Resenha do Filme Terra Vermelha
Por: Maria Fernanda CBB • 23/8/2016 • Resenha • 2.190 Palavras (9 Páginas) • 5.063 Visualizações
O filme relata o conflito gerado pela disputa de terras entre os grandes fazendeiros e de uma comunidade indígena, mais precisamente uma tribo, que vive em uma pequena reserva cedida pelo Governo Federal. Permaneciam ali, mas os recursos que ali restavam eram precários. Já não havia mais animais para caça e para pesca, ou seja, eles estavam se sentindo encurralados naquele lugar.
O suicídio de duas pequenas índias despertou neles a vontade de reconquistar as terras que foram de seus ancestrais. Para eles, o suicídio destas duas índias, é um aviso dos maus espíritos para eles desocuparem a reserva e partam em busca das terras de seus antepassados, resgatando a sua origem, que foi perdida ao longo dos anos por interferência do homem branco.
Sendo assim, eles incendiaram todas as ocas (barracos onde viviam) e partiram em busca dessas terras, onde foram parar na propriedade de um fazendeiro, cujo nome era Moreira. Ali, à beira da rodovia, se instalaram e levantaram acampamento provisório, pois o seu verdadeiro intuito era de retomar a terra que um dia foi de seus antepassados.
Nesta tribo, havia também um líder denominado cacique, de nome Nádio. Ele era o responsável pela segurança da tribo, bem como liderava o grupo e tomava a frente de todas as decisões.
O dono da fazenda, tomando conhecimento da situação, cedeu a um de seus capangas um trailer, para permanecer ali e ficar de olho nos índios, impedindo que eles adentrassem na fazenda para caçar, buscar água, etc.
Também dentre os índios, havia um jovem chamado Osvaldo, cujo tinha o dom de sonhar com o futuro e de sentir os espíritos da floresta. O pajé de nome Xamã, ensinou Osvaldo a rezar e tocar maracá, que em suas tradições espantaria os maus espíritos que o cercavam. E assim ele fez. Toda vez que sentia a presença dos maus espíritos, ou que se sentisse em perigo, ele tocava a maracá e rezava, conforme o pajé Xamã o orientou.
Um dia desses, ele estava à beira do rio fazendo suas rezas, e para a sua surpresa chegou montada em uma motocicleta a filha do Fazendeiro, que se chamava Maria. Ela pediu para que ele continuasse a rezar, pois achava bonito o que ele estava fazendo, porem Osvaldo se sentiu envergonhado e parou de rezar. Curioso, ele perguntou a Maria se era difícil andar com a motocicleta, e Maria num gesto amigo ensinou a ele como se pilotava uma moto. Osvaldo se deixou seduzir por Maria, e acaba se entregando a ela. Porem, esse romance não tem futuro, e ele imagina isso mesmo.
No filme havia também uma estrangeira, que pesquisava a vida dos índios, os animais e outras coisas nativas, ou seja, ela utilizava da cultura indígena para sustentar o turismo. De certa forma, era uma espécie de exploração cultural. Ela tentou subornar os índios, mandando uma de suas empregadas (que também era uma índia) levar dinheiro para o cacique da tribo, a fim de que eles voltem para a reserva, pois assim ela estaria garantindo o futuro de suas “explorações”, sem os índio na reserva, para ela nada adiantaria. Uma índia da tribo, aceita o dinheiro, mas permanecem ali, sem retornar para a reserva.
Os índios que ali estavam, eram obrigados a caçar, para poder se alimentarem. Um dia, eles conseguiram caçar uma vaca do fazendeiro, que estava desgarrada do rebanho. O fazendeiro viu um dos índios com um pedaço da carne da vaca, e foi tirar satisfações com ele. Assustado, o índio disse que aquela carne era um pagamento por um serviço que ele fez. O fazendeiro desconfiado, não acreditou na história.
Os índios não trabalhavam, não recebiam dinheiro e como conseqüência, não conseguiam comprar nada para comer. Sendo assim, havia um homem dono de uma venda, onde todos da região compravam. Ele muito esperto, sabendo das condições que os índios se encontravam, foi até lá e instigou eles a trabalharem, oferecendo serviços e até mesmo transporte gratuito para eles trabalharem nas fazendas da região, pois se os índios trabalhassem, eles ganhariam dinheiro, e ganhando dinheiro consequentemente poderiam gastar na venda dele.
Um dia, o dono da venda foi até o local onde os índios estavam acampados e ofereceu serviço em uma fazenda próxima dali. Alguns índios aceitaram, dentre eles o filho de Nádio, o líder. Nádio ficou bravo e repreendeu o filho, dizendo a ele que estava se vendendo para o fazendeiro, a partir do momento que ele prestava serviço para o dono da fazenda, ele não o queria mais entre os da tribo.
Muito magoado, o filho de Nádio comete o suicídio, enforcando-se em uma árvore. Uma curiosidade muito interessante entre os costumes indígenas, é que eles sepultam o corpo da pessoa no mesmo local onde foi encontrada morta, e no sepultamento eles conversam, falam com o morto como se estivesse vivo. Dão broncas, chamam a atenção e depositam com eles seus pertences pessoais.
Em uma situação bem pensada, Lia, uma índia muito esperta, foi até o trailer onde ficava o capanga do fazendeiro e o seduziu, com o intuito de pegar sua arma. Agora desarmado, o capanga era um alvo fácil para os índios. No dia seguinte, logo de manhã ao nascer o dia, os índios armados com arcos e flechas cercam o trailer e renderam o capanga, exigindo que ele saísse daquele lugar. O capanga amedrontado saiu correndo e deixou o trailer.
A par da situação, o fazendeiro Moreira chama as autoridades (Policia Federal), alertando e exigindo que os índios deixem o local. Mas esta tentativa foi em vão, pois eles não querem desocupar as terras.
Em um debate entre autoridades, índios e o fazendeiro, este ultimo pega um punhado de terra na mão, e diz que as terras pertencem a sua família a mais de seis décadas, e ele utiliza essas terras para plantar coisas que os próprios homens comem. Nádio, o líder do grupo, em um gesto muito astuto, também pega um punhado de terra na mão, põe na boca e engole. O fazendeiro surpreso e sem palavras com a atitude de Nádio, vai embora calado.
Em conversa com seu advogado, Moreira pede a ele uma maneira legal para retirar os índios de sua fazenda. Seu advogado diz que isso pode demorar algum tempo, e inconformado com a situação, Moreira tenta buscar outros meios.
Chegam à conclusão que a única maneira imediata de acabar com tudo isso é matando o líder dos índios, no caso o índio Nádio. Porem o fazendeiro diz que eles precisam ser cautelosos, pois se algo de ruim acontecer a algum índio, a suspeita cairá sobre ele.
Em uma estratégia planejada, na calada da noite, os capangas armados invadem o acampamento dos índios, procurando loucamente por Nádio, o líder. Eles o encontram e o assassinam friamente com um tiro a queima roupa. Covardemente os capangas abandonam o acampamento indígena, sem deixar rastros. Osvaldo vê tudo e fica inconformado com a situação.
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