão sobre o modo como orientamos nossas escolhas, mostrando de que forma a vergonha encontra seu lugar na ética, a fim de que possamos pensar e agir para além do comodismo e dos prazeres individuais.

03. Síntese dos principais elementos da obra

Já no início do livro, os autores deixam claro que é impossível, numa conversa que envolve o tema da corrupção, deixar de atrelar a ele a questão da ética da conveniência, ou seja, “se é bom para mim, tudo bem”. Para tal análise, utilizarem se os escritores de um fato que ocorreu em 2012, quando um espanhol em um ato incrível de fair play empurrou um queniano, este que se encontrava devido à sinalização da corrida em que ambos participavam rumo à vitória. E quando questionado o por que o fez, sendo que poderia ter lhe ultrapassado e ganhado a corrida, o mesmo disse que não haveria mérito em sua vitória, se ele deixasse que o queniano perdesse, o que falaria para a sua mãe.

Sabe-se que a mãe é a última pessoa que se quer envergonhar, percebe-se isso inclusive em casos em que as mães são chamadas, pois seus filhos estão cometendo crimes, e para não decepcionar suas mães os mesmos se rendem, e é por isso que Mario Sergio Cortella considera essa matriz do desavergonhar uma coisa extremamente inspiradora para que jamais venhamos a adotar isso a que ele se refere como ética da conveniência.  

Tendo em vista tal ponto Clóvis traz a baila um questionamento muito interessante ao dizer que “a lógica do resultado, da meta e do sucesso acaba se impondo de tal forma que os procedimentos e a maneira de atingir um objetivo acabam sendo sucateados e colocados como uma questão menor”, o que é lógico é que isso não deveria ser utilizado, uma vez que os fins não justificam os meios, ou seja, o seu resultado não irá te salvar se você fez algo errado.

Com base ainda na ética de convivência, Clóvis foi muito feliz com seu ponderamento de página 11, cujo pensamento é o de que “se houvesse mais afetos e mais preocupação, digamos, em não desonrar pessoas que nos querem bem, provavelmente teríamos relações melhores e uma sociedade melhor”.

Clóvis diz ainda que está absolutamente convencido de que a "nossa" essência, seja de fato, uma potência vital, potência essa de agir, a mesma que Espinosa chama de alegria, a passagem para um estado mais potente do próprio ser, está mesma potência de agir, em seu despencar ganha o nome de tristeza. Ainda seguindo os ensinamentos de Espinosa, tem-se a esperança (paixão triste) como um tipo particular de alegria, não sendo uma alegria determinada por aquilo que encontramos no mundo, mas uma alegria determinada pelo que imaginamos dele. Já a flutuação da alma, seria o momento em que o indivíduo não espera o mundo chegar com sua carga de alegria ou de tristeza e acaba, antecipando e vivendo isto.

O livro Ética e vergonha na cara!. ainda fala de algo, que infelizmente é muito comum, do tipo “eu faço algo errado, mas se é bom para mim, tudo bem”, além de pensar apenas em si, gera algo muito mais grave, conhecido como o fazer qualquer coisa para se alcançar o resultado desejado, isto tudo sem levar em conta as coisas erradas que faz, como por exemplo, o colar na prova, devido a insegurança, ou para não precisar estudar, porque é mais fácil, isso tudo para tirar uma boa nota, sem pensar que está se enganando, se iludindo, que não está aprendendo, aliás nem ao menos tentando aprender. Pois a cola, para os autores, está ligada ao campo do foco no resultado, pois se foca em uma coisa, automaticamente se desfoca de outra, em palavras filosóficas, quando se foca no resultado, muitas vezes não se tem uma ilusão de ótica, mas sim de ética.

No foco no resultado, o valor moral da conduta está atrelado ao que ela acarretar no mundo, se produzir bons efeitos será boa, se produzir maus, será ruim.  Fazer o que for preciso para obter um determinado resultado, mesmo que implique ferir valores e assim por diante, é um dos entendimentos que podem se basear na expressão foco no resultado muitas vezes utilizados por empresas,  empresas estas que adotaram um lema que inclusive se impregnou no conjunto social, o famoso "fazemos qualquer negócio", ou seja qualquer negócio é válido, mesmo que errado ele seja.

Kant sugere algo muito especial, ao dizer que tudo o que não se puder contar a origem de seus feitos, é por que não se devia ter feito, pois se há razões para não se contar, também existem razões para que não se fizesse. E isto não se trata de sigilo, por pertencer a privacidade de alguém, mas sim de vergonha, pois tais atos diminuem aqueles que os praticou.

E é em meio ao foco no resultado que surge a recomendação primordial dos profissionais de Recursos Humanos das organizações, o "sair da zona de conforto", aquilo que envolve indivíduos desconfortáveis, desejantes e que buscam o que ainda não existe.

Uma coisa deve ser clara para que a leitura de fato tenha valido à pena, a ética não é abstrata, não é prática, pois prática é a moral, a ética tem de ser e é concreta. A ideia de ética como instrução, é de natureza exemplar, mesmo sendo um aspecto que famílias, empresas e parte da mídia esquecem, ou seja, como a nossa formação, dentro de uma sociedade e cultura se dá a partir daquilo que temos como espelho de conduta, as pessoas iram formar-se a partir daquilo que observam como conduta dos que lhe antecederam. E maioria das vezes é no meio da família, estas que entendem que a criança deve ser uma parte da engrenagem, e que deve se adaptar ao mundo como ele é, é onde o cinismo tem o seu lugar.

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