Resenha do Artigo: Corrupção e participação política no Brasil de Robert Bonifácio e Ednaldo Ribeiro.
Por: anniemikhaelly • 14/6/2019 • Resenha • 1.087 Palavras (5 Páginas) • 201 Visualizações
Resenha do Artigo: Corrupção e participação política no Brasil de Robert Bonifácio e Ednaldo Ribeiro.
O presente artigo busca demonstrar e/ou estabelecer uma correlação entre a corrupção, notadamente com atos de corrupção (exemplo: pedido de propina de agentes públicos) com o nível de participação na política.
De início, o artigo revela que a literatura, salvo poucas exceções, coloca que esta relação entre corrupção e participação política é negativa. Há uma busca de estabelecer parâmetros objetivos, no caso, os dados colhidos através da pesquisa do barômetro das américas comparando com parâmetros estabelecidos pelo o autor. A definição básica de Bonifácio e Ribeiro é a seguinte “atividades exercidas pelos cidadãos, em diversas arenas, que objetivam influenciar as dinâmicas de poder”.
Após o estabelecimento de alguns parâmetros e a verificação de sua correlação com a base de dados do barômetro das américas, verificou-se 11 correlações, das quais, segundo o autor, após tratamento empírico, foram agrupados em quatro grupos, a saber: contato com atores políticos e governamentais; Ativismo comunitário; Ativismo partidário e eleitoral e o ativismo de protesto.
Após uma breve apresentação da ocorrência desses parâmetros nos dados de pesquisa do barômetro das américas, os autores estabelecem a linha de corte e premissa de sua análise, como já colocado aqui antes, o contato do cidadão com o pedido de propina, justificada a escolha por ser um critério objetivo e a possibilidade de ocorrências com o cidadão comum ser maior.
Considerando este ponto de partida, a literatura pesquisada no artigo versa que, no contato com esses atos de corrupção, sobremaneira, enseja uma diminuição na participação, com efeito nocivo para a cultura cívica, conforme colocado no texto. Notadamente na literatura, é analisado no momento do voto dos eleitores, onde se encontra grupos de indivíduos que utilizam de estratégias punitivas na hora de dar seu voto á medida que o político é ligado com casos de corrupção nas eleições majoritárias. Vale lembrar que, nas eleições proporcionais, existe esse tipo de estratégia punitiva, mas políticos ligados a grandes casos de corrupção, na hora de sua possível reeleição, tem outros fatores bem importantes, como o componente financeiro das campanhas.
Levando em conta este efeito negativo nessa percepção de corrupção e participação política, os autores citam dois trabalhos que tem conclusões que vão de encontro com as até então aqui apresentadas. No trabalho de Bohn, verifica-se que esta relação entre a percepção de corrupção com efeito nocivo e diminuição de participação política apenas se verifica quando analisada como variável isolada, quando se inclui outras variáveis não eleitorais de participação política o efeito é marginal, inócuo do ponto de vista estatístico, apenas verificando efeito relevante entre percepção de corrupção e participação no momento eleitoral (que notadamente diminui neste caso). Já no trabalho de Bonifácio e Paulino, esses efeitos entre americanos e caribenhos denotam um aumento de participação política considerando os dados do barômetro das américas de 2008, 2010 e 2012.
Posto isso, os autores formulam duas hipóteses, a saber, a experiência de contato com corrupção enseja maior engajamento de participação política (resumidamente) e, por segundo, se esse indivíduo seria necessariamente mais permissível, tolerante, com atos de corrupção.
Após uma primeira análise dos dados, os autores conseguem verificar a ocorrência da primeira hipótese, uma vez que, na série temporal dos dados, a significância fica na casa dos 50%, com o destaque para os parâmetros agrupados dentro do ativismo de protesto. Passando a etapa seguinte, para a verificação da permissividade e/ou tolerância aos atos de corrupção, não consegue se verificar padrões na série de dados que corroborem uma relação de permissividade com a corrupção, no entanto o padrão encontrado que, independente da participação ( que era a formulação da primeira hipótese) aumenta as ocorrências de tolerância, o que, neste caso, segundo os autores, pode ser visto como efeito nocivo para a cultura cívica.
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