Resenha do Livro “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro
Por: Alfrednt • 13/10/2015 • Resenha • 2.791 Palavras (12 Páginas) • 1.142 Visualizações
Resenha do Livro “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro
Campinas
2015
O primeiro capítulo, de título O Novo Mundo, é iniciado pelo autor que detalha sobre a Ilha Brasil, a qual cá viviam povos tribais, e que tornou-se o Brasil atual devido a intervenção de povos europeus.
O português começa a sua busca por novas terras. Acreditavam os índios, que os povos recém-chegados era um povo bom. Todavia, os invasores destruíram as bases da vida social indígena, negaram os seus valores e os colocaram em cativeiro. Os invasores viam nesse território, apenas uma forma de obter riquezas e glórias.
Darcy Ribeiro coloca que os índios defenderam até o limite o seu modo de ser e de viver.
Porém, houve um entrechoque entre os colonos e os religiosos. O primeiro queria enriquecer, utilizando o índio como mão de obra. O segundo, tinha como tarefa recriar aqui o humano com potencialidades desenvolvidas.
Finalmente, Darcy Ribeiro disserta sobre a atualização histórica, que seria a perda da autonomia étnica dos núcleos engajados, constituindo assim, a sociedade brasileira.
O segundo capítulo inicia-se com o assunto do cunhadismo, que diz respeito à formação do povo brasileiro que vem de uma prática conhecida entre os indígenas. Simultaneamente com outros acontecimentos, surgiu no Nordeste açucareiro uma nova formação de brasileiros, composto originalmente dos mamelucos ou brasilíndios. É observável que o negro teve uma importância crucial, tanto como a massa trabalhadora que se produziu quase tudo que aqui se fez, como sua introdução sorrateira, porém se viram incorporados a comunidades atípicas e iam sendo radicalmente desaculturados de sua cultura africana, pelos modos brasileiros.
O processo de formação dos povos americanos ,os povos transplantados, cuja identidade étnica já veio perfeitamente definida da Europa trouxeram heranças tecnológicas europeias que modernizaram a sociedade brasileira nascente. E aos negros e criolos, era desafiado a sair da ninguendade, construindo sua identidade: um protobrasileiro por carência.
A produção açucareira liderava as exportações, mas a economia também dependia da criação de gado(exportação de couros), das lavouras de tabaco, importação de escravos americanos e depois a produção de ouro, destinada a constituir-se no setor mais dinâmico da economia e sua região foi posteriormente objeto de disputas e guerra.
A economia exportadora atravessou um período de declínio em 1800, passando a produção açucareira a contribuir com metade do valor de exportação. O resultado fundamental dos três séculos de colonização foi a constituição da população, com a simultânea desaculturação e transfiguração étnica das diversas matrizes constitutivas.
Em relação às raças, o branco colonizador e seus descendentes aumentavam século após século, pela multiplicação de mestiços e mulatos e os negros cresceram passo a passo com os brancos, pela introdução anual maciça de enormes contingentes de escravos.
O terceiro capítulo começa com o assunto das Guerras do Brasil, que se fez pelo entrechoque de seus contingentes índios, negros e brancos, foi por conseguinte, altamente conflitivo e que conflitos interétnicos existiram desde sempre mas que contribuíram para processo de formação do povo brasileiro .
Em seguida, o autor discorre sobre urbanização, onde a crise de desemprego que ocorre na Europa na passagem do século nos manda sete milhões de europeus. Duplica-se assim o contingente urbanizado.
A industrialização oferecendo empregos urbanos à população rural entra em êxodo na busca de oportunidades de vida. Chegamos, assim, à loucura de ter algumas das maiores cidades do mundo, tais como São Paulo e Rio de Janeiro, com dez vezes menos dotadas de serviços urbanos e oportunidades de trabalho.
A população urbana encontra soluções para maiores problemas que reflete a crise da sociedade norte-americana que com milhões de drogados produz bilhões de dólares de drogas, cujo excesso alastra aqui. Nessa base se estrutura o crime organizado, prostrando multidões no desanimo e no alcoolismo.
Nas ultimas décadas surgiu o estamento gerencial das empresas estrangeiras, abaixo ficam as classes intermediárias, e depois seguem as classes subalternas. Abaixo fica a grande massa das classes oprimidas, dos chamados marginais.
Com efeito, no Brasil, as classes ricas e as pobres se separam umas das outras por distancias sociais e culturais. A estratificação social gerada historicamente tem também como característica a racionalidade resultante de sua montagem como negócio que a uns privilegia e enobrece, os fazendo donos da vida, e aos demais subjulga e degrada, como objeto de enriquecimento alheio.
Quando se trata do Brasil, essas diferenças de classe econômica ficam evidenciadas também quando refere-se às diferentes regiões geográficas, já que em determinadas áreas tem-se um alto grau de recursos e bens acumulados e em outras localidades os mesmos pontos seriam escassos. A essa desigualdade social entre ricos e pobres retratada no Brasil, soma-se também, a discriminação que pesa sobre negros, mulatos e índios, mesmo com tantas dificuldades, ainda acrescentou sua cultura para o Brasil. racismo brasileiro incide sobre a cor de sua pele, porém, o enorme contingente negro e mulato é, talvez, o mais brasileiro dos componentes de nosso povo
O quarto capítulo refere-se às características culturais do povo brasileiro, nomeando cada uma como um Brasil, que nomeia de crioulo, caboclo, sertanejo e caipira, os quais se desenvolveram desde o século XVI com traços singulares socioculturais miscigenando-se em um sincretismo analisado por diversos pontos de vista, como cultura e economia próprias, porém ligados entre si à raiz brasileira.
A sociedade brasileira, em sua feição cultural crioula, nasce em torno do complexo formado pela economia do açúcar e se estrutura em uma formação econômico-social atípica com respeito às americanas e às européias de então.
Darcy Ribeiro, sobre esse Brasil-Crioulo, conta ainda, hábitos, costumes e disposição de atividades, tanto cotidianas como hierárquicas no engenho e as características dessa região brasileira, mostra que a produção açucareira caracteriza-se, essencialmente, pela grande extensão das áreas de cultivo de cana e pela complexidade do processamento químico-industrial de produção de açúcar.
Outro ponto importante destacado pelo autor é a oposição que esse sistema sofria pelo negro escravo que lutou por sua liberdade, uma luta longa e terrível que se exprimiu de mil modos. Diariamente, pela resistência dentro do engenho, cujo funcionamento exigiu o pulso e o açoite do feitor para impor e manter o ritmo de trabalho.
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